ECONOMIA NACIONAL

Confiança empresarial atinge melhor marca desde 2014, aponta FGV

O ICE subiu 1,3 ponto em setembro e chegou à terceira alta consecutiva.

Em 09/10/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu 1,3 ponto em setembro e chegou à terceira alta consecutiva. O indicador foi para 87,3 pontos, alcançando a melhor marca desde dezembro de 2014. Os dados foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para o especialista em finanças Marcos Melo, o resultado apresentado é bom para a economia e representa uma segurança que os empresários têm para investir nos negócios. “Um dos fatores que são fundamentais, inclusive, para ter um retorno da atividade econômica, é justamente a perspectiva do empresário, principalmente, em ver que, no futuro ele vai ter a possibilidade pelo retorno, do investimento que ele vier a fazer agora", explicou.

De acordo com o balanço, o Índice de Situação Atual – que mede as expectativas em relação a vendas, compras e emprego de um futuro próximo – foi o que mais contribuiu para o aumento da confiança empresarial. O indicador subiu 1,2 ponto em relação ao mês anterior e alcançou 82,9 pontos. Para o deputado Federal Celso Maldaner (PMDB-SC), membro da Comissão de Agricultura, um dos setores com boas perspectivas na economia nacional é o agronegócio. “O que tem salvado a balança comercial, o que tem trazido otimismo em todos os setores foi o agronegócio. Claro que agora a indústria começa a mostrar um positivo, a economia está se separando da parte política. Mas graças a Deus, depois de três anos de crise, agora nós vamos voltar a crescer.”

O deputado Federal Helder Salomão (PT-ES) vê a retomada da economia também para as micro e pequenas empresas. De acordo com o parlamentar, a taxa de empregabilidade no setor tem apresentado bons resultados. “O saldo líquido de emprego já indica que as micro e pequenas empresas estão gerando mais empregos do que demitindo. Isso depois de uma tendência de queda também entre esse segmento, nos últimos meses. Entendo que, depois de um momento político complicado, as empresas estão chegando à conclusão que elas não podem ficar esperando pelo poder público.”

No mês passado, todos os grandes setores da economia registraram alta na confiança entre os empresários. O maior destaque foi para o comércio, com 0,6 ponto. O serviço avançou 0,5 ponto. Já a indústria e a construção subiram 0,1 ponto cada.

Para entender como funciona e o que representa o Índice de Confiança Empresarial para a economia brasileira, a Agência do Rádio Mais conversou com o superintendente de Estatísticas Públicas do FGV/IBRE, Aloisio Campelo. Entre os principais pontos, o especialista destacou a recuperação econômica e o estímulo empresarial a segmentos como serviços, comércio e indústria.

Que fatores são levados em conta para se chegar ao Índice de Confiança Empresarial (ICE)?

Mensalmente são consultadas 5.500 empresas no Brasil, todas representativas dos principais setores. Setores estes que costumam acompanhar o ciclo da economia como um todo nos segmentos de serviços, comércio, indústria e construção. As perguntas que geralmente compõem os índices de confiança têm dois horizontes, uma percepção sobre como está o ambiente de negócios no momento, como está o nível de demanda, como está a lucratividade, além de observar se as empresas pretendem contratar nos próximos meses, se as empresas esperam que a produção ou vendas aumentem.

Entre os principais setores que movimentam a economia, quais têm se destacado mais sob o ponto de vista empresarial?

Nos últimos 12 meses, a indústria tem saído um pouco na frente, influenciada pelas vendas ao mercado externo. Nós estávamos com alguns problemas com vizinhos da América Latina, principalmente o setor automobilístico com a Argentina. Isso se desenrolou bem, então o setor está exportando mais. Ao mesmo tempo, o câmbio não está tão ruim em comparação aos últimos anos, o que era desfavorável para as exportações. Além disso, deve-se levar em conta o crescimento mundial em geral, que está mais forte do que se esperava. Com o canal externo mais favorável, internamente se tem alguma recuperação das compras, mais especificamente a partir do segundo trimestre deste ano com a entrada do FGTS. Nós tivemos também uma ajuda da safra agrícola, com vendas de produtos industriais ligados ao setor agropecuário, como fertilizantes, adubos, tratores. Além disso, a entrada do FGTS estimulou a venda de eletroeletrônicos e automóveis.

O senhor avalia que esses números demonstram uma recuperação da economia? Isso pode ampliar os investimentos no setor empresarial?

Se nós considerarmos que em dezembro de 2014, segundo nosso Comitê de Datação do Ciclo Econômico, o país estava em recessão, o fato de o índice agora ter retornado a um nível comparável ao final de 2014 não é tão favorável porque naquele momento a economia já não ia tão bem. De qualquer forma, nós já estamos com o melhor resultado em quase três anos, já é um avanço bem grande. O que me causa satisfação em ver que a economia realmente está recuperando é que os indicadores ligados à situação presente dos negócios em 2017 começaram a avançar mais rápido nos últimos meses. Nós tivemos no ano passado em 2016 uma melhora dos índices de confiança, mas foi totalmente influenciada por expectativas. Quer dizer, as empresas achavam que a situação ia melhorar, mas a economia ainda não tinha condição de avançar na velocidade que se esperava. Para mim, em algum momento o setor empresarial fez um ajuste, uma calibragem para baixo, por que as expectativas continuavam achando que a situação parecia que ia melhorar, mas não melhorava. Em 2017, nós estamos vendo que quando o empresário olha para a situação presente, ele gradualmente está dando resposta um pouco mais favorável, tem menos gente dizendo que a demanda está fraca, que a situação dos negócios está muito ruim. Com isso, ganham muito mais consistência sob esse ponto de vista.

A tendência é que o índice melhore nos próximos meses?

O que dá para dizer é que o bom resultado do ICE em setembro mostra que a recuperação da economia ganha força, se dissemina entre os diferentes setores e se sobrepõe aos ruídos do ambiente político, responsáveis pela rateada do índice em junho. Um bom sinalizador de consistência da atual tendência de alta da confiança empresarial é a lenta, mas contínua, melhora da percepção sobre as condições correntes do ambiente de negócios.

(Foto: Divulgação)