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CVM abre 2 investigações sobre a JBS por operação em câmbio.

Empresa é alvo de 8 processos na comissão que regula mercado de capitais.

Em 31/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instaurou na terça-feira (31) dois inquéritos administrativos contra a JBS para investigar a atuação da companhia no mercado de dólar futuro e negociações do acionista controlador com ações da empresa. As operações foram feitas dias antes da divulgação da delação premiada dos executivos da empresa, que mexeu com o mercado financeiro.

Os inquéritos foram instaurados para dar sequência às apurações iniciadas em processos administrativos abertos em 19 de maio. No total, a CVM já abriu oito processos envolvendo a JBS, após as notícias atreladas à delação de acionistas controladores da companhia.

A JBS, seus controladores e outras empresas do grupo são investigadas por uso de informação privilegiada. A JBS confirmou que comprou dólar no mercado futuro horas antes da divulgação de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que trouxe ganhos a empresa.

Outra operação da empresa que resultou em inquérito foi a venda de ações da própria JBS pelos controladores em abril. Parte dos papéis foram recomprados pela tesouraria da empresa.

A companhia afirmou que suas operações no mercado do câmbio são avaliadas diariamente e visam a proteção financeira da empresa, que tem dívida em dólar e negócios no exterior.

Além das operações de câmbio e ações, os demais processos envolvem também transações do Banco Original, que tem os mesmos controladores, e supostas irregularidades na divulgação de fatos relevantes pela empresa. Esses processos ainda estão em análise, segundo a CVM.

Consequências

A CVM é o órgão regulador do mercado de capitais e tem poder para investigar e punir eventuais irregularidades. Se for constatado o uso de informações privilegiadas, a CVM poderá aplicar multas à companhia ou aos administradores.

A CVM também poderá encaminhar o caso para o Ministério Público Federal, que poderá entrar com uma ação penal contra os administradores da empresa.

O órgão regulador informou que já encaminhou um dos processos para o Ministério Público, que avalia as operações da controladora da JBS no mercado de câmbio futuro. Segundo a empresa, há "indícios de crime de uso indevido de informação privilegiada". Um ofício foi encaminhado ao MPF em 19 de maio de 2017.

Na noite de terça-feira, procuradores do Ministério Público Federal e representantes da J&F, holding que controla a JBS, fecharam as bases de um acordo de leniência que prevê o pagamento de multa recorde no valor de R$ 10,3 bilhões por atos praticados por empresas controladas pela J&F.