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Capixaba desenvolve sistema de captação e tratamento de água da chuva.

O projeto é do engenheiro de produção João Bandeira, de Cachoeiro de Itapemirim (ES).

Em 10/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Em países como Austrália, Estados Unidos, Alemanha e Japão há muitos anos a água da chuva já é utilizada como potável, ou seja, própria para o consumo humano. Isso, claro, após passar por um processo de tratamento.

No Brasil, esse aproveitamento ainda caminha a passos lentos. Para novos empreendimentos imobiliários, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a captação de água de chuva já está regulamentada por lei, inclusive com incentivos fiscais.

A grave crise hídrica que afeta alguns estados, incluindo o Espírito Santo, tem feito nascer um interesse maior por esta alternativa sustentável e economicamente viável.

Foi pensando nisso, que o engenheiro de produção João Bandeira, de Cachoeiro de Itapemirim, proprietário da empresa Bandfiltros, desenvolveu no ano passado um sistema para captação e tratamento de águas pluviais. Implantado em um shopping de Cachoeiro, igrejas, residências e prédios, o sistema desenvolvido pelo capixaba tem uma relação compensadora de custo e benefício.

O projeto de instalação do sistema prevê estudo de viabilidade que se baseia em três pilares: área de captação, área para acondicionar reservatórios e demanda de consumo/precipitação.

O sistema consiste na instalação de telas nas calhas, filtro separador, descarte do firstflush, processo de filtragem e purificação com carvão ativado ou UV, cloração e grau de potabilidade através de análises físico-química e microbiológica em conformidade com as portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Um dos locais que conta com o sistema desenvolvido pelo engenheiro é a Igreja Assembleia de Deus, em Cachoeiro. De acordo com o pastor José Alves Sobrinho, já foi possível obter uma redução de até 50% no valor da conta de água, conforme a quantidade de chuva.

Outro que está satisfeito com a economia é o advogado Marcos Alexandre, também de Cachoeiro. “Implantamos o sistema no final do ano passado e nos meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, quando registramos boa precipitação, a economia foi excelente”.

Um diferencial do sistema desenvolvido por João é que ele pode ser adaptado ao que já existe na edificação.

De acordo com o engenheiro, a diferença deste para outros modelos é que a água passa por um tratamento que a torna própria para consumo, e não apenas para ser utilizada em descargas de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagens de carros, pisos e roupa, por exemplo.

Dependendo da capacidade de armazenamento, o valor de implantação do sistema varia de R$ 6 mil a R$ 60 mil. Conforme o empreendimento, o retorno do investimento se paga em até dois anos, com a economia que o aproveitamento proporciona, conforme a precipitação. “Há casos em que o consumo era de 22 metros cúbicos e o aproveitamento foi de 18 metros cúbicos, o que representa uma redução de 80%. Transformando em valores, seria uma economia em torno de R$ 25 mil com o sistema”, exemplifica.

Saiba Mais

O aproveitamento de água da chuva é uma prática bem antiga. Começou no Oriente Médio, 850 a.C.

Países como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Austrália oferecem financiamentos para a construção de áreas de captação de água da chuva.

Os Estados Unidos, por exemplo, possuem mais de 200 mil reservatórios para aproveitamento de águas pluviais.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 110 litros de água por dia são suficientes para atender as necessidades básicas de uma pessoa.

Por: Kikina Sessa