ESPORTE NACIONAL

Cuca volta ao Palmeiras e diz ter responsabilidade muito maior.

Ele substitui Eduardo Baptista, demitido na semana passada.

Em 09/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Cuca está de volta ao Palmeiras. Depois de muita expectativa entre os torcedores, o treinador campeão brasileiro de 2016 foi apresentado na Academia de Futebol nesta terça-feira e iniciou a sua terceira passagem pelo clube – a segunda como técnico. Ele substitui Eduardo Baptista, demitido na semana passada, após derrota para o Jorge Wilstermann, na Bolívia, pela Libertadores.

Cuca já comanda o treinamento da tarde desta terça, quando começa a preparação da equipe para enfrentar o Vasco, no próximo domingo, em casa, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Os ingressos estão à venda.

Cuca foi apresentado pelo presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, e pela presidente do grupo Fam/Crefisa, Leila Pereira, patrocinadora do clube. Galiotte ressaltou que Cuca só saiu do clube em dezembro por alegar "questões particulares".

– Eu saí no começo de dezembro, quando avisei que não iria ficar por motivos pessoais, familiares. Pretendia dar uma atenção maior e dei à família. Não determinei prazo específico de quando ficaria parado. Em teoria, cinco, seis meses, como acabou acontecendo – disse Cuca.

– Na sexta-feira, recebi ligação do Alexandre (Mattos) em cima de um possível retorno meu. Ele disse que se eu não viesse, viria outro. Eu estava até em negociação no mercado asiático. Se não viesse para cá, iria para lá. Já estava em condição de trabalhar, ainda que não tivesse feito o que queria, que era ver alguns treinos no mercado europeu – completou o treinador.

Cuca reafirmou que tinha a possibilidade de voltar a trabalhar no exterior e disse ter ficado "em dúvida" sobre voltar ao Verdão, mas acabou topando o desafio.

– Eu estava com alguma dúvida, sinceramente, em voltar ao Palmeiras, porque é muito precoce, muito em cima. Tinha condição de sair (para o exterior) também – disse Cuca.

– Um dos motivos principais que me fez vir foi o conhecimento de casa que tenho. É um trabalho muito difícil, responsabilidade muito maior, mas com conhecimento de casa bom, o que abrevia o trabalho. Todos sabem o carinho que tenho pelo clube – completou o treinador.

Momento especial

Em alta com a torcida, Cuca retorna ao Verdão cinco meses após ter deixado o clube, logo após a conquista do Brasileirão.

Palmeirense desde a infância, Cuca dirigiu o time alviverde em 51 partidas, com 29 vitórias, 11 empates e 11 derrotas.

Como jogador, Cuca atuou pelo Palmeiras em 1992, mas se despediu meses antes de o time sair da fila. No currículo, apenas um vice-campeonato paulista daquele ano. No total, foram 24 jogos com a camisa 8, 13 vitórias, quatro empates, sete derrotas e sete gols marcados.

Além de Cuca, que terá parte dos vencimentos pagos pela Crefisa, a comissão técnica campeã brasileira também volta a trabalhar na Academia de Futebol: os auxiliares Cuquinha e Eudes Pedro e o observador técnico Daniel Cerqueira reforçam o Verdão.

Veja os principais tópicos da apresentação de Cuca:

Retorno ao clube

– Eu saí no começo de dezembro, quando avisei que não iria ficar por motivos pessoais, familiares. Pretendia dar uma atenção maior e dei à família. Não determinei prazo específico de quando ficaria parado. Em teoria, cinco, seis meses, como acabou acontecendo. Na sexta-feira, recebi ligação do Alexandre (Mattos) em cima de um possível retorno meu. Ele disse que se eu não viesse, viria outro. Eu estava até em negociação no mercado asiático. Se não viesse para cá, iria para lá. Já estava em condição de trabalhar, ainda que não tivesse feito o que queria, que era ver alguns treinos no mercado europeu.

Ainda sobre o retorno

– Eu estava com alguma dúvida, sinceramente, em voltar ao Palmeiras, porque é muito precoce, muito em cima. Tinha condição de sair também. Um dos motivos principais que me fez vir foi o conhecimento de casa que tenho. É um trabalho muito difícil, responsabilidade muito maior, mas com conhecimento de casa bom, o que abrevia o trabalho. Todos sabem o carinho que tenho pelo clube.

Sobre a promessa do título brasileiro, que se concretizou em 2016

– Aquele episódio em que falei que iria ser campeão brasileiro foi uma ajuda, uma defesa que pus aos jogadores. Um dia antes, havia acontecido de a torcida ter vindo (pressionar) no CT. No domingo, tomamos 4 a 1 em Presidente Prudente (do Água Santa, pelo Paulistão). Na ocasião, lembro que disse que seria o fundo do poço. Tirei o peso dos jogadores e assumi. Acabou dando certo.

Momento do clube

– O momento é inverso. O Palmeiras se autopressionou por conta disso, por achar que vai ganhar tudo. Acho que foi prejudicial até para o Eduardo, porque no primeiro campeonato que ele não ganhou teve cobrança muito grande. E ele tinha campanha muito boa em percentual de pontos. Isso atinge o treinador, o jogador, que fica pressionado. O Palmeiras investiu muito, mas o futebol não é assim. O Palmeiras tem necessidade de brigar pelos títulos, mas não obrigação. Os jogadores têm que executar com tranquilidade.

