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Cariocas reagem à crítica do New York Times sobre biscoito Globo.

Repórter não entendeu o biscoito, dizem vendedores e consumidores.

Em 15/08/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Após o repórter americano David Segal, do jornal "The New York Times", afirmar que o popular biscoito carioca, o biscoito Globo, é “sem gosto e sem graça, assim como a culinária carioca”, as reações dos brasileiros nas redes sociais contra a opinião do jornalista foram acaloradas.

Para conversar com quem vende, com quem compra e com quem ama o biscoito, o G1 foi à Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Depois de visitar a fábrica e experimentar o produto, David Segal afirmou que se trata de um alimento "sem gosto", "símbolo perfeito do Rio – uma cidade em que o cenário de restaurantes é 'meh'".

O texto descreve os biscoitos como "ar transformado em bolacha, em forma de anel".

"Coloque um na sua boca e será como se seus dentes estivessem em uma festa para a qual sua língua não foi convidada", escreveu Segal na reportagem.

São mencionados depoimentos de vários brasileiros que apreciam o ícone das praias cariocas – e em todos os casos, o jornalista faz questão de enfatizar que ninguém foi capaz de definir o sabor do biscoito.

As críticas não se restringem ao biscoito Globo alimento e se estendem à culinária carioca em geral. O autor da matéria fez algumas ressalvas: diz que existem excelentes lojas de suco, carrinhos de churros e alguns restaurantes elogiados, além de churrascarias onde é possível comer à vontade.

'Meu pai está chateado', diz filho de sócio
Para Marcelo Ponce, filho de um dos sócios do biscoito Globo, Milton Ponce, "é uma questão de gosto". No entanto, ele afirmou que seu pai, que recebeu o jornalista na fábrica, "está chateado".

"Meu pai está com 80 anos. Recebeu o jornalista aqui na fábrica e está chateado. Não por terem falado mal do biscoito. Disseram que é insosso, sem sal e sem gosto, e isso é uma questão de gosto. Ele está chateado porque falaram mal da culinária carioca como um todo. Mas ele [o pai], por outro lado, está muito feliz com a repercussão positiva na internet, nas redes sociais, com todos nos defendendo."

Cariocas reagem
Vendedor ambulante há 15 anos, Roberto de Paula afirmou que a opinião do jornalista mostra que ele "não conhece a tradição do biscoito" nas praias cariocas.

"São pessoas que não conhecem a tradição do biscoito. Ele é muito querido nas praias e muito aceito, tanto pela classe alta quanto pela classe baixa, pessoa rica, pobre, criança, adulto", afirmou De Paula.

"Todos gostam muito desse biscoito. Acho que foi uma infelicidade dessas pessoas que falaram mal do patrimônio da cidade."

O vendedor admitiu, no entanto, que o público que mais consome o biscoito que ele vende é formado por brasileiros. “Mas tem pessoas gringas que têm comprado também. E gostam. Não falam mal não. Eles gostam, compram a primeira vez e depois compram de novo."

Carolina Andrade, professora de educação física de 28 anos, moradora de Engenho de Dentro, na Zona Norte, acredita que a declaração do jornalista "foi infeliz" e que Segal "não entendeu o biscoito".

"Eu acho que ele não deve ter experimentado o melhor que nós temos, né? Que é o biscoito Globo, claro, casadinho com o nosso mate da praia, que é maravilhoso. O biscoito Globo é maravilhoso. Ele realmente fez um comentário muito infeliz. Uma pena. Acho que ele não entendeu o biscoito não."

O arquiteto carioca Ricardo Junqueira, de 50 anos, que mora em Brasília, foi categórico a respeito da opinião de Segal: "Acho que ele não sabe de nada". Junqueira diz que sempre que visita o Rio compra biscoitos para levar a uma amiga da capital federal.

"Porque o biscoito Globo está tão enraizado na cultura do carioca que eu estou trabalhando em Brasília e estou levando dois salgados e dois doces para uma amiga minha que mora em Brasilia. Então, o biscoito é muito bom, ele [o jornalista] está enganado. Não entendeu nosso biscoito. Biscoito de polvilho é muito bom."

Redes sociais
Nas redes sociais, há quem concorde com o jornalista. Mas outros reagiram negativamente à opinião de Segal. Houve quem ironizasse a comida norte-americana dizendo que talvez o jornalista tivesse o biscoito se fosse acrescentado a "extra-cheddar-cheese com muito bacon frito em cima". A opção é comum em lanchonetes dos Estados Unidos.

Houve também que declarasse que "estrangeiro falando mal de biscoito globo é tipo a visita reclamar do bolo da sua avó", e ainda outros ressaltando a importância da combinação biscoito/mate.

"Quem falou mal do biscoito Globo tem que ver se comeu bebendo mate porque faz toda diferença sabe", escreveu um dos críticos de Segal.

Fonte: g1-RJ