ECONOMIA NACIONAL

Brasil perde R$ 291,4 bilhões para o mercado ilegal

No Espírito Santo, 66% dos cigarros são ilegais. Perdas chegam a R$ 289 milhões este ano.

Em 16/04/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto:Foto: Reprodução/PRF

Levantamento feito pelo FNCP demonstra os prejuízos bilionários causados ao País apenas em 2019. No Espírito Santo, 66% dos cigarros são ilegais. Perdas do estado chegam a R$ 289 milhões apenas com o contrabando nesse setor.

O Brasil perdeu R$ 291,4 bilhões de reais para o mercado ilegal em 2019, segundo levantamento que é feito, desde 2014, pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). O valor é a soma das perdas registradas por 15 setores industriais (R$ 199,6 bilhões) e a estimativa dos impostos que deixaram de ser arrecadados em função dessa ilegalidade (R$ 91,8 bilhões). Essa média foi feita com o porcentual de 46%, mas há produtos, como o cigarro, em que o imposto pode chegar a 90%. O cigarro é o produto mais afetado pelo contrabando - sabe-se que esse produto serve para financiar as milícias e o tráfico de drogas. Atualmente, 57% dos cigarros consumidos no Brasil são ilegais.

Uma estimativa da Aliança Latino Americana de Contrabando (ALAC) aponta que, em média, o mercado ilegal corresponda a 2% do PIB dos países latino-americanos. No Brasil esse porcentual está, no mínimo, em 7.85%.

"O PIB não cresce em volume expressivo, está estabilizado, mas a ilegalidade está aumentando cada vez mais", afirma Edson Vismona, presidente do FNCP.

 
 
 
 
 
 
 
 
 

Contrabando atinge recorde histórico no ES

Pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência aponta que o contrabando continua respondendo pela maior parte dos cigarros consumidos no Espírito Santo: 66% de todos os cigarros que circulam no Estado são contrabandeados do Paraguai. O montante irá movimentar cerca de R$ 289 milhões apenas neste ano.

Esses números representam um recorde histórico da participação do cigarro ilegal no mercado capixaba e pode ser atribuído a dois fatores: aumento no volume de apreensões e o preço médio do cigarro ilegal muito baixo. Segundo o Ibope, o cigarro ilegal no estado tem o preço médio de R$ 3,58 enquanto o preço mínimo estabelecido pelo governo para o cigarro legal no Brasil é de R$ 5,00.

Para se ter uma ideia, se todos os pontos de participação de mercado ilegal fossem convertidos em produto legal seriam gerados apenas em ICMS a arrecadação total de R$ 101 milhões e de IPI, R$ 20 milhões para os cofres estaduais para serem revertidos em saúde, segurança e educação, por exemplo.

Entre os municípios mais afetados pelo contrabando no Estado estão a capital Vitória, Rio Bananal, Serra, Cariacica, Vila Velha e Guarapari.

Outro exemplo da expressão da ilegalidade é visto no setor de combustíveis, que, de acordo com o levantamento do FNCP, atingiu o montante de R$ 23 bilhões. Segundo Vismona, esse valor significativo se deu porque o segmento aprimorou os dados.

"Eles agregaram, além de perdas com fraudes, também roubos e desvio de combustível nos dutos", diz o presidente do FNCP.

Para a entidade, esse levantamento anual é muito importante para os setores produtivos, que assim demonstram as perdas bilionárias para o mercado ilegal.

"Essa ação atesta que a economia ilegal está crescendo, o prejuízo só aumenta e é importante alertar a sociedade e o poder público sobre a dimensão desse rombo, enfatizando a necessidade das ações coordenadas e permanentes de combate à ilegalidade, seja no mercado físico como digital, que corrói o nosso desenvolvimento e dificulta a atração de investimentos e a geração de empregos", diz Vismona.

O levantamento do FNCP é feito desde 2014 e tem como base os dados apontados pelos próprios setores produtivos, que têm métricas próprias (pesquisas, avaliação de mercado). Os 15 segmentos contemplados pelo estudo do FNCP são vestuário; óculos; cigarro; TV por assinatura; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; bebidas alcoólicas; combustíveis; audiovisual; defensivos agrícolas; celulares; perfumes importados; material esportivo; brinquedos; software; e eletroeletrônicos (PCs, Servidores, Networking, Impressoras/Toners/Cartuchos de Tinta e Equipamentos de Segurança). (Gabriel Macena, Dayane Garcia e Débora Crivellaro – Com SB Comunicação)