ECONOMIA NACIONAL

Copom decidiu que vai manter Selic em 6,5% ao ano

Decisão do Comitê de Política Monetária do BC era esperada pelo mercado financeiro.

Em 02/08/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Divulgação

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (1º) manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 6,5% ao ano.

A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. Esta é a terceira vez seguida que o Copom decide não alterar a taxa Selic.

A taxa está no menor patamar desde o início do regime de metas para a inflação, adotado em 1999.

Taxa Selic

De outubro de 2016 a março de 2018, a Selic foi reduzida 12 vezes seguidas, passando de 14,25% ao ano para 6,5% ao ano.

Em maio deste ano, em meio à volatilidade do câmbio e das turbulências do cenário externo, o Comitê pôs fim ao ciclo de cortes nos juros.

A expectativa dos analistas é que a taxa seja mantida neste patamar até o fim de 2018 e chegue a 8% em 2019.

No comunicado divulgado após a reunião, o Comitê não deu indicações sobre manutenção ou alteração na Selic nas próximas reuniões.

"Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", diz.

Greve dos caminhoneiros

Na nota, o Copom reiterou a avaliação de que a paralisação dos caminhoneiros, em maio, teve efeito negativo temporário sobre a economia.

"Indicadores recentes da atividade econômica refletem os efeitos da paralisação no setor de transporte de cargas, mas há evidências de recuperação subsequente. O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual do que aquele esperado antes da paralisação", diz o texto.

Segundo o comitê, os efeitos da greve nos preços foram sentidos em junho, mas as projeções para a inflação nos próximos meses ainda seguem em níveis "muito baixos".

Cenário externo

O Copom avalia que, embora ainda siga "desafiador", o cenário externo apresentou "certa acomodação" no período recente.

Após um longo período de disparada do dólar, a moeda americana caiu gradualmente nos últimos dias e opera em torno de R$ 3,75.

O BC informou ainda que uma possível “deterioração do cenário externo para economias emergentes”, como o Brasil, teria efeito negativo sobre a inflação.

O Banco Central afirma também que os principais "riscos para a inflação estão ligados à política de normalização das taxas de juros nos Estados Unidos e à instabilidade no comércio global.

Nesta quarta-feira (1º), o Banco Central americano, Fed, decidiu manter a taxa no patamar atual. Mas os investidores esperam dois aumentos dos juros americanos até o final do ano, o que impacta as moedas e os investimentos em países emergentes, como o Brasil.

Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia e serve como referência para todas as demais taxas cobradas das famílias e empresas.

Apesar de a taxa estar no menor nível da série histórica, os bancos ainda cobram caro pelo crédito. Modalidades como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito têm juros de cerca de 300% ao ano.

A cada 45 dias, o Copom se reúne para calibrar o patamar da taxa Selic buscando o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Inflação

Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%. O sistema prevê uma margem de tolerância, para mais ou para menos. Por isso, a meta é considerada formalmente cumprida pelo Banco Central se ficar entre 3% e 6%.

A estimativa mais recente do Banco Central é de que a inflação fique em 4,2% neste ano. Os economistas projetam inflação de 4,11%.

Quando a inflação está alta ou indica que vai ficar acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito (financiamentos, empréstimos, cartão de crédito), freando o consumo e reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação cai.

O Copom reduz os juros quando avalia que as perspectivas para a inflação estão em linha com as metas determinadas pelo CMN.

A taxa é mantida quando o Copom identifica o cenário vigente como positivo, mas identifica possíveis riscos para o cumprimento da meta de inflação no futuro, que exigem cautela.