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Deputado é investigado por desvio de R$ 1,5 milhão de hospital no ES.

O caso foi denunciado pela Procuradoria Regional Eleitoral e acatado pela Justiça Eleitoral.

Em 07/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O deputado estadual Almir Vieira (PRP) e outras seis pessoas estão sendo denunciados por participarem de um organização criminosa que desviava dinheiro do Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo. O caso foi denunciado pela Procuradoria Regional Eleitoral e acatado pela Justiça Eleitoral. O desvio chega a quase R$ 1,5 milhão.

A Procuradoria Regional Eleitoral começou as investigações em 2014, isso depois que o Conselho de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda, detectou movimentações bancárias irregulares na Associação dos Funcionários Públicos do Estado. O hospital passa por crises financeiras há alguns anos.

"Dinheiro estava saindo da conta da Associação, sacado em espécie e depositado na conta de campanha do candidato Almir Vieira no nome de dezenas de pessoas. Isso foi uma suspeita enviada pelo Coaf para a Procuradoria Eleitoral e a partir daí começou uma investigação com a quebra do sigilo bancário das contas envolvidas", explicou o procurador regional eleitoral Carlos Vinícius Cabeleira.

O deputado Almir Vieira é apontado como o líder da organização criminosa, principal mentor e beneficiário do esquema, segundo o Ministério Público. Na época do desvio de dinheiro, ele era presidente da Associação dos Funcionários Públicos do Estado, que administra o hospital dos servidores. Agora, Almir passa a ser réu na Judicial Eleitoral.

"O que foi constatado, que saiu da Associação, foi na base de 1,5 milhão. Desse dinheiro, R$ 252 mil foram parar na conta de campanha", falou o procurador.

Dinheiro que faz falta, é o que garante o atual diretor do Hospital da Associação de Funcionários Públicos. "A gente teria menos 10 pessoas nas filas esperando vagas de UTI", disse o diretor Gustavo Stefenoni.

Hospital

O hospital da Associação fica no Centro de Vitória e foi fundado há mais de 80 anos. Além do desvio de dinheiro denunciado pela Procuradoria Regional Eleitoral, o hospital vem sendo alvo de muitas reclamações por parte dos médicos e dos associados.

Os médicos fizeram até mesmo uma greve, por mais de cinco meses. O médico Roberto Zanandrea trabalha no hospital há muitos anos e garante que a situação não está nada boa.

"Nós estamos atendendo todo mundo, mas se não pagarem o que está atrasado, vamos voltar a fazer greve. Os nossos salários estão atrasados em cinco meses, e essa situação é péssima para os médicos e péssima para o hospital, as negociações que são feitas não são cumpridas", explicou.

A insatisfação tem sido tanta que eles se reuniram neste fim de semana para votar a mudança da atual gestão do hospital.

"Eles foram destituídos por assembleia de associados, então não tem mais o que recorrer, eles precisam deixar o hospital imediatamente", contou a aposentada Maria de Fátima Vieira dos Santos.

Mas essa informação não foi reconhecida pelo diretor do hospital, Gustavo Stefenoni. "Essa decisão não segue o estatuto, não foi realizada dentro dos parâmetros legais, então aquilo que não é legal não deve ser seguido. Vamos seguir a vida como se nada disso tivesse acontecido", falou.

Funcionamento

O diretor abriu as portas do hospital para a reportagem e afirmou que tudo está funcionando normalmente, apesar dos problemas financeiros, mas não é o que a aposentada Olga Busatto, de 78 anos, vem percebendo. Ela é associada e garante que está difícil conseguir atendimento médico.

"Um simples atendimento médico, exames de rotina, nada disso eu consigo. Estou sofrendo há mais de um ano e meio, dependendo do SUS, e eles não deixam de descontar e ainda por cima aumentar o meu desconto", falou a aposentada.

Almir Vieira

O advogado do Deputado Almir Vieira, Hélio Maldonado, nega que seu cliente tenha praticado qualquer irregularidade.

Ele explica que Almir Vieira foi presidente na Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo entre o início de 2013 e a metade de 2014 e alega que esse período foi de prosperidade, e que o deputado não tem ligação com a atual dificuldade financeira da associação.

(Foto: Tonico/ Ales)