NEGÓCIOS

Agricultores familiares apostam na web para vender produção

Trabalhadores contam que trocaram feiras por aplicativo de conversas.

Em 12/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Agricultores familiares do Paraná têm deixado de lado feiras e mercados e apostado, cada vez mais, nas redes sociais para escoar a produção.

A agricultora Bárbara Mahnic, de Engenheiro Beltrão, no norte do estado, afirma que quase 100% das vendas de hortifrútis ocorrem pelo Whatsapp e pelo Facebook.

"A rede social foi o começo de tudo. Meus pais tinham uma horta para consumo próprio e, um dia, como eu estava desempregada, minha mãe sugeriu que eu vendesse o que tinha ali. Postei uma foto no Facebook e a repercussão foi enorme", lembra.

Foi, então, que a paranaense passou a enxergar as redes sociais como ferramentas de trabalho. Em pouco tempo, o número de clientes de Bárbara cresceu, assim como a quantidade de hortas e a diversidade na produção.

"Com o dinheiro das vendas, investi em uma cozinha industrial, onde produzo pão e bolacha para escolas. Também vendo bandejas com verduras processadas", explica a agricultora, que tem a ajuda da família toda no negócio.

Bárbara diz, ainda, que expõe os produtos apenas uma vez por semana na feira da cidade.

"A nossa feira tem outras barracas que oferecem os mesmos produtos e não é tão movimentada porque moramos em uma cidade pequena. Por isso, a nossa maior forma de distribuição é por Whatsapp mesmo", relata.

 Bárbara tem grupo no Whatsapp onde recebe encomendas dos seus clientes (Foto: Reprodução/Whatsapp)

A produtora de ovos Eliete Nespolo, de 50 anos, de Iporã, no noroeste do estado, lembra que ela e o marido não sabiam direito o que esperar quando começaram o negócio.

"No primeiro dia, saímos oferecendo ovos de porta em porta pela cidade. Para quem comprava, entregávamos um cartão com o número do nosso celular. Dois dias depois, choviam pedidos. Meu marido achou que não ia ter ovo para tanta gente", lembra.

Hoje, ela conta que quando o Whatsapp fica fora do ar é prejuízo na certa.

"Os clientes fazem as encomendas apenas pelo Whats. Não participamos de feiras e nem saímos vendendo os ovos pela cidade", explica.

Um ano depois de começar a produzir e a vender ovos, o casal comemora os bons resultados. "Começamos com 200 galinhas e, hoje, temos 460. Já estamos construindo o nosso segundo barracão e temos cerca de 20 clientes fixos", revela.

Sem intermediários

Uma pesquisa feita pela Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetatep) mostra que 66% dos 60 sindicatos filiados pesquisados têm agricultores familiares e assalariados rurais que usam o WhatsApp e/ou o Facebook para vender.

Para o presidente da Fetatep, Ademir Mueller, o emprego da tecnologia tem desestimulado o êxodo rural e favorecido a economia.

"Com a venda direta na rede social, os agricultores familiares eliminam os 'atravessadores', que revendem os produtos deles pelo dobro do preço comprado. Com isso, acabam tendo um ganho bom e não precisam mais voltar para a cidade, que também está cheia de problemas", explica.

O último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população rural do Paraná chega a 1 milhão de pessoas - 720 mil delas são agricultores familiares e 280 mil, assalariados rurais.

Aos 30 anos, Bárbara, que abandonou a biomedicina para ser agricultora, diz que pretende deixar a cidade para viver mais perto das suas hortas.

"Tenho orgulho de contar a nossa história. Nunca imaginei tirar nosso sustento totalmente do campo, da nossa produção. E tudo começou com a foto de uma horta!”, revela.

Ainda de acordo com o presidente da Fetatep, essa mudança no comportamento da população rural também beneficia os clientes. "Eles recebem, em casa mesmo, produtos que têm pouco ou quase nada de agrotóxicos e que são produzidos com muito carinho", garante.

Veja dicas de como melhorar as vendas nas redes sociais

Hoje, o WhatsApp tem 120 milhões de usuários no Brasil. Os brasileiros, assim como os indianos, estão entre os que mais usam o aplicativo de conversas no mundo. Já no Facebook, são 118 milhões de usuários brasileiros - de 6 a 7 milhões deles estão no Paraná.

A convite do G1, a consultora digital Fernanda Musardo separou seis dicas para os agricultores que querem incrementar as vendas pelas redes sociais. Veja abaixo:

1 - Divulge o produto com fotos e vídeos

Prepare-se para divulgar o produto. Isso quer dizer fazer fotos e vídeos fotos da plantação, da colheita e também do produto final de diferentes formas. Caso o agricultor tenha embalagem, também pode usá-la. Sempre mostre a qualidade do produto e o quão fresco ele está.

2 - Crie uma página no Facebook para o seu negócio

Crie uma página no Facebook para divulgar o material produzido. Ela deve ter informações básicas e completas sobre como o cliente pode pedir ou comprar o produto.

3 - Participe de grupos no Facebook com o seu perfil pessoal

Participe dos grupos no Facebook usando o perfil pessoal mesmo. Grupos no Facebook ajudam a espalhar as informações na página já criada. É natural também que alguns clientes visitem a página no Facebook para conhecer mais produtos e o agricultor.

4 - Tenha um número de WhatsApp para conversar com os clientes

Tenha um WhatsApp para que o cliente possa pedir mais fotos e fazer o pedido. É importante que o agricultor crie um esquema padrão de informações necessárias para não se perder, como nome do cliente, produto escolhido, local de entrega, quantidade, data de entrega etc.

5 - Use o status do WhatsApp a seu favor

Use o status do WhatsApp para informar sobre promoções, sobre a rotina de produção, sobre a separação do produto e outras curiosidades sobre a lavoura.

6 - Crie uma lista de transmissão no WhatsApp

Pode ser interessante também criar uma lista de transmissão para clientes como maneira de fidelização. É importante sempre dar a ele a opção de sair desta lista.

(Foto: Bárbara Mahnic/Arquivo pessoal)