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Caso Bernardo completa três anos sem definição sobre julgamento dos réus.

Quatro estão presos pela morte do menino de 11 anos no Rio Grande do Sul.

Em 04/04/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Há exatos três anos, Bernardo Boldrini, então com 11 anos de idade, foi dado como desaparecido. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado envolto em um saco plástico e enterrado em um buraco na área rural de Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul. Estão programados diversos atos em diferentes cidades gaúchas, além da publicação da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ que negou o recurso do pai da criança, contra a realização de um tribunal do júri para o caso.

A cidade fica a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, no Noroeste do estado, onde ele nasceu e vivia com a família – o pai, a madrasta e a meia-irmã mais nova. A Polícia Civil investigou e concluiu que o menino morreu em razão de uma superdosagem do sedativo midazolan.

O caso comoveu o país, no entanto, ainda não teve um desfecho. Desde abril de 2014, os quatro réus estão presos, e atualmente aguardam julgamento: o médico cirurgião Leandro Boldrini, 41 anos, pai da criança, a madrasta Graciele Ugulini, 39, a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, 43, e o irmão Evandro Wirganovicz, 34.

Nesta terça (4), data da morte do menino, estão previstas diversas manifestações e homenagens em Santa Maria, onde o corpo de Bernardo está enterrado, em Frederico Westphalen, onde ele foi encontrado, e também em Três Passos. No fim da tarde, uma corrente de oração está marcada para acontecer em frente à casa onde ele morava.

Em agosto de 2015, o juiz Marcos Luís Agostini, de Três Passos, decidiu que o quarteto irá a júri popular. Porém, ainda não há data para que isso aconteça, o que acaba gerando apreensão.

"Causam desconforto porque faz com que o trâmite seja demorado e, ao mesmo tempo, os fatos acabam caindo no esquecimento, então aí entra o que a Dona Jussara (avó do menino) falou, que ela não se sente confortável porque acredita não ter saúde para assistir o desfecho e os réus acabam conseguindo o que eles querem ao interpor recursos de forma sequencial, e assim o processo demora quanto ao seu resultado e julgamento que ele precisa efetivamente ter”, afirma o advogado da avó de Bernardo, Marlon Taborda.

Os jurados decidirão se são culpados ou inocentes dos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (Boldrini e Graciele), triplamente qualificado (Edelvânia) e duplamente qualificado (Evandro), além de ocultação de cadáver. Boldrini também responderá por falsidade ideológica.

Desde então, a defesa de três dos réus entrou com diversos recursos para evitar que isso aconteça. No fim do ano passado, os advogados de Boldrini também entraram com recursos que agora chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa é a última alternativa para a defesa.

O STJ já analisou e negou os recursos. Não há data prevista pra análise do STF. Pessoas diferentes partes do país pressionam o judiciário com o intuito de dar maior celeridade ao caso. A dentista Alessandra Almeida vive em Minas Gerais e não conhecia Bernardo, mas foi até Brasília para tentar fazer com que o julgamento acontecesse logo.

"Nós fomos pra Brasília, tínhamos uma audiência com a ministra do STF Carmen Lúcia e entregamos nas mãos dela toda a história do Bernardo. Nós fizemos um abaixo assinado pela internet para que o júri popular saia logo”, afirmou Alessandra.

O fato tornou pública a história da família Boldrini, marcada por desamparo e negligência em relação ao menino. Órfão de mãe, ele chegou a ir sozinho ao Fórum de Três Passos e ao Ministério Público pedir ajuda e um novo lar para morar.

Segundo a investigação, Graciele e Edelvânia teriam aplicado o medicamento que levou o garoto à morte. Depois, as duas teriam recebido ajuda de Evandro para fazer a cova e ocultar o cadáver. A denúncia do Ministério Público ainda apontou que Boldrini foi o mentor de todo o crime.

Em maio de 2015, os quatro foram ouvidos em audiência em Três Passos. Graciele e Edelvânia preferiram se calar, mas Boldrini e Evandro falaram ao juiz. Ambos negaram qualquer participação no crime.

Boldrini detalhou como era a relação com o filho, como foi o dia da morte do menino e alegou ainda que foi traído por Graciele. Evandro se disse inocente e chorou durante o depoimento.