EDUCAÇÃO

Brasil segue com proficiência baixa em inglês

Brasil teve 51,47 pontos, abaixo da média mundial e o último entre os Brics.

Em 08/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Desde que conseguiu um salto de qualidade no domínio do inglês da população, há cinco anos, o Brasil se manteve estagnado no nível de proficiência "baixo" da língua, segundo os dados da edição 2017 do Índice de Proficiência em Inglês (EPI, na sigla em inglês) divulgado na manhã desta quarta-feira (8) pela EF Education First, empresa de educação internacional especializada em intercâmbio.

Entre 2016 e 2017, o Brasil registrou um ligeiro aumento e atingiu seu mais alto índice na história, de 50,66 para 51,92. Mas ele não está muito acima do nível de 2015, que foi de 51,05.

Considerando os demais países, o Brasil caiu da 40ª para a 41ª posição, e ficou ligeiramente acima do índice médio da América Latina, que neste ano chegou a 51,47. Porém, o país ficou abaixo da pontuação média mundial, de 53,18 pontos, e dos países africanos (52.28).

Último dos Brics

Pela segunda vez consecutiva, o Brasil ficou na última posição entre os Brics, atrás da África do Sul, da Índia, da China e da Rússia.

Essa edição é a primeira em que a África do Sul, onde o inglês é uma das línguas oficiais, foi incluída no ranking. Na Índia, o inglês também é uma das duas línguas oficiais usadas pelo governo em âmbito nacional, mas há mais de 20 línguas reconhecidas oficialmente. Cada estado pode escolher suas línguas oficiais, e o inglês foi escolhido em cerca de um terço deles – o hindi é a língua mais usada entre a população.

Proficiência baixa

O EPI tem cinco categorias de proficiência: "muito alta", "alta", "moderada", "baixa" e "muito baixa". Desde a criação do EPI, o Brasil sempre esteve no grupo de proficiência "baixa", com exceção de 2012, quando foi "rebaixado" à proficiência "muito baixa".

Para chegar ao nível "moderado", o Brasil precisaria subir quase dois pontos no índice.

Segundo Luciano Timm, vice-presidente da EF no Brasil, uma das formas "fundamentais" para levar o país a esse patamar é a a valorização e a capacitação dos professores. "Essa capacitação dá acesso à tecnologia, principal impulsionadora do desenvolvimento, e uma ferramenta de ensino e aprendizado muito poderosa", afirmou ele, ressaltando que "o Brasil pode perder uma década em inovação se não ensinar essa próxima geração a se comunicar em inglês".

Auxílio da internet e da renda nacional

O estudo também comparou a proficiência em inglês com outros fatores, e mostra que, quanto maior a renda nacional e a penetração da internet do país, mais alto é o domínio da língua inglesa entre os participantes.

Em média, o grupo de países com proficiência muito alta, por exemplo, têm uma renda nacional líquida ajusta per capita sete vezes mais alta do que o grupo de países com proficiência muito baixa. Já a internet, no primeiro grupo, é acessível a quase o dobro da população, em comparação com o segundo grupo.

Alguns países, porém, têm mostrado capacidade de driblar a falta de recursos e infra-estrutura. Segundo David Bish, diretor de Gestão Acadêmica da EF, um exemplo parecido ao do Brasil pode ser encontrado na Ásia. "Eu citaria o Vietnã como um exemplo desse salto. Eles fizeram do aprendizado de inglês uma iniciativa nacional", explicou ele.

Bish diz que três aspectos principais ajudaram o Vietnã a implementar essa política. O primeiro é o maior orçamento na história do país para o ensino de inglês, no valor de US$ 450 milhões, ou cerca de R$ 1,5 bilhão. Ele explica que 80% desse valor foi dedicado à capacitação de professores, e que outra estratégia que ajudou o país foi estabelecer objetivos claros.

De acordo com os dados do Banco Mundial citados no levantamento da EF, a população vietnamita tem menos acesso à internet do que a brasileira, por exemplo. Enquanto lá essa taxa foi de 53% em 2015, no Brasil, a penetração da internet foi de 59%.

A China, que neste ano foi o país com mais alto índice de proficiência entre o grupo de países com domínio "baixo" do inglês, tem 50% da população com acesso à internet.

Metodologia

O EPI é um índice criado para comparar a proficiência de adultos de diversos países. O índice de cada país ou região representa a pontuação média desses adultos em um teste padronizado de inglês de larga escala, que pode ser feito gratuitamente pela internet.

