CIDADE

Comerciantes e moradores de Serra Sede reclamam saída do Fórum

O esvaziamento da cidade está afetando, diretamente, o comércio e a economia.

Em 02/10/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Pedro Augusto/CCNEWS BRASIL

Na manhã desta terça-feira (02), empresários e moradores de Serra Sede realizaram uma manifestação contra o esvaziamento do centro da cidade (a chamada evasão branca), motivado pela saída do Fórum Cível de Serra - Desembargador Antônio José Miguel Feu Rosa, para o bairro São Geraldo.

A manifestação teve início na Praça  da Igreja Matriz, Nossa Senhora da Conceição, com destino ao prédio administrativo da Prefeitura de Serra, onde exigiram a presença do prefeito, Sr. Audifax Barcelos que, após alguns minutos, decidiu recepcionar os manifestantes, cujo objetivo era entregar-lhe a “Carte de Solicitações de Serra”.

Com a chegada do Sr. Prefeito, decidiu-se por eleger uma comissão representativa, composta por 50 (cinquenta) pessoas, para uma conversa no gabinete do prefeito, onde foi feita, efetivamente, a entrega do referido documento.

Edson Quintino, Papelaria Pinte & Borde e ACESS e o prefeito Audifax Barcelos. Foto: Pedro Augusto/CCNEWS BRASIL

O que disse o prefeito e o que ficou decidido com a comissão

Com a comissão, o prefeito fez a seguinte declaração: “Parabenizo a organização do feito e apoio este movimento e queria declarar que o pagamento do aluguel do novo local do fórum não tem participação da prefeitura. Com relação ao Ministério Publico houve a solicitação para que não se retirasse daqui e doei uma área que fica atrás da prefeitura para o Ministério expandir sua área. Algumas coisas que li de forma breve, grande parte tem muita atribuição do governo do estado e gostaria de chamar os candidatos do governo do estado para tratar isso com eles. Houveram muitos investimentos da prefeitura em minha gestão, vamos reiniciar uma obra de mais de 20 milhões de reais para o novo prédio da prefeitura que abrigara mais coisas que foram retiradas daqui”, disse o prefeito.

Após o encontro com a comissão, o prefeito se pronunciou publicamente, para relatar o que foi decidido juntamente com a assembleia: “Aquilo que cabe a mim foi solicitar uma agenda com o Tribunal de Justiça e assim que acertado passarei data e hora para as lideranças do movimento estarem comigo nessa reunião. A segunda questão é a prefeitura entrar na justiça contra a saída do Fórum a favor da lei, e eu autorizei a procuradoria a fazer. Outra coisa e trazer para cá, o Centro de Treinamento da Educação que é um movimento de quatro mil pessoas. Vamos fazer também duas construções importantes, o novo Instituto de Previdência dos Servidores do Município da Serra (IPS) e um prédio novo para a prefeitura onde funciona a feira da Serra Sede, com o intuito de trazer tudo que esta fora, de volta para Serra Sede. O projeto de revitalização esta em fase final e ate o final do ano espero estar realizando essa obra e a obra de queimado também dentro de um mês”, finalizou o prefeito Audufax Barcelos.

O que dizem as entidades representativas

A Associação Comercial e Empresarial de Serra (ACESS), juntamente com a Associação dos Moradores de Serra Sede, que formam o movimento “Serra Sede Forte”, lideraram a manifestação, de forma pacífica, carregando cartazes e faixas. Eles reivindicam através de um documento entregue ao prefeito municipal, cujo objetivo é denunciar e combater o rápido e grave esvaziamento comercial e a perda da identidade da região como sede jurídica da cidade, provocada pela saída do Fórum.

 “É uma atividade da sociedade civil organizada, onde se reuniram os comerciantes em torno da ACESS e também o movimento Serra Sede Forte, que organizou as lideranças comunitárias e a população para protestar contra esse descaso com a Serra Sede. Historicamente essa região abriga a administração pública, as outras regiões do município tem indústrias, tem o comércio e aqui esta basicamente a administração pública. Se retirada essa administração não sobra mais nada. Aqui temos um terço da população da Serra e a quase quatro décadas não temos investimentos estruturais no centro”, disse Edson Quitino, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Serra (ACESS), referindo-se à saída do Poder Judiciário (Fórum), ficando, apenas, os Poderes Legislativo e o Executivo. .

