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Atoleiros na BR-163 mantêm restrito transporte de soja na região amazônica.

Informaram nesta quarta-feira a Polícia Rodoviária Federal e representantes da indústria de soja.

Em 01/03/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Obras e serviços realizados nos últimos dias nos atoleiros da BR-163, no interior do Pará, não foram ainda suficientes para liberar o fluxo de milhares de caminhões carregados com soja e de outros veículos, informaram nesta quarta-feira a Polícia Rodoviária Federal e representantes da indústria de soja.

Chuvas fortes e atoleiros no trecho não asfaltado da BR-163 estão impedindo que a soja chegue aos portos do Norte do país, o que resulta em prejuízos de 400 mil dólares ao dia, com a impossibilidade de embarcar o produto, informou na sexta-feira a associação que representa as indústrias da oleaginosa no Brasil (Abiove).

Embora alguns veículos tenham sido liberados, por meio do uso de máquinas, ainda são cerca de 3 mil carretas impedidas de seguir viagem, informou a Polícia Rodoviária Federal de Santarém (PA).

"A situação ainda está crítica... Deu amenizada porque o pessoal está trabalhando. Só que a chuva realmente complica", disse à Reuters o policial rodoviário Bruno Bittencourt.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou na terça-feira que homens do Exército e da Polícia Rodoviária Federal chegaram no fim de semana aos pontos de retenção verificados na BR-163 e na BR-230 no Pará para a execução dos serviços de manutenção.

Os poucos caminhões que são liberados rumo aos terminais não são suficientes para garantir o fluxo de grãos esperado pelas empresas exportadoras, disse nesta quarta-feira o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.

"Os terminais estão recebendo muito pouca soja. O estoque é baixo", disse ele, acrescentando que novos fretes não estão sendo contratados para esta rota.

"As empresas não estão mais colocando mais caminhões nessas condições. Nessas condições não faz sentido, até que haja perspectiva de cadência no tráfego. E por enquanto não há essa perspectiva", disse Amaral.

O Dnit disse que "desde a madrugada desta terça-feira, parte do tráfego foi liberada na BR-163 sentido Sul (para Mato Grosso). Caso as condições meteorológicas sejam favoráveis, a expectativa é de liberação total do tráfego até esta sexta-feira (3 de março), com a recuperação de pontos isolados em um segmento de aproximadamente 37 quilômetros."

Dados do serviço Agriculture Weather Dashboard, da Thomson Reuters, apontam, no entanto, que as chuvas devem continuar intensas nos próximos 15 dias, sem nenhuma trégua.

Os acumulados até 16 de março na região do sudoeste do Pará, onde estão concentrados os problemas, devem atingir 161 milímetros.

O Dnit disse que suas equipes estão trabalhando em duas frentes simultaneamente, nas proximidades da Comunidade Jamanxim e próximo à Vila Santa Luzia, ao longo da BR-163.

Dos 1.006 quilômetros da BR-163 no Pará, faltam 100 quilômetros para serem asfaltados, destacou o departamento.

"O trecho da BR-163 onde se verificaram os pontos críticos devido às chuvas será pavimentado este ano. A meta do Dnit é asfaltar 60 quilômetros da rodovia em 2017", afirmou o órgão.

A previsão de conclusão do asfaltamento de toda a BR-163 no Pará é 2018.

A rodovia é um importante canal de escoamento da safra brasileira de grãos, ao fazer a ligação das regiões produtoras de Mato Grosso com terminais fluviais localizados às margens do rio Tapajós, no município de Itaituba (distrito de Miritituba).

Importantes empresas do agronegócio, como Bunge, Hidrovias do Brasil e Cargill, operam terminais na região Norte, servindo-se do carregamento de barcaças na bacia amazônica e da exportação por meio de terminais localizados principalmente na região Barcarena, perto de Belém (PA).

Segundo o Dnit, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, vai se reunir na quinta-feira com representantes de empresas exportadoras para definir uma estratégia logística que "garanta a manutenção da trafegabilidade ao longo da rodovia durante o chamado inverno amazônico e o consequente escoamento da produção agrícola".

Procuradas, Cargill, Bunge e Hidrovias do Brasil não comentaram imediatamente o assunto.