ECONOMIA INTERNACIONAL

Cameron diz que Reino Unido deixa a UE, mas não dará as costas à Europa.

Declaração foi dada em seu 1º pronunciamento ante o Parlamento.

Em 27/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Apesar de sua decisão de abandonar a União Europeia, o Reino Unido não deve dar as costas à Europa nem ao resto do mundo, declarou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, nesta segunda-feira (27), em seu 1º pronunciamento ante o Parlamento desde o histórico referendo do Brexit.

"O Reino Unido está disposto a abandonar a União Europeia, mas não devemos dar as costas à Europa nem ao resto do mundo", afirmou Cameron. Segundo ele, é necessário determinar que "tipo de relação queremos com a UE", segundo a France Presse.

"Não retiro nada que tenha dito há dias. Vai ser difícil", explicou Cameron, que convocou o referendo e fez campanha pela permanência na UE, o que o levou a pedir demissão ante a derrota.

Sinal de um Brexit que está sendo mal digerido por parte dos britânicos, especialmente entre os jovens, uma petição exigindo a organização de um segundo referendo ultrapassava nesta segunda-feira os 3,7 milhões de signatários, segundo a France Presse. Jáa primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse que o parlamento escocês poderia tentar bloquear a Brexit. Ela também considerou que era "muito provável" um novo referendo sobre a independência do seu país.

Quanto às contestações sobre o referendo, Cameron foi enfático. "Não pode haver dúvidas sobre o resultado. Estou certo, e o gabinete concordou nesta manhã, que a decisão precisa ser aceita", disse Cameron ao Parlamento, segundo a Reuters.

Cameron voltou a dizer que ativação da Cláusula 50 do Tratado de Lisboa, que marca o início dessa separação, deve ser tomada pelo próximo primeiro-ministro.

Enquanto os europeus exigem um divórcio rápido, Londres anunciou a criação de um departamento especial dentro do governo para lidar com a questão do Brexit.

O sucessor de Cameron na chefia do Partido Conservador e do governo britânico, por sua vez, deverá ser conhecido no mais tardar em 2 de setembro, conforme anunciou o partido.

"Recomendamos que o processo de eleger o novo líder do Partido Conservador comece na semana que vem e conclua no mais tardar em no dia 2 de setembro, apesar de ser possível que termine antes", afirmou Graham Brady, presidente do comitê parlamentar conservador que estabelece o calendário. A data anterior prevista era outubro.

Sucessores de Cameron
Cameron pediu demissão na sexta-feira (24) ao ser conhecida a derrota do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, que ele defendia.

Dois deputados conservadores aparecem como possíveis sucessores. O primeiro é Boris Johnson, ex-prefeito de Londres que liderou a campanha contra a UE, e Theresa May, ministra de Interior, ligada a Cameron, que poderá se beneficiar da vontade de revanche contra Johnson de parte do partido.

Segundo o sistema político britânico, não é preciso realizar novas legislativas se o partido no poder mudar de líder em pleno mandato. O último exemplo foi o do trabalhista Gordon Brown, que substituiu Tony Blair em junho de 2007.

Boris Johnson adotou um tom excepcionalmente conciliador com seus inimigos de ontem, garantindo que o Reino Unido faz "parte da Europa" e que a cooperação com os seus vizinhos do continente vai se "intensificar", segundo a France Presse.

Merkel
Adotando uma linha flexível desde o referendo, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta segunda que compreende que o governo britânico necessita de tempo neste momento, de acordo com a France Presse.

"Primeiro de tudo, não podemos permitir um longo período de incerteza (...), mas que a Grã-Bretanha precisa de um certo tempo para analisar as coisas, eu compreendo", declarou perante a imprensa.

Merkel deve receber durante o dia o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk e depois o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

É neste contexto sensível que o secretário de Estado americano, John Kerry, viajou para Londres, depois de lançar um apelo e pedir aos europeus "para não perder a cabeça".