Elenco atual

– Eram situações diferentes. Jogamos como dava, precisava ser campeão, dentro da lei. Se a gente fizer comparativo aqui do time do ano passado em relação ao desse ano, foi trocado o Moisés pelo Felipe Melo. O Guerra pelo Cleiton Xavier. E o Borja ou o Willian pelo Gabriel Jesus. Os demais, é o mesmo time. O que melhorou e o que piorou? Pode ganhar tudo, mas não precisava falar hoje. Tem que trabalhar quietinho, como mineiro, pelos cantinhos. Hoje, o Palmeiras ganhar de 1 a 0 é questionado, porque não convenceu. Isso é uma coisa que nós mesmos nos intitulamos assim. De fora vendo, acho que é algo desnecessário puxar isso. A responsabilidade existe, não precisa falar nela todo dia. Hoje, o trabalho é um pouco menos difícil, vinha de dois anos na China. Agora, não, estava assistindo aos jogos. Tenho conhecimento de grupo, de casa. Abrevia muito o tempo isso. Lógico que vim no carro pensando muitas coisas em cima de time. Muitos dos que vieram foram por indicação minha. Independentemente se fui eu que indiquei ou não, vão ter as mesmas obrigações.

Precisa de reforços?

 

– Vamos precisar de todo o elenco, todos vão ter oportunidade. Num período de duas ou três semanas, vou ter condição boa de dar uma avaliada e passar o que eu penso para o Alexandre (Mattos).

 

Vai ter mais paciência do torcedor, Cuca?

– No domingo, sim (risos). Mas na sequência a pressão é igual. No Palmeiras, tem que jogar bem todo dia. Ganhar de 1 a 0 não é suficiente. Foi feito um investimento muito grande. Mas esse investimento não foi para o Palmeiras só de agora. Trouxe Luan, Antônio Carlos, Hyoran, Willian, Keno, Veiga... São quase todos jovens, que encorpam muito o elenco.

O que pode aproveitar do trabalho do Eduardo Baptista?

– O Eduardo passou uma sensação muito boa para quem assistia aos jogos, sobre ficar com a posse de bola, controlar o jogo. Infelizmente, não chegou à final paulista. Em diversas ocasiões, a gente viu o Palmeiras jogando bem, buscando o resultado, com alma. Particularmente, acho que ele fez um trabalho bom.

Sobre a calça vinho, Cuca brincou:

 

– A calça ficou para o Palmeiras, o pessoal me pediu, deixei lá. 350 paus (risos).

 

Sobre vestiário

– Quando se sai de um clube por escolha sua, o próprio jornalista não acha que o Cuca saiu por isso. Saiu porque teve problema, não gostava do grupo. Mas sempre tive ambiente bom. Nunca briguei com Alexandre ou jogador. Tem situações que você tem que pôr o dedo, e eu faço isso, como posso voltar a fazer, sempre no afã de melhorar. O time, o jogador e a pessoa.

A Libertadores é um desafio?

– O motivo é treinar o Palmeiras. Se eu não estivesse aqui, estaria em outra equipe. Tenho carinho muito grande e quero vencer. Campeonato Brasileiro é difícil, Copa do Brasil, Libertadores mais ainda. Assim como o Palmeiras, todos querem vencer. Temos que nos preparar bem. Tem que estar superpreparado.

Comparação entre a Libertadores de 2016 e a atual

– Estamos em uma condição mais preparada. Jogávamos o penúltimo fora, e o último dependendo do Nacional não perder. Hoje você depende só de você, é mais favorável. Mas é perigoso. O adversário (Tucumán) está se preparando para ganhar.

Calendário

– Já olhei que temos 31 jogos em 103 dias, mas agora a Libertadores é mais espaçada. Lógico que se for priorizar algo, vai priorizar a maior e a que estiver mais próxima do final. Como priorizamos o Brasileiro em relação à Copa do Brasil no ano passado.

O que tem da equipe de 2016 na atual, Cuca?

– Aquela equipe está aí, foi a melhor do Paulista em pontos. Teve um dia ruim em Campinas e acabou ficando fora. É uma continuação do Eduardo. Uma ou outra coisa minha, eu vou pôr. Jogador tem que entender que, em competição de mata-mata, você não tem direito de ter dia ruim, senão fica fora.

Reforços especulados: Danilo Avelar e Ganso

– Nunca ouvi falar de Danilo Avelar. Ganso também não tenho acompanhado. Para mim, é novidade. Ideia do elenco eu tenho, tenho muito trabalho. Primeiro vou falar com os atletas. Tem jogador que pode sair no meio do ano, temos que ficar atentos. Se perder alguém, é natural que recomponha.

Sobre as diferenças de esquema tático

– Não tenho uma maneira de jogar. Gosto de jogar à frente, arriscando mais na frente. Não vejo que tenha muita mudança. Era sistema bom com o Eduardo, variava também. Muitas vezes, jogava até sem volante. Quando acontece alguma coisa boa, é bom para nós, treinadores.