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Cozinheira reduz dívida de R$ 40 mil para R$ 965 em mutirão no ES.

Negociação aconteceu em evento realizado pelo Procon, em Vila Velha.

Em 17/05/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O mutirão de negociação de dívidas do Procon do Espírito Santo, em Vila Velha, terminou em alívio para a cozinheira Marluce Bernardo. Ela conseguiu reduzir uma dívida de mais de R$ 40 mil para R$ 965. Desempregada, ela não teve como pagar o guarda-roupa e a comida que tinha comprado, os juros cresceram e a dívida ficou maior do que ela podia pagar.

Marluce contou que tinha feito as compras em 2012. O guarda-roupa custou aproximadamente R$ 400,00 e a compra de supermercado cerca de R$ 500. "O guarda-roupa acabou, não existe mais. Não durou nem tanto tempo, não durou nem dois anos. A compra também. E a dívida só crescendo", disse.

Desempregada e morando apenas com os quatro filhos, Marluce disse que não conseguiu pagar porque priorizou a compra de comida para a casa.

"Eu conseguia um freelancer, fazia um extra, mas esse dinheiro eu dava prioridade para as crianças. Sem marido e com quatros filhos pequenos dentro de casa era difícil", contou.

Antes de ir até o mutirão, Marluce não tinha esperanças de conseguir pagar a dívida.

"Eu pensei: eu estou devendo mais de R$ 7 mil na praça, eu não vou conseguir quitar essa dívida. Então eu vou ver o dia que Deus me abençoar, ganhar na loteria, para eu conseguir quitar essa dívida", contou.

No dia 3 de maio, segundo dia do mutirão, a cozinheira encontrou algumas mulheres que queriam saber o endereço do local das negociações. Foi assim que ela decidiu ver como estavam as suas dívidas.

A primeira negociação foi com o banco do cartão de crédito que ela tinha feito as compras de comida. "A moça disse que eu estava devendo R$ 32.473,00. Eu falei 'eu vou levantar, porque eu quase caio da cadeira. Eu não vou conseguir pagar não'. Ela me pediu calma e disse que ia me ajudar", lembrou.

A dívida do banco foi reduzida de mais de R$ 32 mil para uma primeira parcela de R$ 150 e outras três de R$ 100.

Em seguida, Marluce negociou com a financeira, de onde ela havia comprado o guarda-roupa. A dívida estava em R$7.816,73 e foi dividida em uma entrada de R$ 7 e cinco vezes de R$ 89.

Feliz com a redução expressiva da dívida, a cozinheira, que hoje está encostada pelo INSS após sofrer queimaduras no trabalho, espera pagar a dívida e limpar o nome.

"Agora em nome de Jesus eu vou conseguir pagar. É bom lembrar também que não adianta você ir no mutirão, fazer o acordo e não conseguir pagar. Você tem que ir, negociar com eles, tem que falar o que você pode pagar, o quanto pode, para conseguir. A dívida pode voltar tudo de novo", completou.

Mais negociações
A desempregada Joselene Batista também comemorou as negociações. Uma dívida de R$ 11 mil foi reduzida para R$ 190. Ela tinha se enrolado com as compras do cartão de crédito.

"Eu estava querendo construir e fui comprando até o momento que eu percebi que não tinha mais pagar. Fiquei desempregada. Eu peguei empréstimo para conseguir pagar e mesmo assim não consegui. Foi a pior tristeza da minha vida", disse.

Agora, ela está feliz e aliviada com a negociação. "Eu estou contente, meu nome está limpo na praça e vou poder comprar de novo", completou.

Orientação
O economista Eduardo Araujo afirmou que é preciso se organizar para conseguir pagar os parcelamentos feitos no mutirão e não cair em dívidas novamente. "Se não se organizar, a pessoa pode voltar com a dívida inicial e perder todo o desconto da negociação", explicou.

O ideal é que as despesas sejam reduzidas para 70% do orçamento da casa. "Se uma família recebe em torno de R$ 1,5 mil, é indicado que ela gaste R$1 mil. Pode acontecer também da pessoa perceber que tem que cortar despesas e gera mudança de comportamento", pontuou.

Sobre o cartão de crédito, o economista disse que é preciso ter disciplina para usar o cartão de crédito. "A pessoa vai fazendo o pagamento mínimo da fatura e vai pagando uma taxa de juros muito elevada, que chega a 400% ao ano. O ideal é que as pessoas se programem para fazer compra a vista", completou.

Fonte: G1-ES