ESPORTE INTERNACIONAL

Brasil fecha ano de mudanças contra o Peru com mais dúvidas que certezas.

Último jogo de 2015 mostra como a Seleção saiu de um início promissor para um final de interrogações.

Em 17/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A seleção brasileira disputa seu último jogo no ano nesta terça-feira, às 22h, com transmissão ao vivo do GloboEsporte.com, que também vai acompanhar em Tempo Real a partida contra o Peru, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Encerramento de uma temporada que teve certa inversão cronológica. O Brasil partiu de um início promissor, em que parecia próximo de definições sobre equipe e estilo de jogo, para um fim de ano cercado de interrogações.

Desde março, quando a equipe conquistou sua vitória mais contundente desde o fim da Copa do Mundo, sobre a França, em Paris, até a partida desta terça-feira, em que uma vitória sobre o Peru é essencial para não se distanciar do grupo de líderes do torneio que dará vagas no Mundial da Rússia, de 2018, a equipe treinada por Dunga passou uma série de mudanças. Pegou retornos e atalhos errados numa estrada que parecia não ter grandes desvios.

O sistema tático, por exemplo, mudou. O centroavante, que estava praticamente sepultado, ressurgiu, mas não emplacou. O "dono" do meio-campo virou reserva, o zagueiro que havia recuperado prestígio voltou a ser escanteado e o goleiro rejuvenesceu.

VEJA: Tabela e classificação das eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2018

Com quatro pontos no torneio, o Brasil está atrás do líder Equador, do Chile e do Uruguai, que se enfrentam também nesta terça, o que pode representar ascensão na tabela em caso de vitória na Fonte Nova. Porém, qualquer outro resultado significa uma avalanche de seleções que podem passar por cima da posição brasileira. Como as próximas partidas só serão disputadas em março de 2016, contra Uruguai (em casa) e Paraguai (fora), dependerá desta noite de terça o clima da longa pausa de quatro meses: sossego para trabalhar ou tensão semanal.

Veja por quais mudanças essenciais a Seleção passou em 2015, até o jogo contra o Peru.

Centroavante: ter ou não ter?

O Brasil começou o ano sem centroavante, resultado da tentativa bem sucedida de Dunga em exterminar o camisa 9 de origem no segundo semestre do ano passado. Diego Tardelli e Roberto Firmino disputavam um lugar ao lado de Neymar no ataque da Seleção. Mas o desempenho discreto da dupla na Copa América, a transferência do ex-atleticano para o futebol chinês, e lesões de Firmino fizeram com que ambos terminassem o ano fora até da lista de 23 convocados. E o centroavante, que estava quase fechando os olhos para sempre, ressurgiu. Dunga tentou Hulk, num certo improviso, e, nos dois últimos jogos, escalou Ricardo Oliveira, artilheiro do Campeonato Brasileiro. Contra a Argentina, o time melhorou quando Douglas Costa entrou em seu lugar, essa é a tendência para o jogo desta noite. Ter ou não ter centroavante? Eis a questão.

Camisa 1 ou 23?

Em vez da experiência de Jefferson, 32, a juventude de Alisson, 23. O Brasil trocou seu goleiro ao longo do ano. Mais uma vez, a Copa América foi o divisor de águas. O botafoguense iniciou 2015 impulsionado por boas atuações, com direito a defender pênalti de Messi, e fechou o gol naquele amistoso diante dos franceses. Mas no torneio foi inseguro, e levou Dunga a buscar um novo guardião. Diego Alves, do Valencia, seria o favorito, mas teve grave lesão no joelho. Marcelo Grohe, do Grêmio, disputou amistosos em setembro, mas machucou o ombro na véspera da estreia nas eliminatórias. E Alisson, pelas beiradas, com o número 23, mesmo de sua idade, nas costas, beliscou a vaga. Disputará seu terceiro jogo consecutivo contra o Peru e terminará o ano como goleiro titular. Será também em março? Ninguém pode garantir.

4-2-3-1

A forma de jogar também mudou. O 4-4-2 que tinha Oscar e Willian como meias abertos, Neymar e Tardelli (Firmino) mais adiantados e centralizados, com liberdade total de movimentação, deu espaço a um sistema mais engessado, "quadradão", que havia ficado para trás. O 4-2-3-1 usado por Dunga durante seu primeiro ciclo, até 2010. Com certas adaptações, é verdade, mas muito parecido. Neymar (Douglas Costa) na esquerda, Lucas Lima (Oscar) no meio e Willian na direita, com uma referência, um centroavante à frente. Nesta terça, caso Douglas Costa substitua Ricardo Oliveira e Neymar seja adiantado, a movimentação volta a dar o tom. Ou seja, trata-se de mais uma incerteza que a seleção brasileira levará deste 2015.

Dono do meio

Oscar fez o gol de empate do Brasil contra a França, em março, e deu início à grande virada. Era seu sétimo jogo em sete com Dunga, 100% de presença e confiança total do professor. Mas lesões o tiraram da Copa América e dos amistosos seguintes, nos Estados Unidos. Quando o jogador do Chelsea retornou, não era mais o mesmo. Apático, sem conseguir desenvolver o futebol eficiente que já havia conquistado Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari na Seleção, ele resistiu às críticas até ser substituído por Lucas Lima no empate contra a Argentina. Na substituição do segundo tempo, quem entrou foi Renato Augusto. De intocável a reserva, situação rara, Oscar foi mais um que andou para trás na conturbada temporada.

Voltou, errou e sumiu

O gelo aplicado em Thiago Silva depois da Copa do Mundo havia terminado. Com a lesão de David Luiz, ele foi titular na emblemática vitória sobre a França, e também na partida seguinte contra o Chile. Teve boas atuações e ficou no grupo para a Copa América. Começou no banco, mas ganhou a vaga de David logo na segunda partida. Fez gol no jogo da classificação contra a Venezuela. O roteiro construía um épico de final feliz, mas lá veio a mão do destino, ou melhor, a do zagueiro mesmo, para atrapalhar. Um soco na bola, idêntico ao que ele havia feito em seu clube, o PSG, ocasionou pênalti para o Paraguai e a eliminação no torneio sul-americano. Culpado pela comissão técnica, não voltou mais. Certamente será alvo de debates e avaliações para 2016, já que não se discute sua capacidade, e sim o fator psicológico que o leva a desabar ou cometer atos inexplicáveis para um jogador de sua qualidade em momentos decisivos.

FICHA TÉCNICA

BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Miranda, Gil e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Elias, Lucas Lima, Willian e Douglas Costa (Ricardo Oliveira); Neymar. Técnico: Dunga

PERU: Penny, Advíncula, Zambrano, Ascues e Yotún; Tapia, Lobatón, Reyna e Cueva; Farfán e Guerrero. Técnico: Ricardo Gareca

Data: 17/11/2015 Horário: 22h (de Brasília) Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA) Árbitro: José Buitrago (COL) Auxiliares: Eduardo Diáz e Wilmar Navarro (COL) Transmissão: a TV Globo.

Fonte:GE