ECONOMIA INTERNACIONAL

Bolsas da China caem após Trump taxar importações do país

EUA anunciaram ontem série de restrições comerciais contra a China.

Em 23/03/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os principais índices acionários da China registraram a maior queda em seis semanas nesta sexta-feira (23) por causa do temor de que haja uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar medidas contra as importações chinesas.

O aumento das tensões provocou temores nos mercados financeiros, com os investidores prevendo desastrosas consequências para a economia global se barreiras comerciais começarem a ser levantadas.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 2,9%, no menor nível desde 12 de fevereiro. Já o índice de Xangai teve queda de 3,6%, para o menor patamar de fechamento desde 9 de fevereiro.

Ambos os índices registraram as maiores quedas percentuais em um dia desde 9 de fevereiro, tendo ainda o desempenho semanal mais fraco em seis semanas.

Medidas dos EUA e retaliação da China

Na quinta-feira, os EUA anunciaram uma série de restrições comerciais norte-americanas voltadas diretamente à China e destinadas a conter o suposto roubo de tecnologia dos EUA. A medida dos EUA é composta por três ações: tarifas de importação contra produtos chineses, disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) e restrições de investimento.

O presidente Donald Trump assinou um memorando apontando que pode impor taxas de até US$ 60 bilhões sobre importações chinesas, embora a medida tenha um período de consulta de 30 dias.

Em resposta, o Ministério chinês do Comércio divulgou em um comunicado que Pequim não quer uma guerra comercial, mas, em represália, divulgou uma lista de produtos americanos passíveis de tarifas, totalizando cerca de US$ 3 bilhões. A China também exige uma resposta rápida do governo americano para evitar danos maiores às relações entre os dois países.

De vinho a alumínio reciclado

No total, a China divulgou 128 produtos americanos, divididos em dois grupos. O primeiro, que será taxado em 15%, inclui mercadorias como frutas, vinho, etanol e ginseng, que representaram quase US$ 1 bilhão em importações para a China em 2017.

O segundo grupo, que tem de carne de porco a alumínio reciclado, terá uma taxação de 25%, e respondeu por quase US$ 2 bilhões em importações no ano passado, segundo o Ministério do Comércio chinês. A lista não inclui a soja, que totalizou US$ 14 bilhões em exportações dos Estados Unidos em 2017.

A China anunciou ainda que avalia ativar um procedimento contra as medidas americanas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Possível negociação

Segundo um memorando presidencial assinado por Trump na quinta-feira, haverá um período de consulta de 30 dias que só começa quando uma lista de bens chineses for publicada. Isso cria na prática espaço para potenciais negociações em relação às alegações de Trump sobre roubo de propriedade intelectual e transferências forçadas de tecnologia.

Embora a Casa Branca tenha dito que as tarifas planejadas são uma resposta à "agressão econômica" da China, Trump afirmou ver a China como "um amigo" e que os dois lados estão em negociações.

Uma autoridade do Ministério do Comércio chinês afirmou que ambos os lados estão em contato. Ainda assim, não está claro sob quais termos os dois países estão dispostos a negociar.

Bolsas na Ásia

No restante da região, as preocupações com uma guerra comercial também afetou os mercados.

O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, tinha queda de 2,18 por cento às 7:42(horário de Brasília).

Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 4,51%, a 20.617 pontos. Em Hong Kong, o índice HANG SENG caiu 2,45%, a 30.309 pontos. Em Xangai, o índice SSEC perdeu 3,38%, a 3.153 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, retrocedeu 2,86%, a 3.905 pontos. Em Seul, o índice Kospi teve desvalorização de 3,18%, a 2.416 pontos. Em Taiwan, o índice Taiex registrou baixa de 1,66%, a 10.823 pontos. Em Cingapura, o índice Straits Times desvalorizou-se 2%, a 3.421 pontos. Em Sydney o índice S&P/ASX 200 recuou 1,96%, a 5.820 pontos.

Bolsas nos EUA, Europa e Brasil

O mercado de ações nos Estados Unidos teve dia de perdas na quinta-feira, com temores sobre uma guerra comercial. O índice Dow Jones caiu 2,93%, aos 23.958 pontos, o S&P500 recuou 2,52%, aos 2.643 pontos, e a Nasdaq perdeu 2,43%, aos 7.166 pontos.

Na Europa, o dia também foi de baixa nos mercados acionários por causa dos temores em relação ao comércio exterior global após as medidas dos EUA em relação à China. No Brasil, o Ibovespa fechou em queda e o dólar subiu ao patamar de R$ 3,30.

(Com agências internacionais)

(Foto: Brendan McDermid/Reuters)