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Detentas cortam cabelo em presídio do ES e doam a pacientes com câncer.

Doação vai para a produção de perucas feitas por detentas de Colatina.

Em 27/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

"Peço a Deus que cada fio de cabelo meu seja abençoado para levar cura”, disse uma das 22 detentas da Penitenciária Feminina de Cariacica (PFC), na Grande Vitória, que cortaram o cabelo, nesta segunda-feira (26), para doar à produção de perucas para pacientes com câncer. A ação tem relação com o Outubro Rosa, campanha criada para conscientizar, principalmente as mulheres, dos fatores de risco, de proteção e das medidas de detecção precoce do câncer.

Cláudia Aurora da Silva foi presa em agosto de 2008, por tráfico de drogas e homicídio. Evangélica, a interna disse que faz campanha de oração semanalmente como forma de levar algum bem à sociedade.

“Assim que eu soube dessa ação para a produção de perucas, comecei a orar e pedi a Deus que ungisse cada fio de cabelo meu. Quero que eles levem a cura, a paz à pessoa que vai receber”, falou.

Todos os 'rabinhos' cortados serão levados ao Centro Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL), onde as próprias detentas fazem as perucas por meio de um projeto iniciado dentro do sistema prisional.

Mãos Solidárias
O projeto ‘Mãos Solidárias’ é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e a o Hospital São José, em Colatina. Desde março, as detentas trabalham voluntariamente, de segunda a sexta, das 9h às 17h.

“Tudo isso nasceu em Colatina, na unidade prisional. Estava acontecendo uma palestra de prevenção ao câncer de mama e as detentas foram doar os cabelos. Então, elas encontraram a pessoa que fazia as perucas, que resolveu ensiná-las. Em 2014, elas mesmas começaram a fazer”, contou a gerente de Educação e Trabalho da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), Regiane Kieper do Nascimento.

Além de Cláudia, Fabrícia Santos Mota, de 41 anos, foi uma das detentas voluntárias na ação.

Presa desde setembro de 2011 por tráfico de drogas e associação ao tráfico, ela disse que já é a segunda vez que corta o cabelo para doação na unidade prisional.

No caso de Fabrícia, uma experiência de câncer na família foi o que a motivou. “Minha avó teve câncer e perdeu o cabelo na quimioterapia.

Na época, ela não teve acesso, não teve como comprar uma peruca. Por isso, penso que a doação é tão importante assim”, destacou.

Profissionais voluntários
Quatro profissionais de um salão de beleza de Vila Velha, na Grande Vitória, se voluntariaram para cortar os cabelos das internas. De acordo com a gerente do estabelecimento, é a primeira vez, no estado, que o salão em que trabalha participa da ação.

“A gente sempre teve vontade de fazer parte, mas não sabia como chegar. Até que uma funcionária da Sejus cortou o cabelo com a gente e perguntou se o salão se interessaria em participar. Aceitamos na hora”, falou Nathália Guimarães.

Fonte: G1-ES