CULTURA

Artista mineira conduz oficina e performance em Vitória-ES.

As atividades serão conduzias pela artista mineira Priscila Rezende.

Em 22/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Na manhã do dia 25 de novembro, o Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas de Arte (Mucane)recebe a oficina ‘Identidade e Afrontamento’. Como desdobramento dessa ação, das 13 às 14h, no entorno do Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) acontece a performance Bombril. As duas atividades serão conduzias pela artista mineira Priscila Rezende e integram a proposta de arteeducação da “Adaptação | Margem de Ti”, instalação de Charlene Bicalho que faz parte da exposição coletiva “Tentativas de Esgotar um Lugar”, em cartaz no MAES.
 
Na performance, criada por Priscila Rezende em 2010 quando cursava a graduação de ArtesPlásticas, ela usa seus próprios cabelos para esfregar objetos metálicos para questionar ainferiorização que o negro é submetido devido a sua estética. Nesse trabalho, o corpo da artista seapropria da posição pejorativa a ele atribuída, transformando-se em uma imagem de confronto.Nesse contexto, o espectador se defronta com sua própria fala discriminatória e é obrigado a encará-la, sem que haja opções para evasivas, subterfúgios ou digressões. A imagem presenciada durante aação “Bombril” é propositadamente desconfortável, e não existe comodismo em sua visão.
 
Ainda no dia dia 25, Priscila Rezende participa do lançamento do segundo vídeo da série ‘Mulheresde Raiz Forte’, do site Raiz Forte (www.projetoraizforte.com.br) e que tem a artista comopersonagem. A exibição será no auditório do Maes.
 
Adaptação | Margem de Ti
 
Em “Adaptação | Margem de Ti”, Charlene Bicalho investiga o processo de invisibilização da mulhernegra no Brasil a partir de própria história da artista. Por mechas de cabelo que recolhe das pessoas,espelhos e fotografias de sua infância, e articulando vestígios identitários e elementos de matrizcultural africana, Charlene reflete sobre uma narrativa que se desenrola tanto em sua própria pelequanto também integra uma longa história de exploração de um segmento étnico e social no país,desde sua invenção.
 
Sobre Priscila Rezende
 
Mineira de Belo Horizonte, a artista e recreadora Priscila Rezende desenvolve um trabalho comoperformer onde seu corpo é colocado em situações que questionam o espaço social destinado àmulher negra. Ela parte de experiências pessoais e, de forma direta e honesta, propõe uma poética carregada de forte teor sociopolítico, abordando questões étnicas e de gênero na sociedade brasileira.
 
Em 2014, Priscila Rezende realizou a performance “Barganha” na Central de Abastecimento de Belo Horizonte (MG). Nesse trabalho, a artista é levada por outra mulher que lhe estabelece preços de venda muito baixos. A escolha do local não foi aleatória, pois a Ceasa-MG é um espaço de venda e onde a maioria dos trabalhadores são homens, diante disso a performance “Barganha” buscou evidenciar a maneira como o corpo da mulher negra é objetificado sexualmente.
 
Diante da tentativa de silenciar o debate a respeito do racismo, as performances de Priscila contribuíram para que outras mulheres negras se sentissem representadas e passassem a  questionar a objetificação de seus corpos. “As pessoas se incomodam que a gente fale sobre isso. Romper o silêncio já é muito importante, sinto que há uma força a partir dessas experiências compartilhadas, pois muitas mulheres negras estão se assumindo”.
 
Projeto Raiz Forte
 
Priscila Rezende é a segunda personagem da seção Mulher de Raiz Forte do site Raiz Forte, espaço virtual lançado no último mês de outubro que veicula conteúdos multimídia sobre as adaptações que as mulheres negras sofrem, ainda nos dias de hoje, para “adequarem” seus cabelos a padrões estéticos eurocêntricos. Em Mulheres de Raiz Forte são apresentados os perfis de mulheres de diferentes estados brasileiros que explicitam o modo singular como cada uma delas assume sua negritude nos dias atuais. A proposta é que tais personagens, ao contarem suas trajetórias de vida, se tornem referência para outras mulheres negras.
 
Quem inaugurou a seção Mulheres Raiz Forte do site foi a musicista e educadora Xis Makeda. Com 38 anos, nascida no Rio de Janeiro e atualmente residindo na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, ela é mãe de três filhos e vivenciou no próprio corpo o conflito e a opressão racial que, de maneira intensa, busca apagar a identidade negra por meio da negação estética. Para os próximos meses também estão previstos os seguintes perfis: Rejane Bicalho dos Santos, secretária, casada, brasileira, residente em Portugal e mãe de duas filhas; Uana Mahin, cantora e moradora de Recife (PE) e Mãe Beth de Oxum - Yalorixá, percussionista e produtora cultural do Ponto de Cultura Coco de Umbigada em Olinda, Pernambuco.
 
Serviço
 
Oficina Identidade e Afrontamento com Priscila Rezende (MG)
Dia: 25/11
Horário: das 9 às 13 horas
Local: Museu Capixaba do Negro
Público alvo: mulheres negras com cabelo crespo e que tenham, preferencialmente, algum conhecimento ou experiência prévia em artes visuais, artes cênicas, performance, dança e áreas afins.
 
Inscrições gratuitas pelo formulário http://goo.gl/forms/sTBlYqjj99 até o dia 22/11
Vagas limitadas
 
Performance Bombril, com Priscila Rezende e Projeto Raiz Forte
Dia: 25/11
Horário: das 13 às 15 horas
Local: entorno do Museu de Arte do Espírito Santo (MAES)
Aberto ao público
 
Lançamento do segundo vídeo "Mulheres de Raiz Forte", com Priscila Rezende
Dia: 25/11
Horário: 19 horas
Local: Auditório do MAES
Aberto ao público
 
Fonte: SECOM-ES