ECONOMIA NACIONAL

Ações da Embraer caem mais de 15% após anúncio

Bovespa abriu o pregão em alta, mas às 12h30 o índice caía mais de 1%.

Em 05/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Após abrir em alta, o principal índice de ações da bolsa de valores, a B3, opera em baixa nesta quinta-feira (5), com destaque para a queda das ações da Embraer, após anúncio de acordo com a Boeing, que prevê criação de uma nova empresa avaliada em US$ 4,75 bilhões. Ajuda no recuo do Ibovespa a queda dos papéis da Petrobras, Itaú Unibanco e Bradesco, que têm grande peso no índice.

Às 13h, o Ibovespa caía 0,49%, a 74.378 pontos. Veja mais cotações.

Embraer

Por volta do mesmo horário, as ações da Embraer caíam 15,03%, negociadas a R$ 22,90. Na véspera, os papéis da empresa haviam subido 3,73% no Ibovespa, negociados a R$ 26,95.

No acordo de intenções para formar uma joint venture (nova empresa) na área de aviação comercial da companhia brasileira, a fabricante norte-americana de aeronaves deterá 80% do novo negócio e a brasileira, os 20% restantes.

Analistas do BTG Pactual dizem que a avaliação do valor da Embraer ficou abaixo do esperado para a divisão, mas que ainda veem espaço de alta para os papéis dos preços atuais.

Até a véspera, as ações da Embraer acumulavam alta ao redor de 35% em 2018, segundo a Reuters.

Desde que foi anunciado que Boeing e Embraer estavam em negociações, em 21 de dezembro do ano passado, até esta quarta-feira, 4 de julho, as ações da Embraer tiveram alta de 63%, segundo a AFP.

De acordo com Jason Vieira, da consultoria Infinity Assets, o recuo das ações da Embraer neste pregão pode ser motivado por uma realização de lucros, depois das fortes altas provocadas pela perspectiva do acordo.

Mas, de acordo Vieira, o mercado também pode estar manifestando certa surpresa pela avaliação um pouco pior que o esperado da nova aliança.

Segundo a jornalista Juliana Rosa, da GloboNews, é uma notícia positiva o fato de uma empresa receber investimentos em um momento de incertezas que o país vive. “Como subiu muito [as ações da empresa], o pessoal dá um passo pra trás para saber como vai ser o ganho a partir de agora. Há dúvidas sobre acordo, o que gera essa incerteza e o pessoal para pra ver o quanto a Embraer pode ter de valorização com essa sinergia, qual vai ser o ganho da Embraer”, analisa. A distribuição de dividendos entre os acionistas é outra dúvida que fica com o acordo, segundo ela.

Para o mercado, segundo a comentarista da GloboNews, em um momento de grande incerteza interna e de mudança do cenário internacional, com aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e a saída de investidores dos países emergentes para os EUA, o fato de o Brasil receber investimento estrangeiro neste momento é uma notícia positiva e pesa mais do que as negativas.

Na bolsa de valores de Nova York, as ações da Embraer caíam 10,87%, a US$ 23,36. Na véspera, fecharam em alta de 4,92%, a US$ 26,21.

Já as ações da Boeing subiam 0,38%, a US$ 334,21. Na véspera, fecharam em queda de 0,94%, a US$ 332,93. Já as da Airbus subiam 0,37%, a US$ 46,71. Na véspera, fecharam a US$ 46,43.

Outros destaques

Petrobras PN e Petrobras ON recuavam 1,57 e 2,32%, respectivamente, após fecharam com altas ao redor de 5% na véspera reagindo à decisão do Tribunal de Contas da União que abre espaço para a realização do leilão do excedente da cessão onerosa até o fim do ano. A Câmara dos Deputados também concluiu na quarta-feira a aprovação de um projeto de lei que promete abrir caminho para a realização do megaleilão de áreas para a produção de petróleo do pré-sal, ainda neste ano, além de viabilizar um acordo entre Petrobras e União necessário para o certame.

Itaú Unibanco e Bradesco PN caíam 1,76 e 1,81%, também pesando no Ibovespa em razão do peso significativo que ambos têm na carteira. Operadores citaram entre possíveis pressões negativas no setor a demora da votação do cadastro positivo e risco de maior inadimplência com economia crescendo mais lentamente do que o esperado.

Eletrobras ON caía 4,24% e Eletrobras PNB cedia 2,35%, revertendo os ganhos da abertura, quando foram ainda ajudados pela aprovação na Câmara dos Deputados do texto-base do projeto de lei que viabiliza a privatização de seis distribuidoras de energia da companhia. Em outra frente, o relator do projeto de lei que autoriza a privatização da Eletrobras disse que a proposta será analisado depois das eleições de outubro. Na véspera, os papéis fecharam com ganhos de 17,99 e 16,61%, respectivamente.

Vale subia 2,48%, contrabalançando a pressão negativa no Ibovespa em razão da relevante participação que tem na composição do índice.

Cenário local e externo

"A bolsa vem de cinco pregões em alta, sem muitas novidades no cenário, assim, há espaço para alguma realização de lucros", disse à Reuters o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Corretora. Nos cinco pregões anteriores, o Ibovespa acumulou elevação de 5,85%.

No exterior, Wall Street retornava do feriado com os principais índices acionários em alta, em meio a sinais de que Washington pode alterar os planos de tarifas sobre carros europeus, compensando novos sinais de tensão com a China. O S&P 500 subia 0,33%.

Da cena doméstica, profissionais da área de renda variável citaram poucas novidades, com o noticiário político ainda muito confuso.

Último pregão

O Ibovespa fechou em alta na véspera em sessão marcada pela baixa liquidez por causa do feriado nos Estados Unidos. As ações da Petrobras e da Eletrobras ajudaram a manter o índice no azul. O principal índice de ações da B3 subiu 1,46%, a 74.743 pontos.

(Foto: Roslan Rahman / AFP)