ESPORTE INTERNACIONAL

Com time blindado, Peru joga por sonho de mais de três décadas

Seleção do país está a 90 minutos de voltar a disputar uma Copa.

Em 15/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Vocês brasileiros nunca vão entender'. Essa foi uma frase ouvida algumas vezes desde a chegada do GloboEsporte.com em Lima no começo da semana. E em poucas horas na capital peruana, ficou fácil concordar. Presentes em todas as Copas do Mundo e ganhadores de cinco canecos, os brasileiros jamais precisaram viver algo como a epopeia peruana para retornar ao Mundial após 36 anos. É difícil dimensionar a importância que os apaixonados torcedores do Peru estão dando ao duelo com a Nova Zelândia.

São 35 anos sem participar de uma Copa do Mundo. Para se ter uma noção, nenhum dos jogadores do time de Gareca sequer era nascido quando o país disputou pela última vez o Mundial - em 1982. O muro de Berlim não havia sido derrubado, o Brasil ainda vivia em uma ditadura, não havia telefonia móvel...

Outra geração peruana bateu na trave, quando em 1997 o time ficou atrás do Chile na classificação no saldo de gols. Mas agora, resta um passo. Diante da Nova Zelândia, às 00h15 (de Brasília), pela repescagem da Copa da Rússia 2018.

Final de Copa do Mundo nas ruas
Nas ruas, não é exagero dizer que o clima é comparável com o clássico 'final de Copa do Mundo'' no Brasil. O lema da torcida para a partida decisiva diante da Nova Zelândia, pela repescagem, é ''Eu creio em Ti''. A frase está na letra de uma música de apoio cantada em diversas esquinas da capital peruana e está estampada em cartazes pela cidade.

Diante de toda a mobilização, o Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego do Peru comunicou, nesta terça, que se a classificação à Copa do Mundo for alcançada, a quinta-feira (16 de novembro) será feriado no país.

Time blindado; nem Gareca falou
A Federação Peruana de Futebol (FPF) preferiu blindar seu plantel da festa que tomou as ruas de Lima na última semana. Concentrados em um hotel cinco estrelas da cidade, os jogadores evitam até passar pelo lobby, onde há alguns torcedores ficam de plantão esperando por um autógrafo ou uma foto. Poucos familiares puderam fazer rápidas visitas antes do dia do jogo.

Os treinos foram praticamente fechados. A imprensa só pode acompanhar os primeiros 15 minutos de aquecimento. Nem as tradicionais entrevistas coletivas foram permitidas na véspera. Não só os jogadores, mas todos da delegação evitaram dar declarações para jornalistas sobre o jogo.

Comoção por Guerrero só nas ruas
Suspenso devido à acusação de doping por pelo menos 30 dias e fora da repescagem, Paolo Guerrero é um desfalque sem precedentes na Blanquirroja. Capitão e astro do time peruano, ele foi autor do gol que permitiu o Peru continuar sonhando com uma vaga na Copa de 2018. Na seleção, o caso tem sido evitado.

O motivo, claro, é manter o foco no jogo diante da Nova Zelândia. Mas fora da bolha criada pela Federação, as referências ao camisa 9 estão em todos os lugares. Sua ausência é sentida e deixou boa parte da torcida mais emotiva na busca da classificação: ''Vamos buscar pelo capitão'', é repetido pelos peruanos.

E o jogo:

O confronto de ida, na Oceania, terminou 0 a 0. O Peru precisa vencer para se classificar ao Mundial da Rússia. Empate a partir de 1 a 1 classifica a Nova Zelândia. Nova igualdade no Estádio Nacional de Lima por 0 a 0 forçará a prorrogação e, se necessário, pênaltis.

Farfán foi eleito pelo técnico Ricardo Gareca como substituto de Guerrero no primeiro jogo, exercendo a função do camisa 9. Para o jogo desta semana, o treinador testou a formação com ele aberto na direita, e Ruidiaz centralizado.