Na edição de 2017, a EF afirmou que o ranking considerou a avaliação de mais de um milhão de adultos de 80 países e territórios diferentes, que tenham completado três versões diferentes do teste no ano de 2016. Para que um país seja incluído no ranking, é preciso que pelo menos 400 participantes cumpram esses requisitos.

A idade média dos participantes é 26 e nove em cada dez tinham menos de 40 anos. A maior parte deles (52%) é composta de homens, e a Europa e a Ásia têm o maior número de países participantes, com 27 e 20, respectivamente. Outros 15 países da América Latina entraram no ranking de 2017, além de nove países da África e nove do Oriente Médio. Países em que a única língua oficial é o inglês ficam de fora do levantamento.

De acordo com a EF, como a população do levantamento é "autosselecionada", ou seja, depende da própria iniciativa dos participantes, "não há garantia de que ela caracterize o país como um todo. Apenas aqueles que desejam aprender inglês ou que tiverem curiosidade em testar suas habilidades com o idioma participarão de um desses testes", ressaltou a empresa, afirmando ainda que os dados excluem ainda a população sem acesso a uma conexão de internet. "Apesar disso, os métodos de acesso aberto de testes na Internet têm se mostrado eficazes na coleta de grandes quantidades de dados sobre os níveis globais de proficiência em inglês", diz a EF.

Países com proficiência "muito alta", segundo o EPI 2017:

1º) Holanda (71,45)

2º) Suécia (70,40)

3º) Dinamarca (69,93)

4º) Noruega (67,77)

5º) Cingapura (66,03)

6º) Finlândia (65,83)

7º) Luxemburgo (64,57)

8º) África do Sul (63,37)

Países com proficiência "alta":

9º) Alemanha (62,35)

10º) Áustria (62,18)

11º) Polônia (62,07)

12º) Bélgica (61,58)

13º) Malásia (61,07)

14º) Suíça (60,95)

15º) Filipinas (60,59)

16º) Sérvia (59,37)

17º) Romênia (59,13)

18º) Portugal (58,76)

19º) Hungria (58,61)

20º) República Tcheca (57,87)

21º) Eslováquia (57,63)

Países com proficiência "moderada":

22º) Bulgária (57,34)

23º) Grécia (57,14)

24º) Lituânia (57,08)

25º) Argentina (56,51)

26º) República Dominicana (56,31)

27º) Índia (56,12)

28º) Espanha (56,06)

29º) Hong Kong (55,81)

30º) Coreia do Sul (55,32)

31º) Nigéria (54,74)

32º) França (54,39)

33º) Itália (54,19)

34º) Vietnã (53,43)

35º) Costa Rica (53,13)

Países com proficiência "baixa":

36º) China (52,45)

37º) Japão (52,34)

38º) Rússia (52,19)

39º) Indonésia (52,15)

40º) Taiwan (52,04)

41º) BRASIL (51,92)

42º) Macau (51,87)

43º) Uruguai (51,73)

44º) México (51,57)

45º) Chile (51,50)

46º) Bangladesh (50,96)

47º) Ucrânia (50,91)

48º) Cuba (50,83)

49º) Panamá (50,68)

50º) Peru (50,50)

51º) Colômbia (49,97)

52º) Paquistão (49,88)

53º) Tailândia (49,78)

54º) Guatemala (49,52)

55º) Equador (49,42)

56º) Tunísia (49,01)

57º) Emirados Árabes Unidos (48,88)

Países com proficiência "muito baixa":

58º) Síria (48,49)

59º) Catar (48,19)

60º) Marrocos (47,91)

61º) Sri Lanka (47,84)

62º) Turquia (47,79)

63º) Jordânia (47,40)

64º) Azerbaijão (46,97)

65º) Irã (46,60)

66º) Egito (46,51)

67º) Cazaquistão (45,95)

68º) Venezuela (45,71)

69º) El Salvador (45,70)

70º) Omã (44,48)

71º) Mongólia (44,21)

72º) Arábia Saudita (43,98)

73º) Angola (43,49)

74º) Kuwait (43,14)

75º) Camarões (40,86)

76º) Argélia (42,11)

77º) Camboja (40,86)

78º) Líbia (38,61)

79º) Iraque (38,12)

80º) Laos (37,56)

(Foto: Reprodução/EF)