TEMAS GERAIS

Baleias-jubarte vindas da Antártica chegam à costa brasileira

Projeto Baleia Jubarte orienta em caso de encalhe de baleias.

Em 15/07/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Divulgação

Todos os anos, no período que vai de julho até novembro, baleias-jubarte vindas da Antártica chegam até a costa brasileira. É nas águas quentes do nosso litoral que essas gigantes, com cerca de 16 metros de comprimento e 40 toneladas, se encontram para acasalar e se reproduzirem. Contudo, esse também é o momento em que ocorre com mais frequência, segundo pesquisadores, os encalhes de alguns desses animais. Só em 2019, foi registrado pelo Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras, o encalhe de sessenta baleias na costa brasileira.

O veterinário e pesquisador do Projeto Baleia Jubarte, Hernani Gomes da Cunha Ramos,afirma que existem dois tipos de encalhes: o de animais com vida e o encalhe de carcaças.

“O encalhe de animais com vida representa cerca de 10% dos encalhes totais. Na estação reprodutiva, a maioria dos encalhes (46%) são de filhotes, (25%) juvenis e (29%) de adultos. Normalmente, quando uma baleia encalha é porque está com problemas, como algum processo infeccioso ou desorientação. Elas se aproximam da costa gradativamente trazidas pelas forças ambientais, principalmente as correntes oceânicas, e por estarem fracas acabam encalhando nas praias. As carcaças possuem uma trajetória 100% passiva e são arrastadas exclusivamente pelas forças ambientais, ventos e correntes oceânicas”, explica Hernani.

Os encalhes

Sempre um evento triste aos olhos do público, os encalhes, porém, são vistos por outro prisma pelas instituições que trabalham diretamente na pesquisa e conservação das baleias. Quando elas encalham ainda vivas, as equipes de resgate buscam avaliar as condições do animal e, quando possível, a sua devolução ao mar.

Por outro lado, o encalhe também pode acontecer por causas humanas, como atropelamento por embarcações ou emalhe em redes de pesca. Nesses casos é possível detectar ameaças à sua conservação e buscar formas de minimizar os impactos sobre as jubartes e outras espécies que compõem a biodiversidade marinha.

O que fazer ao encontrar uma baleia-jubarte encalhada na praia 

Ao encontrar uma baleia-jubarte encalhada na praia, algumas medidas devem ser tomadas, como comunicar ao Projeto Baleia Jubarte ou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Uma equipe coordenada por um médico veterinário e auxiliares é deslocada até o local para realização de um exame necroscópico que tem como objetivo o diagnóstico da causa do encalhe e/ou óbito. De acordo com Hernani, o ideal é evitar aglomeração em torno do animal, pois ele pode ter doenças que são facilmente transmissíveis aos seres humanos.

“Também é aconselhável contatar a polícia militar, pois normalmente se faz necessário o isolamento do animal. O risco para a saúde pública é alto, tanto em casos de encalhe de animais vivos como mortos. É preciso seguir as instruções passadas pelas autoridades”, orienta. 

Determinar as causas dos encalhes, colher informação científica e orientar as autoridades locais a dispor de forma adequada das carcaças que encalham em áreas de grande circulação de pessoas exige conhecimento técnico adquirido ao longo de muitos anos de experiência. 

O Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é uma das instituições preparadas para atender a esses eventos no Brasil. O Projeto mantém um Programa de Resgate de Mamíferos Marinhos, que atende aos encalhes na maior parte do litoral da Bahia, norte do Espírito Santo e em outras partes da costa brasileira, quando acionado por órgãos ambientais ou instituições parceiras. Além das jubartes, a equipe atende encalhes de outras espécies de cetáceos (baleias e golfinhos) e ajuda a direcionar o atendimento de outros animais marinhos para centros especializados.

Estudos 

O Pesquisador do Projeto Baleia Jubarte, Hernani Ramos, está em fase de confecção de um estudo dos encalhes para determinar e entender a distribuição espacial dos óbitos e a dinâmica da chegada das carcaças à costa.

“Este é um projeto de Doutorado com prazo para ser concluído em 2023 que é quando poderemos, enfim, entender os indicadores populacionais dos encalhes para cada ano analisado. Para esclarecer um pouco mais isso, dou um exemplo, um determinado ano com poucos encalhes, não significa necessariamente que morreram menos animais, se as carcaças não forem direcionadas para as praias, ainda que muitos animais venham a óbito, pelo monitoramento em praias, isso não seria detectável. É preciso, portanto, compreender melhor os fenômenos relacionados com a dinâmica das carcaças”, conta o pesquisador. 

Sobre o Projeto Baleia Jubarte 

Atuando há mais de 30 anos na pesquisa e conservação das baleias-jubarte e do ambiente marinho no Brasil, o Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, integra a Rede BIOMAR juntamente com outros projetos patrocinados pela empresa (Projeto Albatroz, Coral Vivo, Golfinho Rotador, Meros do Brasil e TAMAR), que atuam de forma integrada na conservação da biodiversidade marinha do Brasil. O Projeto Baleia Jubarte é realizado pelo Instituto Baleia Jubarte a partir de suas sedes na Praia do Forte e em Caravelas, Bahia, e em Vitória, no Espírito Santo. Por meio deste projeto são realizadas ações de pesquisa científica, turismo responsável, ações de educação ambiental, bem como atividades de conservação que tem contribuído para o sucesso da recuperação da população de jubartes do atlântico sul ocidental. Mais informações sobre as atividades podem ser obtidas em www.facebook.com/projetobaleiajubarte, www.instagram.com/projetobaleiajubarte e em www.baleiajubarte.org.br. (Por Bruna Pereira)