NEGÓCIOS

Cerberus pensa em investir US$ 2 bilhões em plano alternativo para a Oi.

Desta forma, a participação dos atuais acionistas da companhia seria reduzida.

Em 27/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

São Paulo – O fundo americano Cerberus, especializado em investir em empresas em dificuldades financeiras, deve apresentar até fevereiro seu plano alternativo de reestruturação para a operadora Oi, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

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A ideia do Cerberus é fazer uma injeção de capital de US$ 2 bilhões na tele nos próximos quatro anos, converter parte das dívidas dos com credores em ações e alongar o débito restante.

Desta forma, a participação dos atuais acionistas da companhia seria reduzida, segundo fontes a par do assunto.

Em recuperação judicial desde junho, com uma dívida total declarada de R$ 65 bilhões, a Oi recebeu, há duas semanas, uma proposta alternativa de reestruturação do empresário egípcio Naguib Sawiris, em conjunto com os credores representados pela Moelis. Outro fundo abutre, o Elliott Managment, também deve apresentar um plano para a combalida tele.

O Estado apurou que representantes da Cerberus estiveram em Brasília, há duas semanas, para conversar com representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicações sobre a proposta alternativa.

“O plano do Cerberus não está vinculado a um movimento de consolidação com a TIM. A proposta é que o Cerberus, junto com outros fundos de investimentos, faça um aporte primário (direto na companhia) de US$ 2 bilhões”, disse uma pessoa a par do assunto.

Essa fonte disse que a gestora já fez aportes de US$ 20 bilhões em outras empresas de países emergentes, mas nenhum em companhias brasileiras. Se o investimento se concretizar, o fundo Cerberus será representado no País pela RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K.

O Cerberus fez apresentação detalhada ao governo e propôs mudanças de operacionais e de gestão. A intenção é reduzir os débitos da Oi para R$ 19 bilhões, com o aporte e conversões de débitos em ações. A ideia é converter 30% das dívidas em ações e alongar o débito restante. Já boa parte da multa com a agência reguladora seria transformada em investimentos estruturais.

A maior parte dos atuais acionistas da Oi, que deverá ter a fatia diluída, entrou na companhia comprando ações na Bolsa depois do pedido de recuperação judicial, a preços muito baixos, segundo uma fonte de mercado. As maiores participações estão hoje com a Pharol – que reúne os ex-acionistas da Portugal Telecom – e com o fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure.

Caso a operadora corra o risco de sofrer uma intervenção da Anatel no início ano, o plano poderá ser apresentado até antes de fevereiro, conforme apurou a reportagem.

Recuperação

A operadora entrou com pedido de recuperação judicial em junho. Do total das dívidas, cerca de R$ 50 bilhões são financeiras, que estão nas mãos de “bondholders” (detentores de títulos), bancos privados e públicos. O restante dos débitos é com a Anatel.

O plano do Cerberus propõe um investimento maior em relação ao ofertado pelo egípcio Naguib Sawiris, no último dia 16. A proposta do empresário envolveu um aporte de até US$ 1,25 bilhão – dos quais US$ 250 milhões viriam de Sawiris, que ficaria com 10% da Oi. O mercado considerou a proposta baixa.

Procurados, Cerberus e RK Partners ão comentam. A Oi disse que está aberta a proposta, mas não recebeu de oficial do Cerberus. A Anatel não retornou os pedidos de entrevista.

Por Estadão Conteúdo