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Acredito que foi racismo, diz mãe de jovem que ficou cego após discussão.

Discussão aconteceu na tarde de sábado (13), em Cariacica.

Em 15/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

“Pela forma que ele foi agressivo com os meninos, eu acredito que foi racismo da parte dele", disse a mãe dos jovens feridos em uma discussão no trânsito, na tarde de sábado (13), em Cariacica, Grande Vitória. Um dos irmãos ficou cego de um olho e o outro ficou ferido na barriga.

Procurada pelo G1, a Polícia Civil informou que o caso está sob investigação. Em nota, disse que a ocorrência foi atendida, primeiramente, pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e encaminhada à Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vila Velha. A PC também falou que, por enquanto, detalhes não serão divulgados, pois podem atrapalhar o trabalho da polícia.

Edson José Domingos Neto , de 22 anos, e Derik Castro Domingos, 21, seguiam de moto a caminho da universidade onde estudam, em Vila Velha. Ao pararem no sinal, um motorista começou a buzinar e, como os jovens não saíram do caminho, o condutor saiu do carro com uma arma nas mãos e começou a fazer ameaças.

Em seguida, o homem voltou para o carro e, através da janela, atirou contra o chão na direção onde os jovens estavam. Parte dos estilhaços perfuraram a barriga de Derik e outra parte atingiram o olho de Edson, que ficou cego de uma vista, mas ainda não sabe.

“O Derik está bem, só machucou a barriga, mas está em estado de choque e chorando muito de ter visto o irmão daquele jeito. O Edson está em estado estável, lúcido e orientado, já passou por uma cirurgia, e não tem previsão de alta. Não sei como ele vai reagir, pois ele ainda não sabe que perdeu a visão, não tive coragem de contar”, falou a mãe, a técnica de enfermagem Sônia Castro ao jornal A Gazeta.

Ela disse que poderia ter havido uma conversa do motorista com os jovens. “Pela forma que ele foi agressivo com os meninos, eu acredito que foi racismo da parte dele. Poderia ter conversado civilizadamente com os meninos, porque eles estavam com material de escola, dava para ver que eles estavam fazendo um trabalho”, falou à reportagem da TV Gazeta.

Para ela, foi triste, mas, ao mesmo tempo, reconfortante, passar o Dia das Mães nessa situação. “Estou muito triste e decepcionada, mas, por outro lado, agradeço a Deus por meu filho estar vivo, ele perdeu a visão mas está vivo, Deus me deu uma segunda chance para aproveitar mais o tempo com meu filho”, disse ao jornal.

Sônia afirmou que faltam paciência e conscientização às pessoas nas relações diárias. “Da mesma forma que atingiu meus filhos, poderia ter atingido o filho de qualquer um. Estou aqui chorando não só pelos meus filhos. As autoridades não fazem nada, a gente paga impostos, mas não temos proteção nenhuma, nossa segurança é só Deus”, declarou.

Por ainda acreditar na justiça, Sônia disse que vai até o final para descobrir quem atirou nos filhos dela. “Eu ainda acredito na justiça, porque quando eles querem, eles fazem. E eu vou até as últimas consequências para descobrir quem atirou nos meus filhos. O fato de a pessoa estar com pressa não dá a ela o direito de sair atirando em todo mundo”, falou.

Ao Gazeta Online, a mãe disse que o estudante ainda não sabe que perdeu a visão de um olho. Na manhã desta segunda-feira (15), Sônia Castro afirmou que, para contar a notícia ao filho, o médico pediu que uma psicóloga acompanhasse a conversa. "Ele ainda não tem noção do que aconteceu". Como Edson está internado, ele não teve acesso às notícias publicadas sobre o caso.