CULTURA

Artistas e coletivos culturais organizam mostra teatral na capital paulista.

O prédio, construído em 1924, foi reinaugurado como equipamento cultural em junho.

Em 20/11/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Após conquistarem a instalação da Casa de Cultura na Vila Guilherme, artistas e coletivos culturais fazem até o próximo dia 26 uma mostra teatral no espaço, na zona norte paulistana. “Em 2014, os movimentos culturais, os artistas ocuparam o casarão que estava lá abandonado, largado. A gente fez uma pressão para transformar em um equipamento cultural”, conta a atriz e diretora Yara Toscano sobre o processo que levou o local a ser reformado pela prefeitura.

O prédio, construído em 1924, foi reinaugurado como equipamento cultural em junho deste ano. O imóvel, tombado como patrimônio histórico, funcionou como escola estadual até 1970. Depois funcionou como administração regional, mas acabou fechado em 2004, sendo reaberto agora, abrigando oficinas, apresentações, debates, saraus e exibições de filmes.

“É um espaço que está começando a ter várias atividades culturais”, enfatiza Yara. Nesse sentido, a mostra de teatro também é uma forma de convidar a população local para aproveitar o espaço. “O casarão vai começando a ser um espaço de pertencimento de todo mundo da região. É um espaço para todo mundo fazer cultura”, acrescenta a atriz.

O festival conta com a participação de grupos da região da Vila Guilherme ou de outros pontos da cidade, mas que utilizam o casarão para ensaios. Por isso, os espetáculos têm um perfil heterogêneo. “Cada grupo de teatro faz um tipo de pesquisa teatral. Tem várias peças para públicos diferentes”, destaca Yara.

Temática jovem

Como diretora, ela participa da peça A Ponte, baseada no texto da dramaturga brasileira Lucienne Guedes. Uma peça que, segundo Yara, trata de reflexões sobre a vida dos jovens, mas que passou por uma releitura feita pelos participantes da montagem, na maioria adolescentes. “O grupo fez uma leitura muito própria de questões de gênero”, explica a diretora.

“A personagem, a Iris, o grupo resolveu colocá-la na posição de discutir a violência contra a mulher. Toda amarração da peça vai tratando sobre como essas meninas se sentem sendo controladas e vigiadas e violentadas pelos meninos”, detalha Yara sobre a construção do enredo.

Em outro espetáculo, Enquadro, Yara compõe o elenco. A história foi desenvolvida a partir de uma pesquisa a respeito do caso de Douglas Rodrigues, que morreu após ser baleado por um policial militar em 2013, no Jardim Brasil, também na zona norte. Na ocasião, o agente disse que o tiro foi acidental. “Partiu da história dele e de outros jovens que sofrem violência na periferia. A gente está tratando essa questão da violência de Estado do ponto de vista do jovem. Ele que constrói a peça”, explica a atriz.

Bodas de Sangue será encenada pelo coletivo artístico Lado B, trazendo o renomado escritor espanhol Frederico Garcia Lorca para a mostra. Uma tragédia que se desenrola a partir do momento em que uma noiva foge às vésperas do casamento com um antigo namorado, passada na região de Andaluzia, na Espanha, em 1933.

A programação completa está na página http://www.spcultura.prefeitura.sp.gov.br/projeto/2232/#tab=agenda

Agencia Brasil