ECONOMIA NACIONAL

Brasil deverá criar 1 milhão de vagas formais de trabalho em 2018

Desemprego, porém, deve se manter em 12% em 2018.

Em 01/02/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, avalia que a recuperação da economia segue lenta e que a criação de empregos formais tende a continuar em 2019 abaixo do patamar pré-crise, quando o país abria entre 1 milhão e 2 milhões de vagas com carteira por ano.

"O país só vai conseguir crescer 2,5% a 3% porque o nível do PIB está muito baixo e caiu muito. O emprego só irá aumentar mesmo quando voltarem os investimentos para aumentar a produção corrente", afirma o analista, citando a ociosidade ainda alta da indústria.

Entre os setores, a avaliação é que as atividades ligadas ao consumo, que tem puxado a recuperação da economia, tendem a liderar a geração de vagas. "A expectativa para a indústria e o varejo são boas. Construção, por outro lado, deve parar de reduzir seu número de funcionários, e talvez mostrar uma alta modesta", pondera Castelli.

Taxa de desemprego ainda alta

Segundo o IBGE, em 2017, a taxa média de desocupação foi de 12,7%, a maior da série histórica do IBGE, que começou em 2012. Nesse período, o desemprego alcançou, em média, 13,23 milhões de pessoas - o número mais elevado dos últimos 5 anos.

Apesar da perspectiva de maior geração de vagas, economistas projetam uma taxa média de desemprego ainda no patamar de 12% em 2018.

Entre os fatores que devem impedir uma queda mais acentuada na taxa de desemprego está a entrada de novos jovens na disputa por uma vaga de trabalho e o número elevado dos chamados desalentados – aquelas pessoas que não têm emprego e desistiram de procurar, mas que podem a qualquer momento se sentirem estimuladas a voltar a a disputar uma vaga.

"Vamos ter geração de emprego no ano, mas a taxa de desemprego não vai cair tão fortemente porque também teremos entrada de pessoas na força de trabalho. O Brasil ainda está passando por bônus demográfico", explica Ottoni.

Ironicamente, a melhora do mercado de trabalho tamém acaba pressionando a taxa de desemprego. "Um dos efeitos da crise é que muita gente acabou desisitindo de procurar um emprego, saindo da força de trabalho. E já vemos gente que estava inativa voltando para a população economicamente ativa", acrescenta Thiago Xavier.

Os economistas explicam que a taxa de desemprego é mais difícil de ser projetada porque depende não só do número de vagas criadas, mas também do universo de trabalhadores à procura de uma ocupação.

“Se houver de fato uma maior geração de postos formais, isso pode melhorar a situação do chefe de família e fazer com que os demais membros saiam do mercado de trabalho ou deixem de procurar emprego, deixando de pressionar a taxa de desemprego", destaca Ottoni.

Informalidade x emprego com carteira

O trabalho informal, entretanto, tende a continuar sendo o motor da recuperção do emprego em 2018. "A qualidade [dos novos empregos] ainda será ruim, isso não há dúvida. O emprego por conta própria nada mais é do que o bico e isso vai continuar crescendo", afirma Gonçalves.

Pelas estimativas do Ibre/FGV, serão criados no ano cerca de 1,8 milhão de postos de trabalho e desse total, apenas 700 mil serão com carteira assinada. "A maioria ainda vai ser informal, mas obviamente com uma composição muito melhor, pois vai ter muito mais postos formais”, ressalva Ottoni.

Xavier, da Tendências, projeta uma desaceleração gradual da informalidade.

"Uma economia que cresce mais, não só gera mais vagas como vagas de melhor qualidade. O emprego com carteira assinada envolve maiores custos e melhores perspectivas para o aumento da produção, por isso reage de forma um pouco mais lenta"

Para o economista, a nova lei trabalhista tende a contribuir também para uma maior formalização. "A regulamentação do trabalho intermitente e parcial cria um incentivo para que as empresas passem a contratar em modalidades temporárias e formais, ainda que em jornadas reduzidas e com impactos nos salários", afirma.

Já Gonçalves avalia que o impacto da reforma trabalhista ainda não está claro. "Vai ter um efeito mais visível de aumento de PJ [pessoa jurídica], que é outra forma de contratar, e do temporário, mas só nos próximos 6 meses dará para ter uma clareza do que irá acontecer", diz.

Na ponta mais otimista das projeções está o economista Sérgio Vale, que estima que a taxa de desemprego poderá encerrar o ano ao redor de 10%. "O mercado de trabalho está bastante positivo e em forte recuperação e se beneficiará ainda mais do crescimento da economia este ano. A massa real de renda deve crescer 4,8%, ajudando a puxar o consumo", avalia.

(Foto: Paulo Whitaker/Reuters)