NEGÓCIOS

Bradesco é alvo de processo de investidores nos EUA.

Banco diz não ver justificativa para ser alvo de processo de investidores.

Em 04/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Investidores decidiram entrar na Justiça dos Estados Unidos com um processo contra supostas perdas com a compra de ações do Bradesco, acusando o banco de ocultar envolvimento no esquema investigado pela operação Zelotes, da Polícia Federal.

O escritório de advocacia Rosen Law Firm anunciou que ingressou com o processo e está chamando investidores interessados em se juntar à ação. A chamada vale para quem comprou recibo de ações (ADRs) do banco entre 30 de abril de 2012 a 31 d maio de 2016.

Segundo a agência Reuters, a ação foi protocolada no tribunal distrital de Manhattan. O argumento é é que o preço das ações foi inflado por informações supostamente falsas e enganosas e que os papéis teriam caído após a revelação das investigações.

À Reuters, o Bradesco afirmou na sexta-feira (4) que suas ações não tiveram oscilações relevantes para que o banco fosse alvo de ação judicial de investidores nos Estados Unidos e que contratará escritórios de advocacia para representá-lo na questão.

Os papéis do Bradesco no exterior caíram 5,6% na terça-feira, para US$ 6,26, mas recuperou as perdas, fechando a semana a US$ 6,77, segundo a Reuters.

Entenda o caso
No dia 31 de maio, a Polícia Federal indiciou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e mais nove pessoas em um inquérito na Operação Zelotes pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O Bradesco é investigado na Zelotes desde o ano passado por ter contratado o grupo que, segundo as investigações, pagava propina em troca de decisões favoráveis no Carf – onde são julgadas as multas da Receita a empresas e contribuintes. O Carf é uma espécie de tribunal administrativo responsável por julgar os recursos contra essas multas.

Em comunicado sobre o processo aberto contra o banco nos EUA, o escritório Rosen Law Firm alega que, segundo a investigação, executivos do Bradesco teriam atuado para evitar uma multa de cerca de R$ 3 bilhões imposta pela Receita Federal.

Veja abaixo o comunicado enviado pelo Bradesco ao mercado:

Comunicado ao Mercado

O Banco Bradesco S.A. (“Bradesco ou Companhia”) comunica ao Mercado que, em um dos inquéritos desdobrados da chamada “Operação Zelotes”, foram indiciados três integrantes da Direção do Banco, inclusive o seu Diretor-Presidente.

Segundo relatório da Polícia Federal, membros da Diretoria do Banco mantiveram contato com pessoas investigadas por crimes de corrupção ativa.

No âmbito do citado inquérito, dois Diretores do Bradesco prestaram depoimentos à Polícia Federal em São Paulo, quando esclareceram que foram procurados por escritório de assessoria tributária que se ofereceu para advogar uma questão fiscal junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais “CARF”.

Desses contatos não se efetivou qualquer proposta, contratação ou pagamento, mesmo porque a pendência fiscal já se encontrava sob o patrocínio de renomados tributaristas.

Cabe informar que o processo junto ao CARF, objeto da investigação, foi julgado em desfavor do Bradesco por unanimidade – 6 x 0, e encontra-se, agora, submetido ao Poder Judiciário. A Companhia informa que jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcionários públicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza.

O indiciamento toma de surpresa a Administração do Bradesco, considerando que os dois Diretores foram ouvidos apenas como testemunhas e o Presidente da Companhia sequer foi ouvido e tampouco participou de qualquer reunião com representantes do escritório de assessoria tributária.

O Bradesco reitera seus elevados padrões de conduta ética e reafirma a sua confiança no pleno funcionamento da Justiça.

Cidade de Deus, Osasco, SP, 31 de maio de 2016

Banco Bradesco S.A.

Moacir Nachbar Junior
Diretor Executivo Gerente

Fonte: g1-SP