A presidente da Associação dos Moradores de Serra Sede, Mari Sueli Nunes Rodrigues, relatou como o esvaziamento tem afetado a população: “Estamos realizando esta manifestação com intuito de resgatar os órgãos públicos que foram retirados daqui do centro. O fluxo de pessoas movimentando o centro da cidade esta caindo muito, e eu como presidente da Associação vejo a questão da violência que tem crescido devido a este acontecimento, porque com o numero menor de pessoas nas ruas, o índice de assaltos aumentou. Estamos aqui reunidos não só moradores de Serra Sede, mas de bairros adjacentes. Estamos buscando uma revitalização do centro, porque isso não será bom só para nós, mas para todos os bairros em volta”, diz Mari Nunes.

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Mari Sueli Nunes Rodrigues, presidente da Associação dos Moradores de Serra Sede. Foto: Pedro Augusto/CCNEWS BRASIL

O que dizem os empresários

Já o comerciante, Natal Luiz Cassaro, disse que  os impactos do esvaziamento afetam diretamente a movimentação da economia. "Isso causa um medo para a população de Serra, porque pode acontecer ate da prefeitura sair daqui. As pessoas que as vezes vinham no Fórum para as audiência, aproveitavam para ir aos comércios, almoçar, comprar algo que precisava, e agora esse movimento reduziu muito. Já sou comerciante aqui a 30 anos e tenho sentido o esvaziamento", afirmou Cassaro.

Natal Luiz Cassaro, Coluna Material de Construção. Foto: Pedro Augusto/CCNEWS BRASIL

A comerciante do setor de varejo de alimentos, Filomena Falqueto, afirmou que o fluxo de pessoas reduziu, exponencialmente, com a saída do Fórum, prejudicando o comércio e a economia. “Esse movimento ocorre a mais de dois anos, nós nos reunimos com o intuito de manter nossa Serra Sede fortalecida, visto que existe uma Lei sendo descumprida, com essa saída meio que na surdina dos órgãos públicos da nossa Sede, o fluxo de pessoas diminuiu muito, isso prejudica o comercio com muitas lojas fechando e muitas pessoas estão fechando locais de trabalho que sustentam a nossa cidade. Isso é muito impactante, andando pela Serra se vê muitas lojas com placas de aluga-se porque os nossos espaços de trabalho estão sendo fechados”, disse a comerciante.

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Filomena Falqueto, Supermercados Falqueto. Foto: Pedro Augusto/CCNEWS BRASIL

O que dizem os moradores

Manoela Pimentel, economista e moradora do Centro de Serra, também aderiu a manifestação “A maior parte dos comerciantes daqui de Serra Sede são pessoas que a gente convive diariamente, eu não sou comerciante mas moro aqui desde que nasci. Pelo que podemos ver, nesses últimos anos, eles tem passado muitas dificuldades, com a questão do fórum, pois, pessoas são atraídas e aumenta o movimento. Houve uma perda muito grande. Eu apoio esta causa e que outros órgãos também retirados daqui, voltem. Geralmente as pessoas resolviam tudo aqui, vinham a prefeitura, ao fórum e agora dificulta mais” completou a moradora.

O que diz a Lei Municipal 4237

Com base na lei municipal 4237 criada em 2014 que dispõe sobre a obrigatoriedade das instalações e ampliações dos prédios do poder executivo, legislativo e judiciário somente na sede do município, os manifestantes cobram o descumprimento e um posicionamento da prefeitura da cidade, devido à decadência da economia local.

O que diz o TJES

O prédio que passou a funcionar como novo endereço do Fórum Cível de Serra - Desembargador Antônio José Miguel Feu Rosa, está localizado na Avenida Carapebus, nº 226, Bairro São Geraldo, possui uma área de mais de 6.570 m², bem próximo do terminal rodoviário de Carapina, ou seja, um local de fácil acesso, que segundo o juiz diretor do Fórum, Dr. Alexandre Farina Lopes, possui acomodações perfeitamente adequadas para o atendimento aos jurisdicionados:

“Hoje, o jurisdicionado que procura o Fórum Cível serrano estará muito bem atendido, assim como os juízes e os operadores do Direito, com uma estrutura que atende a todas as exigências do Conselho Nacional de Justiça, e os magistrados atenderão à altura”, disse o juiz diretor do Fórum de Serra. (http://www.tjes.jus.br).