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Chance de não haver ruptura em Barão de Cocais é grande, diz Vale

A mineradora também assegura ter adotado todas as medidas preventivas.

Em 28/05/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Reprodução/TV Globo

A Vale divulgou hoje (28) um comunicado informando que suas análises mais recentes apontam que há grande probabilidade de que não ocorra ruptura da Barragem Sul Superior, na Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais. A mineradora também assegura ter adotado todas as medidas preventivas para qualquer cenário e que mantém um monitoramento da situação 24 horas por dia.

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Há cerca de duas semanas, a ocorrência de uma movimentação preocupante no talude de uma cava da Mina de Gongo Soco foi tornada pública tanto pela Vale e como pela Agência Nacional de Mineração (ANM). A cava fica a 1,5 quilômetro da Barragem Sul Superior. O receio é de que o desprendimento do talude, dado como certo, funcione como um gatilho para o rompimento da barragem.

No entanto, a mineradora disse ter agora mais elementos de análise do comportamento da estrutura. Segundo a Vale, os novos estudos apontam que a tendência é de que parte do talude deslize para dentro da cava sem maiores consequências. "Esta hipótese diminui a possibilidade de impacto na barragem Sul Superior", informa em nota.

Não há nenhuma previsão para o desprendimento do talude. Na semana passada, a Vale chegou a dizer que ele ocorreria até o último domingo (25), o que não se confirmou. Desde então, novos prognósticos não foram divulgados. Segundo relatório mais recente da ANM, divulgado nesta manhã (28), a velocidade da deformação na porção inferior do talude é de 19,5 centímetros do dia, com alguns pontos isolados alcançando 23,9 centímetros por dia. Para comparação, em 21 de maio, essa movimentação era de 9 centímetros por dia.

Evacuação

Uma eventual ruptura da barragem Sul Superior pode acarretar nova contaminação na Bacia do Rio Doce, que foi afetada em novembro de 2015 quando se rompeu em Mariana (MG) uma barragem pertencente à Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton. O centro de Barão de Cocais também estaria na rota da inundação. Mais de 400 moradores tiveram de sair de suas casas e foram abrigados em quartos de pousadas e hotéis custeados pela mineradora.

As operações em todas as estruturas da Mina de Gongo Soco estão interditadas seguindo determinação da ANM. No caso da Barragem Sul Superior, a paralisação está em vigor desde 8 fevereiro, quando seu nível de segurança foi elevado para 2. Essa alteração também obrigou a Vale a evacuar a zona de autossalvamento, que inclui áreas que seriam alagadas em menos de 30 minutos ou que estão situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros da estrutura.

Em 22 de março, a Barragem Sul Superior também se tornou a primeira a atingir o nível 3, que é considerado o alerta máximo e significa risco iminente de rompimento. Mais de 30 estruturas da Vale em todo o estado de Minas Gerais estão interditadas. Quatro delas alcançaram o alerta máximo . Paralisações nas estruturas estão sendo determinadas pela Justiça ou pela ANM desde a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em 25 de janeiro deste ano. No episódio, o rompimento de uma barragem da Vale causou mais de 200 mortes.

De acordo com a mineradora, mesmo que não haja ruptura, a barragem Sul Superior permanecerá no nível 3. "Para garantir a segurança de todos, moradores e trabalhadores, a empresa não irá fazer obras na cava, para evitar ter pessoas no local. Já as obras de contenção continuam. A maior das obras é a construção de uma espécie de bacia que, no caso extremo de rompimento da barragem, ajudaria a reter parte dos rejeitos de minério. Além disso, estão sendo colocadas telas e blocos de granito para diminuir a velocidade do rejeito", informou a Vale.

MAIS NOTÍCIAS

Presidente afastado da Vale não precisa ir à CPI de Brumadinho, diz STF

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (28) que o presidente afastado da Vale, Fabio Schvartsman, não é obrigado a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho (MG), instalada na Câmara dos Deputados.

No dia 4 de junho, Schvartsman foi convocado para falar sobre o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, na cidade mineira.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, fala à imprensa após reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Presidente da Vale Fabio Schvartsman. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Atendendo a um habeas corpus protocolado pela defesa, o colegiado entendeu que o presidente afastado não é obrigado a comparecer à CPI. A decisão foi obtida com base em um empate na votação e prevaleceu o voto proferido pelo relator, ministro Gilmar Mendes, favorável a Schvartsman.

Segundo o ministro, o comparecimento compulsório de um investigado na CPI é um instrumento ilegal e de intimidação. No pedido, os advogados afirmaram que Schvartsman ficaria em silêncio e não responderia a perguntas dos parlamentares. O ministro Celso de Mello seguiu voto de Gilmar Mendes. Edson Fachin e Cármen Lúcia entenderam que o presidente poderia ficar em silêncio, mas deveria comparecer. Ricardo Lewandowski não participou da votação.

Em março, Fabio Schvartsman e três diretores da mineradora foram afastados temporariamente por decisão do Conselho de Administração da empresa. Segundo nota divulgada à imprensa, os pedidos de afastamento foram feitos pelos próprios executivos, depois de recomendação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, do Ministério Público de Minas Gerais e da Polícia Civil do estado.

O rompimento da barragem ocorreu em janeiro. Mais de 230 corpos foram retirados dos rejeitos pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

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