CULTURA

Artista capixaba participará do festival de arte Naïf na Polônia.

Ângela Gomes apresentará seis obras, no evento que acontecerá de 10 a 19 de junho.

Em 08/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A pintora capixaba Ângela Gomes, maior referência da arte Naïf no Espírito Santo, é uma das artistas convidadas a expor seu trabalho no “IX Festival de Arte Naïf no Mundo”, que vai acontecer entre os dias 10 de junho e 19 de agosto, na Szyb Wilson Gallery, em Katowice, Polônia.

A artista vai apresentar seis trabalhos, sendo que cinco deles destacam as belezas do Espírito Santo e um em homenagem à Espanha – “Dança Espanhola” - país convidado e que será condecorado no evento. Já receberam homenagens a França, África, Cuba, Argentina, entre outros. “Ser convidada para expor meu trabalho neste festival de tamanha relevância é uma honra. Este é um evento único, que recebe milhares de visitantes interessados na arte Naïf”, declara a capixaba Ângela Gomes.

A primeira edição do IX Festival de Arte Naïf no Mundo aconteceu em 2008. Nesta edição, o evento deve reunir, em média, 1500 obras de artistas de 30 países. O destaque são as pinturas, mas esculturas e cerâmicas também ganham espaço. Paralelo ao festival, vão acontecer diversas ações, como oficinas, exibição de filmes e palestras, além de exposições menores em museus locais.

Sobre a artista

Natural de Cachoeiro de Itapemirim, Ângela Gomes ainda era pequena foi brincar no quintal da casa, após uma longa noite de tempestade. O vento espalhara a areia e foi sobre ela, usando um palito de picolé, que começou a dar os seus primeiros traços artísticos: desenhou um carro (Fusca) que estava estacionado em frente à sua casa. A riqueza dos detalhes a impressionou e aumentava o seu fascínio pelas cores. A arte já fazia parte dela e desde cedo sua visão pelo mundo se ampliava de forma festiva, sonhadora e feliz. Já encantava os vizinhos e colegas de escola com suas habilidades artísticas, vivia sempre com lápis de cor, desenhando para a turma da classe estudantil; adorava fazer montagens e colagens com recortes de revistas, estampava tecidos, tudo de forma natural e intuitiva.

Sua primeira pintura a óleo sobre tela foi por encomenda de sua tia Sônia Rosalém, aos nove anos de idade. Despontava para o Naïf, quando entrou num curso para aprender a técnica de pintar e o conhecimento do material a ser usado. Produziu várias telas e as guardou junto com o sonho e o desejo artístico.

Autodidata, em 1981 Ângela Gomes realizou a sua primeira exposição individual. Nenhum convidado compareceu, apenas ela e o fotógrafo contratado. Mas o que era para ser motivo de desistência transformou-se em incentivo para continuar, lutar e vencer. A falta do apoio familiar, o preconceito social e o descrédito profissional continuaram até se definir por volta de 1987, pela pintura Naïf, após rápida convivência com Raquel Galena, pintora do gênero, no Embu das Artes, em São Paulo.

Hoje, a artista é referência na arte Naïf.  Suas telas são de uma limpeza e clareza que chegam a sugerir ao observador que foram lavadas após o término. Sua fascinação pelas paisagens regionais e pelas cenas que expressam a arte e a tradição popular – o povo, seus usos e costumes.  Ela busca, junto às comunidades, elementos para abastecer seu universo iconográfico, através de suas pesquisas.

Já expôs sua arte em lugares como o Museu de Arte Contemporânea de Campinas e o Museu Internacional de Arte Naïf, no Rio de Janeiro. No ano passado esteve presente em exposições coletivas na cidade de Porto, em Portugal, na mostra “Pontes Luso Galaicas IV”, e em Mônaco, na França, na “Arte Naïf em Mônaco 2015”.

Por Márcia Almeida