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Acolhimento humanitário é o principal motivo das autorizações para migrantes.

Nos últimos cinco anos, O CNIg concedeu 58,13 mil autorizações de permanência no país.

Em 17/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os haitianos são os imigrantes que receberam o maior número de autorizações de permanência no Brasil nos últimos cinco anos. Das 58.132 autorizações concedidas pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg) – órgão do Ministério do Trabalho, junto com o Ministério da Justiça - , 51.124 foram para a população do Haiti, 88% do total. O segundo país em quantidade de concessões foi Bangladesh, com 1.941 vistos, seguido do Senegal, que teve 754 pedidos atendidos. O principal motivo desse número é o acolhimento humanitário adotado pelo Brasil.
 
De acordo com o presidente do CNIg, Paulo Sérgio de Almeida, essa é uma das razões pelas quais o Brasil pode comemorar o Dia Internacional do Migrante, celebrado em 18 de dezembro. “O Brasil criou um mecanismo de acolhimento e inserção desses imigrantes no mercado de trabalho que faz com que o país tenha um papel importante no contexto global dos acolhimentos humanitários e sirva de modelo para os demais países. O governo concede o visto e encaminha a documentação desses imigrantes, que permite a eles trabalhar e se inserir na sociedade brasileira”, explica.
 
O acolhimento humanitário ocorre em situações especiais. São casos em que o país de origem do imigrante passa por grave ou iminente crise de instabilidade institucional; violação de direitos humanos; ou calamidade de grandes proporções; entre outros motivos. Por isso, o Brasil acabou se tornando um país muito procurado por haitianos, e foi o destino escolhido por Eddy Pierre Myrthil, 31 anos.
 
Pierre cursava Engenharia Civil e trabalhava como professor de inglês na capital do Haiti, Porto Príncipe. Incentivado pelo irmão, que já vivia no Brasil há sete anos, decidiu se unir a ele, em abril de 2014, por causa da recepção brasileira aos haitianos. “Meu objetivo era sair do Haiti. Escolhi vir pra cá, porque consegui o visto e consegui trabalhar”, conta Pierre, que hoje é secretário de uma senadora.
 
A função atual do haitiano não tem qualquer relação com o que fazia antes. Mesmo assim, ele garante que é melhor viver aqui. “Depois que eu vim, vieram mais quatro primos meus, que eram estudantes no Haiti. Dois deles já conseguiram emprego. A vida é mais fácil no Brasil”, relata.
 
Mercado de trabalho 
Os haitianos são maioria entre os imigrantes também no mercado de trabalho brasileiro. Em 2015, havia 125.535 imigrantes atuando formalmente no Brasil (0,5% do total de trabalhadores), segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Desse total, 33.154 eram do Haiti. As demais nacionalidades com representatividade eram portuguesa, paraguaia e argentina.
As regiões que registraram maior número de imigrantes no mercado formal foram Sudeste e Sul. São Paulo foi o principal estado, com 35,8% da força de trabalho imigrante. Em seguida vieram Paraná (12,9%), Santa Catarina (12,8%), Rio Grande do Sul (10,0%) e Rio de Janeiro (9,8%). A maior parte é homem. Eles são 92.144, ou seja, 73,4% do total.  As mulheres somam apenas 33.391, 26,6%.  Um terço desses trabalhadores tem ensino superior completo ou mais, e um terço concluiu o ensino médio.  Uma minoria – pouco mais de 1% - é analfabeta.
 
O presidente do CNIg, Paulo Sergio de Almeida, lembra, que a crise econômica que atinge o Brasil afetou os imigrantes principalmente a partir da segunda metade do ano passado, quando eles começaram a perder os empregos. Este ano vai fechar com mais desemprego ainda, o que deve afetar diretamente a vinda de imigrantes para Brasil. “Os fluxos migratórios são afetados pela situação do emprego. Os imigrantes vão para países onde há mais oportunidades de trabalho. Como estamos enfrentando essa crise, o número de pessoas que migram para cá consequentemente também deve cair”, avalia.
 
Fonte: Ministério do Trabalho