ECONOMIA NACIONAL

Banco antecipa saque de FGTS inativo.

Instituições financeiras como o Santander lançaram antecipação do valor para os correntistas.

Em 16/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) inativas ainda não foram liberados pelo governo, e o calendário só deve ser divulgado no início do mês que vem, mas instituições financeiras lançam ou avaliam disponibilizar serviços que antecipam o valor para os correntistas, com cobrança de juros.

O Santander anunciou nesta segunda-feira (16) que a liberação do dinheiro já está disponível para os clientes. O valor correspondente ao saldo do FGTS será liberado em até 24 horas na conta corrente, e o pagamento será realizado em uma única parcela, na data em que o valor for liberado pelo governo. Há também a possibilidade de liquidação antecipada do empréstimo, com abatimento de juros. A taxa do financiamento varia de 2,59% a 4,59% ao mês.

A linha estará disponível para os correntistas com saldo a resgatar e que disponham de limites pré-aprovados pelo banco. Não será obrigatório apresentar garantias ou comprovações.

O Banco do Brasil informou que o tema está sob avaliação e, caso haja definição em liberar a linha de crédito com tal finalidade, haverá ampla comunicação aos clientes e à imprensa.

O G1 entrou em contato com outros bancos para saber se terão linhas similares e aguarda retorno.

Liberação em fevereiro
O governo anunciou no final do ano passado a liberação para saque do saldo das contas do FGTS inativas até 31 de dezembro de 2015.

Conta inativa de FGTS é aquela em que o empregado deixa de receber os depósitos do empregador por extinção ou rescisão do contrato de trabalho. Antes, só tinha direito a sacar o FGTS de uma conta inativa quem estivesse desempregado por, no mínimo, três anos ininterruptos. O trabalhador não pode sacar o FGTS de uma conta ativa, ou seja, depositado pelo empregador atual.

O calendário para liberação dos saques só deve ser divulgado no início de fevereiro, segundo o governo, e levará em conta a data de nascimento dos beneficiários.

O trabalhador pode consultar o saldo no site da Caixa ou do próprio FGTS e através de aplicativo para smartphones e tablets (com versão para Android, iOS e Windows). É possível ainda fazer um cadastro para receber informações do FGTS por mensagens no celular ou por e-mail.

Segundo o governo, cerca de 10, 2 milhões de trabalhadores poderão sacar o dinheiro e a maior parte das contas inativas tem saldo de menos de um salário mínimo.

Quando vale a pena antecipar
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, afirma que a antecipação só vale a pena para os contribuintes que estão realmente precisando com urgência do dinheiro, como para a realização de uma cirurgia, por exemplo.

Outras situações, como pagamento de dívidas com cheque especial e cartões de crédito, também compensa, pois os juros nas duas modalidades são muito mais altos do que os que serão pagos com a antecipação para o banco.

“Só é vantajoso quando o cheque está totalmente estourado ou o consumidor está pagando o cartão de crédito só na parcela mínima. Esse dinheiro da antecipação pode servir para regularizar um pouco a situação”, explica.

Para pagar IPTU, IPVA ou despesas escolares dos filhos pode não ser uma boa ideia pedir a liberação do dinheiro, segundo ele, pois é mais vantajoso usar o parcelamento proposto pelo próprio financiador, pois os juros embutidos ainda são menores do que os do banco.

Domingos ressalta que usar o dinheiro agora do FGTS para pagar dívidas não combate a causa do problema, e sim o efeito. “Trocam-se taxas mais altas por mais baixas, mas é preciso fazer uma análise da verdadeira causa do problema financeiro, repensando a forma de gastar o dinheiro”, diz.

O consultor alerta que os bancos costumam antecipar os valores do 13º salário, do PIS/Pasep, do imposto de renda e até da PLR (participação nos lucros e resultados), mas é preciso tomar cuidado e não pegar o dinheiro para deixá-lo na conta corrente ou usá-lo para consumo próprio, por exemplo.

“Não pode ser impulsivo, tem que ter consciência para usar o dinheiro. Pegar o dinheiro remedia a vida, mas não resolve a causa da inadimplência”, conclui.

Por Marta Cavallini, G1