ESPORTE NACIONAL

Corinthians perde quando vai bem e ganha quando joga mal

Derrota para o Atlético-GO, neste sábado, repete enredo do tropeço diante do Vitória.

Em 27/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O mesmo Corinthians que passou 19 rodadas invicto e terminou a metade inicial do Campeonato Brasileiro com aproveitamento de 82,4% somou apenas três pontos de nove disputados no returno. O mais incrível é que a única vitória depois da "virada" da competição veio no pior jogo do time nesta série, contra a Chapecoense. Já nas duas derrotas, incluindo a do último sábado, para o Atlético-GO, por 1 a 0, o líder teve volume, chances e domínio. Mas perdeu.

Olhe bem para esta tabela abaixo:

O CORINTHIANS NOS 3 JOGOS DO RETURNO

ADVERSÁRIO FINALIZAÇÕES CHANCE REAL DE GOL CRUZAMENTOS ESCANTEIOS POSSE DE BOLA ROUBADAS DE BOLA
ATLÉTICO-GO 32 9 30 11 66% 17
CHAPECOENSE 6 4 10 3 58% 10
VITÓRIA 16 8 28 9 72% 21

Percebe-se o quanto o Timão amassou os dois oponentes que recebeu em Itaquera, Vitória e Atlético-GO. Nos dois jogos, alguns números se assemelham: chances reais de gol, escanteios, cruzamentos, posse...

Mesmo assim, a equipe saiu de campo nas duas ocasiões com o placar desfavorável de 1 a 0. Por outro lado, em Santa Catarina, quando o Corinthians jogou mal e levou pressão da Chape, ganhou com um gol de Jô aos 44 do segundo tempo.

Daí a concluir que não é possível associar os resultados negativos a uma eventual queda de ritmo no time de Fábio Carille.

– O futebol se resume em gols. Criamos oportunidades e, se você faz o gol, o jogo muda – disse Carille, após a derrota deste sábado.

Diante dos goianos, por exemplo, o problema não foi declínio na intensidade do Corinthians. Queda de qualidade, sim, pela ausência de alguns titulares – Arana e Jô foram as mais sentidas.

 Escalação do Corinthians contra o Atlético-GO (Foto: GloboEsporte)

Escalação do Corinthians contra o Atlético-GO (Foto: GloboEsporte)

Time ficou "penso"

A diferença técnica entre Arana e Moisés, talvez, seja a mais significativa quando Carille precisa trocar um titular por um reserva nesse elenco. Quando Jadson ou Rodriguinho estão fora, por exemplo, há Marquinhos Gabriel ou Clayson, jogadores que podem não ter os mesmos recursos, mas não interferem tanto na dinâmica tática do Corinthians.

No caso de Moisés, cria-se um vácuo ofensivo. Arana joga quase como um ponta em determinados momentos das partidas, fazendo ultrapassagens com Romero ou quem estiver atuando pela esquerda do ataque. Moisés, não. É bem mais contido.

Não à toa, diante da retranca do Atlético-GO, que plantou os 11 jogadores atrás dessa linha central, Moisés ficou limitado às funções defensivas. Na hora de atacar, Clayson jogou praticamente sozinho pelo lado canhoto.

Assim, com o passar dos minutos, o Corinthians foi ficando "penso" para a direita, onde a dupla Fagner e Jadson (depois, Marquinhos Gabriel) funcionou, mas se tornou manjada – uma das razões para muitos dos 30 cruzamentos corintianos no jogo.

Gol não é detalhe

Não foi por falta de oportunidades que o Timão saiu zerado de Itaquera. Clayson, Fagner, Kazim... O próprio Gringo da Favela admitiu, depois do jogo, que não poderia ter desperdiçado a sua. Veja abaixo o vídeo do lance e o da entrevista dele após a partida.

Não se pode, é claro, tirar o mérito do adversário, que, além do gol, criou outras boas ocasiões para ampliar, quando o Corinthians já se lançava mais desorganizadamente à frente – algo que se deu também na derrota para o Vitória, quando o time de Vagner Mancini poderia até ter saído com placar mais elástico.

Aliás, é bom o líder do campeonato se preparar. Cenários como os dessas duas partidas tendem a se repetir, especialmente diante de rivais que o visitam em Itaquera. Mas ainda aposto, por mais que Carille não acredite em sorte ou azar, que o problema do time nesses tropeços tenha mais a ver com jornadas não tão afortunadas do que com incompetência.