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Com produção recorde, Vale deve ter vendas menores que embarques.

Em 21/04/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

RIO DE JANEIRO - A produção de minério de ferro da mineradora brasileira Vale entre janeiro e março foi recorde para um primeiro trimestre, com alta de 11,2 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 86,2 milhões de toneladas, mas as vendas no período devem ser mais fracas que os embarques por uma estratégia da companhia de aumentar estoques no exterior.

A mineradora, maior produtora global de minério de ferro, afirmou nesta quinta-feira em relatório trimestral que o aumento da produção ocorreu com o avanço das atividades nos projetos S11D, em Canaã dos Carajás, Pará, que entrou em operação comercial neste ano, e em Itabiritos, no Sistema Sudeste.

Em relação ao quarto trimestre de 2016, a produção no período caiu 6,7 por cento, devido à sazonalidade climática no primeiro trimestre do ano, que afetou principalmente a performance do Sistema Norte.

O Sistema Norte, que compreende as operações de Carajás, Serra Leste e S11D, também atingiu um recorde para um primeiro trimestre, de 36 milhões de toneladas nos três primeiros meses do ano, alta de 11,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, como resultado da mina S11D.

O BTG Pactual afirmou em nota a clientes que os números apresentados pela Vale, com exceção do níquel, foram fortes e superaram suas expectativas.

O analista do Citi Alexander Hacking afirmou, em relatório a clientes, que a produção foi especialmente forte em Carajás e no Sudeste, destacando que o projeto S11D está avançando conforme o planejado.

Com o resultado, a companhia reiterou sua meta para o ano, que será registrar produção entre 360 milhões e 380 milhões de toneladas. Além disso, a Vale destacou que provavelmente atingirá o caso base de sua meta de 400 milhões de toneladas a partir do final de 2018, conforme apresentado no Vale Day, em dezembro de 2016.

Os embarques de minério de ferro e pelotas do Brasil e Argentina somaram 77,7 milhões de toneladas no primeiro trimestre, alta de 6,1 milhões de toneladas em relação ao mesmo período de 2016, devido, principalmente, à maior produção no Sistema Norte e no Sistema Sudeste.

Os embarques feitos pela Argentina referem-se ao Sistema Centro-Oeste, que compreende a unidade ativa de Urucum.

Menores vendas

Em contrapartida, a Vale explicou que os volumes de venda de minério de ferro serão menores comparados com os embarques realizados do Brasil.

Isso ocorrerá devido a uma estratégia da empresa de aumentar os volumes blendados na Ásia, permitindo respostas rápidas a mudanças de condições de mercado. A iniciativa, por sua vez, demanda o incremento dos estoques no exterior, impactando as vendas.

"Nós esperamos que a Vale reporte vendas fracas de minério de ferro no primeiro trimestre apesar de uma produção de minério de ferro relativamente forte", disse o analista do Goldman Sachs, Humberto Meireles, em relatório a clientes.

Meireles prevê que as vendas da mineradora atinjam 81,3 milhões de toneladas entre janeiro e março, uma queda de 15 por cento ante o trimestre anterior.

A Vale não detalhou quais os impactos que as vendas menores podem trazer para o balanço financeiro da mineradora, previsto para ser publicado na quinta-feira da próxima semana.

A mineradora informou que os volumes blendados na Ásia totalizaram 12,4 milhões de toneladas entre janeiro e março, alta de 6,5 milhões de toneladas em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

O percentual de estoques no exterior em relação ao total aumentou de 15 por cento, em 2015 e 2016, para 23 por cento, no primeiro trimestre, segundo a Vale, refletindo a estratégia em andamento de deslocar os estoques para mais perto dos clientes.

Ao final de 2017, a Vale prevê que os estoques no exterior representem 30 por cento do total do inventário, mas não detalhou o possível impacto nas vendas.

Já a produção de níquel da Vale foi de 71,4 mil toneladas no primeiro trimestre, queda 14 por cento ante o trimestre anterior e recuo de 2,9 por cento ante o mesmo período de 2016 devido, principalmente, a paradas de manutenção na Indonésia e no Japão e a dificuldades operacionais nas operações em Thompson, disse a Vale, sem entrar em detalhes.

Foto: Reprodução Vale