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Desemprego fica em 12,7% em maio e atinge 13,2 mi de pessoas

A taxa ficou abaixo da registrada no trimestre terminado em abril.

Em 31/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O índice de desemprego no Brasil recuou para 12,7% no trimestre encerrado em maio. Isso significa que 13,2 milhões de pessoas estão desempregadas no país. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad Contínua.

A taxa ficou abaixo da registrada no trimestre terminado em abril, quando o índice foi de 12,9%, e também na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (13,3%). O número de desempregados também caiu em relação aos dois períodos - em abril eram 13,4 milhões, e no mesmo trimestre de 2017 eram 13,8 milhões. Já no trimestre terminado em fevereiro, a taxa ficou em 12,6%, com 13,1 milhões de desempregados.

“A taxa de desocupação se mostra estável. Entretanto, o nível de ocupação se mostra menor. Ou seja, você tem menos pessoas trabalhando. Esse não é um ponto favorável. Principalmente quando você associa esse dado à carteira de trabalho assinada que chega, de novo, ao menor índice registrado na pesquisa”, aponta Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Evolução da taxa de desemprego

Os dados do IBGE sugerem, entretanto, que o recuo do desemprego foi impactado pela menor procura por emprego, e não exatamente à melhora do mercado de trabalho. No trimestre encerrado em maio, o país somava 65,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho, contra 65,2 milhões no trimestre até abril. Essa população cresceu 475 mil pessoas (0,7%) na comparação com o trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve expansão de 1,6% (acréscimo de 1 milhão de pessoas).

 

“Quando comparamos com maio do ano passado, verificamos que o Brasil perdeu um milhão de postos de trabalho com carteira assinada”, ressalta Azeredo.

No primeiro 1º trimestre, a subutilização da força de trabalho e o desalento (indivíduos que não conseguem retornar ao mercado e, em um dado momento, depois de tentarem muito, param de procurar por uma vaga) no Brasil bateram recorde, segundo divulgado anteriormente pelo IBGE.

“Existe um menor número de ocupação de vagas, o que implica em maior número de pessoas fora da força de trabalho. Logo, é possível que haja também um maior número de pessoas em situação de desalento. Devemos ter dados mais concretos sobre isso em agosto”, diz o pesquisador.

Segundo Azeredo, comércio, atividade imobiliária, bancos e áreas onde há grande terceirização estão entre os setores mais afetados pela queda na ocupação. O emprego doméstico também apresenta redução, afetado pela perda de estabilidade das pessoas que não se sentem seguras para fazer contratações.

Ocupação

Segundo o IBGE, a população ocupada foi estimada em 90,9 milhões no trimestre até maio, apresentando estabilidade em relação ao trimestre terminado em fevereiro. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, houve alta de 1,3%.

O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 53,6% no trimestre até maio, uma redução de 0,2 ponto percentual frente ao trimestre terminado em fevereiro (53,9%). Em relação a igual trimestre de 2017, houve estabilidade.

Segundo Cimar Azeredo, o que preocupa é o sinal negativo no nível de ocupação. “O nível de ocupação está menor. Essa é uma situação não favorável e é preocupante”, diz.

A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 104,1 milhões de pessoas, com estabilidade com o trimestre terminado em fevereiro e avanço de 0,6% em relação a 2017 (acréscimo de 663 mil pessoas).

Carteira assinada

O número de empregados com carteira assinada somou 32,8 milhões, redução de 483 mil pessoas em relação ao mesmo trimestre do ano passado, e de 351 mil pessoas no confronto com o trimestre de dezembro a fevereiro.

Azeredo aponta deterioração do mercado de trabalho quando se olha a redução no número de postos com carteira assinada. "A carteira de trabalho é uma segurança, até para o trabalhador ter acesso a serviços de crédito”, afirma.

Já o número de empregados sem carteira de trabalho assinada foi de 11,1 milhões, aumento de 597 mil pessoas em relação ao mesmo trimestre do ano passado e de 307 mil pessoas no confronto com o trimestre de dezembro a fevereiro.

Autônomos e domésticos

A categoria de trabalhadores por conta própria somou 22,9 milhões de pessoas, apresentando um adicional de 568 mil pessoas em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já a categoria dos trabalhadores domésticos (6,1 milhões de pessoas) apresentou queda de 2,5% no confronto com o trimestre de dezembro a fevereiro. Frente ao trimestre de março a maio de 2017, o cenário foi de estabilidade.

"Como as pessoas se sentem instáveis no emprego, não se sentem seguras para contratar domésticas ou diaristas. Quem paga trabalhador doméstico é uma pessoa física, quando ela não se sente segura, deixa de contratar", explica Azeredo.

Renda estável

O rendimento médio real do trabalhador foi estimado em R$ 2.187 no trimestre de março a maio, apresentando estabilidade frente ao trimestre de dezembro a fevereiro (R$ 2.200) e também em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.167). Nos trimestres terminados em abril e março, a renda foi de R$ 2.182 e R$ 2.174, respectivamente.

Cenário econômico incerto

O mercado de trabalho tem refletido a fragilidade e instabilidade da atividade econômica brasileira, em meio à um cenário de incertezas que afeta a confiança dos agentes econômicos. Os indicadores dos primeiros meses do ano decepcionaram, apontando para uma recuperação mais lenta do que o esperado.

As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) passaram a ser revisadas seguidamente para baixo, e o próprio governo reduziu de 2,97% para 2,5% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018. Já a previsão do Banco Central está abaixo da estimativa oficial do governo. Para o ano, o Banco Central baixou previsão de alta do PIB para 2018 de 2,6% para 1,6%.

No documento, o BC diz que a revisão está associada "ao arrefecimento da atividade [econômica] no início do ano, à acomodação dos indicadores de confiança de empresas e consumidores e à perspectiva de impactos diretos e indiretos da paralisação no setor de transporte de cargas ocorrida no final de maio".

(Foto: Reprodução/TV Globo)