ECONOMIA INTERNACIONAL

Bolsa de Tóquio tem maior queda desde 2013.

As ações japonesas foram particularmente afetadas pela valorização do iene.

Em 09/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Bolsa de Tóquio registrou a maior queda porcentual em dois anos e meio nesta terça-feira (9), influenciada por crescentes preocupações com a saúde do setor bancário global, em meio à desaceleração da economia e a tendência de fraqueza do petróleo. Outros mercados asiáticos permaneceram fechados hoje em função do feriado do ano-novo chinês, que está sendo celebrado ao longo da semana.

O Nikkei, índice que reúne as empresas mais negociadas na capital do Japão, caiu 5,4%, na perda mais expressiva em um único dia desde junho de 2013, e encerrou o pregão a 16.085,44 pontos.

As ações japonesas foram particularmente afetadas pela valorização do iene, que durante a madrugada chegou a tocar o maior nível desde novembro de 2014 em relação ao dólar. A moeda japonesa foi favorecida por um movimento de aversão a risco, que levou os investidores a buscar ativos considerados "mais seguros". O iene forte torna as exportações japonesas menos competitivas e reduz o valor de lucros repatriados.

Além de temores com a piora da economia mundial, os papéis de bancos japoneses foram pressionados pela perspectiva de lucros menores após a recente decisão do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) de adotar uma política de taxa de juros negativa.

Um sumário de opiniões divulgado no domingo à noite mostrou que houve um racha entre os dirigentes do BoJ em relação à decisão de cortar a taxa de depósito, de 0,1% para -0,1%, na reunião de 28 e 29 de janeiro. Para os opositores da medida, a taxa negativa poderá levar a uma "competição" com bancos centrais internacionais. A nova política foi aprovada numa decisão apertada, com cinco votos a favor e quatro contrários.

No setor financeiro, os destaques de baixa em Tóquio hoje incluíram Mitsubishi UFJ Financial Group (-8,7%) e Nomura Holdings (-9,1%).

Ações de petrolíferas japonesas, por sua vez, ficaram pressionadas após o petróleo cair quase 4% em Nova York ontem e fechar abaixo de US$ 30 por barril. Foi o caso da Inpex (-6,35%) e da Japan Petroleum (-5,71%).

Para o estrategista-chefe da Sumitomo Mitsui Asset Management, Hitoshi Ishiyama, o verdadeiro culpado por trás da fraqueza das ações de bancos e de energia é a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), em dezembro último, de elevar os juros básicos pela primeira vez desde 2006.

Segundo Ishiyama, o aperto monetário pelo Fed não é bom para os bancos, principalmente num momento em que ainda falta vigor à economia dos EUA.

"Apenas a demanda mais fraca e excesso de oferta não explicam esses tombos. (Os preços do petróleo) estão sendo atingidos por uma grande mudança na política monetária", avaliou Ishiyama.

Em outras partes da Ásia, a maioria das bolsas não operou devido ao feriado na China. Além dos mercados chineses - de Xangai e de Shenzhen -, ficaram fechadas as bolsas de Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul, Malásia, Vietnã e Cingapura.

Dow Jones Newswires