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80% das ligações para Samu não são pedidos de socorro na Grande Vitória.

Conteúdo das ligações é trote ou pedido de informação.

Em 23/06/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Quase 80% das ligações para o Serviço de Atendimento de Móvel de Urgência (Samu) na Grande Vitória não são pedidos de socorro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa). O conteúdo das chamadas é trote ou pedido de informação. Os prejuízos são muitos e trazem gastos também aos cofres públicos.

Por dia, são quase 2,6 mil telefonemas. Uma funcionária explica que além dos trotes, as pessoas também ligam para pedirem informações, e também fazerem xingamentos e cantadas.

“Crianças no horário de escola, é gente ligando de orelhão falando que aconteceu acidente, é cantada e xingamentos”, conta a atendente Kamila Porto.

Todas as ligações do Samu são gravadas. Em uma delas um homem pergunta, por exemplo, se atendente gostaria de sair com ele a noite.

Toda vez que uma ambulância sai para atender um chamado, são gastos R$525. De acordo com a  coordenadora do Samu, Lilian Nascimento, além desse prejuízo quando não há necessidade do deslocamento da unidade, quem realmente precisa muitas vezes não é atendido ou tem que esperar.

“Tem um prejuízo que a gente não pode quantificar, que é o prejuízo de demora no atendimento de uma ligação. A pessoa realmente que necessita do atendimento do Samu, demora a ser atendida”, fala Lilian.

Trotes
Ao receber uma ligação, as atendentes do Samu fazem uma triagem para tentar identificar os trotes. Apenas os casos mais graves são direcionados aos médicos e, mesmo assim, há trotes que chegam até eles.

Em um desses casos, uma mulher simulou que um bebê havia se engasgado com leite materno, e disse que a criança estava ficando roxa. O médico, Naason Ribeiro, que atendeu a mulher chegou a enviar uma ambulância para prestar socorro.

“A gente ficou muito preocupado, mandamos logo a UTI atrás, e nós estávamos tentando o contato com a pessoa, porque o endereço dela estava incompleto e a gente não conseguia. Quando nós conseguimos falar, ela desligou o telefone. E depois de um tempo, eles ligaram retornando para a gente tirando sarro da cara do Samu”, contou o médico.

Ao retornar a ligação, a mãe do bebê, que supostamente estava engasgado, revelou que tudo não passava de um trote, e afirmou que os funcionários teriam caído direitinho como “otários”.

Para o médico, um tempo precioso para alguns que é desperdiçado pela irresponsabilidade dos outros.

“Dá um nó no coração porque a gente fica preocupado. Poderíamos estar falando com uma pessoa que realmente estava precisando naquele momento e a ambulância está sendo empenhada, para uma situação irreal”, falou Ribeiro.

Atendimentos
Em alguns casos, os atendentes do Samu só descobrem que realmente os chamados são trotes quando chegam no local. O socorrista Marcelo Otoni, já passou por uma situação assim.

“Eu já recebi chamados para um atendimento em Jardim da Penha, de um acidente, uma colisão de um carro com duas vítimas, sendo que uma delas estaria grávida de oito meses. Assim que chegamos no local, a nossa equipe mais a polícia militar constatamos que não havia acontecido nada, era apenas um trote”, contou Otoni.

Crime
O trote é considerado crime, e quem o comete pode ficar até seis meses preso ou pagar multa. A Polícia Militar tem acompanhado essas ligações e pretende punir os envolvidos.

Fonte: G1