TEMAS GERAIS

Com salários de até R$ 7 mil, servidores dizem estar ociosos.

Servidores da Ufes faziam manutenção, que agora é feita por terceirizados.

Em 16/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Quinze servidores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com salários em torno de R$ 5 mil a R$ 7 mil, contam que estão ociosos porque não há serviço para eles. Segundo os funcionários, que ocupam cargos de manutenção e são efetivados, o trabalho que antes era deles está sendo feito pelas empresas terceirizadas contratadas pela instituição. Sem nada para fazer, eles contam que passam o tempo jogando bocha.

Em nota, a Ufes respondeu que esses servidores, por causa da idade, foram redirecionados para fazer a supervisão de terceirizados ou trabalhos administrativos leves.

Desde o início do ano, a Ufes reclama da queda no repasse pelo Governo Federal, que diminuiu 33,3%. Em virtude desse corte, o mato alto e a falta de limpeza no campus é uma reclamação de quem usa a universidade.

“O cuidado com o espaço público não está muito agradável. Poderia ser bem melhor. À noite aqui é bem deserto, isso pode prejudicar até a questão da segurança”, disse o servidor público Danilo Oliveira. “Eu tenho sentido muito abandono”, contou a estudante Marília dos Santos.

A limpeza das áreas verdes, que era feita todo mês ou a cada dois meses, agora está sendo feita a cada três ou quatro meses. O contrato de limpeza também foi reduzido. Faxineiras foram demitidas pela empresa terceirizada. Para quem ficou, o trabalho aumentou.

“Teve vez de eu pegar 25 banheiros, tudo por minha conta. E aí a gente não dá conta direito, porque é muito banheiro para uma pessao só”, disse uma servidora da limpeza.

Enquanto de um lado há funcionários sobrecarregados, do outro, funcionários efetivos passam o dia sem fazer nada. Eles contam que não há serviço para eles, já que o trabalho que eles poderiam fazer já é realizado pelas empresas terceirizadas.

"Não faço nada. Não dão serviço para a gente. Eles passam o serviço para o pessoal da empreiteira”, conta um servidor, que prefere não se identificar. Outro funcionário confirma. "Não delega. A gente espera o serviço chegar”, diz.

O grupo de funcionários ociosos tem pintor, eletricista, bombeiros hidráulico e marceneiro, por exemplo. Todos são contratados e efetivados há mais de 30 anos.

“Antigamente a Ufes era um espelho. Na época que a gente trabalhava,a não tinha mato, não tinha nada, era pintado, tudo varridinho”, conta um servidor. Outro conta que as empresas terceirizadas agora fazem o serviço que antes era deles. “Depois que terceirizou nós ficamos esquecidos”.

Eles dizem que estão nessa situação há mais de 10 anos. A Universidade diz que, devido à idade, esses funcionários fazem agora a supervisão dos terceirizados ou trabalhos administrativos mais leves.

Mas o servidores contam que, na realidade, a rotina deles é bem diferente. "A gente almoça, depois vai jogar bocha, e vai passando o tempo jogando bocha, até dar a hora de ir embora”. Outro funcionário garante que a idade não é um problema, como afirmou a Ufes. "Eu me sinto bem para trabalhar, só não tem serviço”, diz.

Agora, a Ufes contratou uma parceria com a Secretaria de Justiça (Sejus).Vinte internos do sistema prisional estão trabalhando com pintura, limpeza e manutenção da universidade. Enquanto isso, os servidores experientes, lamentam não poder trabalhar. “Era melhor trabalhar do que ficar parado”, diz um deles.

Mutirão de limpeza

Diante da situação de abandono da Ufes, os estudantes da universidade estão se mobilizando em uma rede social para um mutirão para capinar o mato que toma conta do campus de Goiabeiras, em Vitória. Vai ser no dia 1º de julho.

(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)