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Brasil não se preparou para cuidar da população idosa, diz geriatra.

Segundo ela, países europeus, como a França, desenvolveram políticas para evitar o abandono.

Em 15/06/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Brasil não se preparou para o envelhecimento de sua população e não tem estruturas adequadas para garantir dignidade e autonomia aos idosos, de acordo com avaliação da presidenta do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Maria Angélica Sanchez. Ela alerta que um dos reflexos da falta de condições adequadas de moradia e de sobrevivência são os episódios de agressão aos mais velhos.

De acordo com ela, não faltam políticas brasileiras para garantir o bem-estar do idoso. No entanto, leis como a Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, não foram colocadas em prática pelos governos municipais, estaduais e federal. “No Brasil, o arcabouço legal é avançado, mas o país envelheceu sem estar preparado”, disse Maria Angélica à Agência Brasil hoje (15), quando se comemora o Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso.

Segundo ela, países europeus, como a França, desenvolveram políticas para evitar o abandono e garantir o mínimo de autonomia para os mais velhos. Em Paris, por exemplo, a prefeitura paga cuidadores para visitá-los todos os dias em suas próprias casas e ajudar em tarefas básicas, como banho, remédios e comida. Enfermeiros também visitam os idosos e dão atendimento em saúde, evitando o deslocamento para hospitais e a ida para instituições de longa permanência.

Pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Angélica sugere que, no Brasil, além da ajuda para o idoso continuar morando sozinho, deveriam ser criadas mais unidades com profissionais de várias áreas, onde as famílias possam deixar os idosos de dia e buscar a noite, os chamados “centros-dia”. “Essa é uma forma de garantir que as pessoas não precisem sair do mercado de trabalho para cuidar dos familiares”, destacou.

Na opinião da especialista, essas opções desafogam as superlotadas instituições públicas de longa permanência, cuja maioria não tem infraestrutura adequada. “As instituições filantrópicas mais baratas são mal equipadas, têm equipes despreparadas, algumas são mantidas por instituições religiosas que não têm muitos recursos, e a situação é lastimável”, concluiu.

Fonte: EBC