CIDADE

Aos 42 anos, Aeroporto de Vitória passou 28% desse tempo em obras.

Obras começaram em 2005 e a fase atual teve início em julho de 2016.

Em 04/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, completa 42 anos nesta sexta-feira (3). Mas, durante mais de um quarto de seu tempo, o aeroporto esteve em obras que, depois de vários adiamentos, têm previsão para acabar no segundo semestre deste ano. 

As obras iniciadas em julho de 2016 para a construção de um novo terminal de passageiros e nova pista estão 55% prontas, segundo a Infraero. Para a execução do serviço, há 800 trabalhadores atuando na área.

Até o momento, foram investidos R$ 255,1 milhões no empreendimento, que tem orçamento de R$ 523,5 milhões. Em 2003, o projeto da Infraero foi avaliado em R$ 260 milhões.

O presidente do Conselho Regional de Economia do estado (Corecon-ES), Vitor Toscano, fala que as obras podem proporcionar melhoria na capacidade de receber pessoas, gerando um fluxo para áreas como turismo e negócios.

O aumento da infraestrutura também vai impactar no transporte de cargas por vias aéreas, como diminuição do trajeto e barateamento do frete.

"Estamos falando de oportunidades que perdemos ao longo do tempo. Qualquer obra de infraestrutura aumenta a capacidade do estado de fornecer serviços de qualidade. É um canal que se abre".

O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo, fala que não há como recuperar o prazo, mas que os indicadores apontam para a conclusão do aeroporto no tempo previsto.

“Evidente que todos nós gostaríamos que essa obra já estivesse pronta. O atraso impactou a vida do nosso estado na questão do conforto dos passageiros, na perspectiva do terminal de cargas. Estamos otimistas para que, no próximo ano, nós tenhamos um aeroporto muito melhor”.

O secretário fala que, além dos benefícios econômicos da nova estrutura, o novo aeroporto vai fazer com que o Espírito Santo tenha uma imagem mais favorecida.

Usuários
Quem frequenta o aeroporto diz que a estrutura deixa a desejar em vários aspectos, mas os usuários estão otimistas com o prazo atual.

"As salas de embarque são pequenas, o ar condicionado muitas vezes não dá conta, fica muito quente. A cidade merece um aeroporto muito melhor pelo fluxo de serviços, empresas e coisas que há na região", opinou o empresário Osmar Boing, que mora em São Paulo e presta serviços em Aracruz.

O empresário do ramo alimentício José Carlos Puziol está otimista e acredita que o aeroporto será entregue no tempo estimado.

"Nós, que conhecemos outros aeroportos, vemos que o aeroporto de Vitória é muito pequeno. É pouco espaço, até quando você vai embarcar. Quando chove, alaga aqui na frente. Enfim, tem que melhorar muito e já estamos vendo que está sendo feito. Acredito que no segundo semestre, com certeza, vai sair. Estamos torcendo para que isso aconteça o quanto antes", disse.

"Evidentemente, como capixaba, acho que merecemos um aeroporto melhor do que esse. Sala de embarque, esteiras, lanchonetes, serviços. Eu acredito e muito que vai ficar pronto. Acho que merecemos um bom aeroporto, ainda não temos", falou o empresário do ramo de beleza Wildson Pina.

Histórico de obras
São 13 anos de espera e promessas para a reforma do aeroporto. O projeto apresentado pela Infraero em 2003 foi avaliado em R$ 260 milhões.

O primeiro anúncio foi feito em 2004, quando o ex-presidente Lula veio ao estado, e a obra começou no ano seguinte. Após denúncias de superfaturamento, em 2008, ela foi paralisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Em 2013, o ministro da aviação na época, Moreira Franco, veio ao estado anunciar o início das obras, mas o impasse no TCU continuou. Em 2014, a presidente Dilma esteve no estado para anunciar uma nova licitação.

O ministro da aviação civil, Elizeu Padilha, assinou a ordem de serviço, em junho de 2015, e as obras começaram em julho de 2016.

Novo terminal
O superintendente da Infraero no Aeroporto de Vitória, João Marcos Coelho Soares, destacou que a nova sala de embarque terá espaço útil maior do que o de todo o terminal atual.

O novo terminal vai ter:

- capacidade para receber 8,4 milhões de passageiros por ano
dois pavimentos
- 31 balcões de check-in
- seis pontes de embarque e desembarque (fingers)
- pátio para trânsito e estacionamento de aeronaves com nove posições
- nova pista de pousos e decolagens com 2.058 metros de comprimento e 45 metros de largura

Terminal atual
O aeroporto liga a capital capixaba a sete destinos nacionais: Campinas, Congonhas e Guarulhos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Salvador (BA).

O terminal atual tem:

- capacidade para receber 3,3 milhões de passageiros por ano
- dois pavimentos
- pista utilizada de pousos e decolagens com 1.750 metros de comprimento por 45 metros de largura, com uma média de movimentação diária de 128 voos e 8.458 passageiros
- 40 estabelecimentos comerciais

Logística de cargas
O Eurico Salles também conta com um terminal de logística de cargas internacional, construído em 1976, que opera atividades de importação e exportação.

O terminal recebe voos internacionais semanalmente, com uma companhia aérea operando o trecho Miami/Vitória.

Em 2016, o complexo logístico capixaba movimentou 2.580 toneladas de carga. Os principais produtos são eletrônicos, equipamentos de telecomunicação, vestuário, cosméticos, medicamentos e insumos industriais.

História e inauguração
No local onde o aeroporto está instalado atualmente, na década de 1930 funcionava o Aeroclube da capital, com uma pista de terra batida.

No fim de 1943, o local ganhou uma pista de cimento e um terminal de passageiros, que serviu de base para operações no período da Segunda Guerra Mundial, por meio de acordo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos.

Em fevereiro de 1975, o Aeroporto de Vitória passou a ser administrado pela Infraero. A denominação oficial, de Aeroporto de Vitória para Eurico de Aguiar Salles, veio em 2006, pela lei nº 11.296.

O nome é uma homenagem ao advogado e político capixaba, que foi secretário de Educação e Cultura do Espírito Santo e ministro da Justiça e Negócios Interiores do governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

g1/Espirito Santo