ECONOMIA INTERNACIONAL

Brasil registra saída de US$ 3,5 bilhões em outubro.

Foi o segundo mês seguido de retirada de dólares da economia.

Em 04/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A saída de recursos na economia brasileira superou o ingresso de valores em US$ 3,5 bilhões no mês de outubro, informou nesta quarta-feira (4) o Banco Central. Somente na semana passada, US$ 2,18 bilhões saíram do Brasil.

Outubro foi o segundo mês seguido de retirada de recursos da economia brasileira. A retirada líquida de recursos em setembro e outubro acontece após o Brasil ter perdido o grau de investimento da Standard & Poors.

Já no acumulado de 2015, até outubro, ainda houve mais entrada de dólares do que retirada. Neste período, o ingresso de recursos no país somou US$ 7,66 bilhões, segundo números do BC. No mesmo período do ano passado, US$ 8,27 bilhões haviam entrado o país.

Impacto no dólar
A saída de recursos em outubro favoreceria, em tese, a alta do dólar. Com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar maior. Em outubro, porém, o dólar caiu. No fim do mês de setembro, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 3,96, passando para R$ 3,86 no fim de outubro - um recuo de 2,58% no mês passado.

Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política de juros dos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira – que registraram desempenho ruim em 2014 e na parcial deste ano – além de tensões políticas e notas das agências de classificação de risco.

Também influenciam o patamar do dólar no Brasil as declarações de integrantes da equipe econômica e a oferta de contratos de "swap cambial" (que funcionam como venda de dólares no mercado futuro) pelo BC brasileiro, entre outros fatores.

O BC observa que o dólar responde a vários fatores, tais como as percepções e expectativas sobre a economia, além das incertezas presentes. Também varia de acordo com fatores externos, como a percepção do mercado que a economia chinesa está desacelerando mais.

Retirada de estímulos nos EUA
Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação.

Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para o país recursos aplicados atualmente em outros mercados, como o Brasil, motivando uma tendência de valorização do dólar frente a moedas como o real.

O Banco Mundial já alertou que um aumento dos juros nos EUA pode estimular uma "tempestade" que afetaria o crescimento e a estabilidade financeira nas economias em desenvolvimento.

A indicação do BC dos EUA é de que a alta dos juros na maior economia do mundo pode ocorrer já na próxima reunião do Fed, em dezembro.

Indicadores da economia brasileira e tensão política
Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, também impactam a cotação do dólar no Brasil.

No caso das contas públicas, o déficit nominal (após a contabilização dos juros da dívida pública) superou 9% do PIB em 12 meses até agosto – acima de boa parte dos países emergentes.

Recentemente, o governo a proposta de orçamento federal para 2016 contemplando, pela primeira vez, um déficit (despesas maiores do que receitas), no valor de R$ 30,5 bilhões, o que foi mal recebido por analistas e contribuiu para aumentar as tensões nos mercados.

Além disso, o clima de tensão no Congresso Nacional, e nas ruas, também não colabora para a queda do preço da moeda norte-americana, assim como o rebaixamento da nota do país pela agência de classificação de risco Standard and Poor´s, que retirou o grau de investimento do Brasil.

Swaps cambiais
Outro fator que influencia a cotação do dólar é a decisão do Banco Central de não renovar o programa de oferta diária de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares), que venceu no dia 31 de março. O programa vigorava desde agosto de 2013.

O Banco Central, no entanto, informou que está renovando os contratos que vencem a partir de 1º de maio, "levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado". Segundo a instituição, os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra "continuarão a ser realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio". Neste mês, o BC voltou a renovar integralmente os vencimentos.

Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.

Fonte: G1