ECONOMIA INTERNACIONAL

Desemprego deve continuar estável no mundo em 2018

Em 2019, segundo a entidade, o índice também não deve ter variações significativas.

Em 24/01/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que o nível de desemprego no mundo deve permanecer estável em 2018, em torno de 5,5%. A projeção está no relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018. Em 2019, segundo a entidade, o índice também não deve ter variações significativas.

A perspectiva para este ano representa uma leve oscilação em relação a 2017, quando a taxa de desemprego ficou em 5,6%. Se confirmado, o resultado de 2018 marcará uma interrupção do crescimento do desemprego no mundo nos últimos três anos.

Como a taxa considera também as pessoas entrando no mercado de trabalho, a previsão da OIT é que o número total seja semelhante ao do ano passado, com 192,3 milhões de pessoas à procura de uma ocupação. Em 2019, ele deve sofrer uma leve ampliação, ficando em 193,6 milhões.

De acordo com o relatório, a manutenção dos indicadores de emprego acompanha a estabilidade do crescimento econômico. Depois da taxa de 3,6% em 2017, a projeção da entidade é que o crescimento da economia termine 2018 em 3,7% e não supere a casa dos 4% nos anos seguintes, com a normalização de um ritmo lento sem grandes estímulos e com os investimentos fixos em um nível moderado.

“O fraco potencial de crescimento está pesando na capacidade econômica global de reduzir os déficits de trabalho decente no médio prazo, notavelmente no tocante à quantidade e qualidade dos trabalhos e à forma como são distribuídos”, avalia a OIT no documento.

Diferença entre países

Apesar da estabilidade no nível de emprego mundial, o relatório aponta preocupação da OIT com o crescimento da diferença no desempenho por recorte geográfico. Nos países desenvolvidos, a taxa de desemprego vem caindo nos últimos seis anos e deve ficar 0,2% menor em 2018. Já nos países emergentes e em desenvolvimento, a projeção da OIT é que ela cresça nos próximos dois anos.

Nas nações em desenvolvimento, um milhão de pessoas devem ir em busca de colocação no mercado nos anos de 2018 e 2019. Já nos países emergentes, o número de desempregados no mesmo período deve aumentar em 1,6 milhão.

Desigualdades de gênero e idade

A OIT alerta que o esforço para encontrar um trabalho é maior para as mulheres. Em geral, a diferença de participação entre elas e os homens no mercado de trabalho é de 26%. No Norte da África e nos estados árabes, uma trabalhadora tem duas vezes mais chances de estar desempregada do que um trabalhador.

Elas também estão nos empregos mais vulneráveis. Nos países em desenvolvimento, enquanto o índice de mulheres nesses postos é de 82% o de homens fica em 72%.

A desigualdade se expressa também no recorte por idade. A taxa de desemprego entre os jovens deve ficar em 13% em 2018, o triplo da prevista para adultos, de 4,3%. Em regiões como o Norte da África esse índice chega a 30%.

Empregos precários

Na avaliação do professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) José Dari Krein, o número de postos de trabalho está sendo mantido com a piora na qualidade dos empregos. “O desemprego não aumentou fortemente porque tem no período recente uma certa pressão pela flexibilização do mercado de trabalho. Isso significa diminuir as regras públicas que regulam a relação de emprego e sujeitar as pessoas a uma condição mais vulnerável e menos segura”, argumenta.

Esse movimento se expressa, segundo o professor, em reformas nas leis trabalhistas, como as aprovadas na Espanha em 2012 e no Brasil ano passado. “As reformas trabalhistas tendem a provocar uma situação mais precarizada. O trabalho existente é redividido. A taxa de desemprego pode diminuir um pouco, mas os empregos são vulneráveis. Isso vem ocorrendo em outros países também, como Espanha, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos”.

O relatório da OIT também mostra que, a despeito da estabilização da taxa de desemprego, os postos de trabalhos considerados vulneráveis devem crescer em 2018. 

Foto: Wilson Dias/Arquivo/Agência Brasil