ECONOMIA CAPIXABA

Diferença dos preços nas praias da Grande Vitória chega a 257%.

Item com a maior diferença de preço foi o aluguel de guarda-sol.

Em 16/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Entre as praias da Grande Vitória, os valores desembolsados pelos consumidores na cerveja, no coco ou no aluguel de guarda-sol variam entre 25% e 257%. A reportagem percorreu 14 praias do litoral da região nos dias 4 e 5 de janeiro, pesquisando os preços de produtos vendidos ou alugados, como cerveja, coco, milho, picolé, peroá e guarda-sol, e outros.

O item com a maior diferença de preço foi o aluguel de guarda-sol, que oscila de R$ 7, na Ilha do Boi, em Vitória, a R$ 25 na Praia do Morro, em Guarapari: uma variação de 257%. Entre os alimentos, as maiores diferenças estão na garrafa de água (150% de variação entre praias) e na porção de camarão (116,6%). O coco e o milho têm oscilação de até 100% nos preços.

Enquanto em Jacaraípe, na Serra, Praia Grande, em Fundão, e Castanheiras, em Guarapari, a garrafa de água sai a partir de R$ 2, em Meaípe, Guarapari, a garrafinha custa R$ 5, o que representa 150% de variação.

Já a porção de camarão frito na Praia da Costa, em Vila Velha, sai por a partir de R$ 30, enquanto que na Praia do Morro, em Guarapari, sai a R$ 65: 116,6% de diferença. O coco foi encontrado entre R$ 3 e R$ 6 nas praias. A flutuação de 100% também foi observada no valor do milho, que custa de R$ 2,50 a R$ 5 nas praias da Grande Vitória.

Até em uma mesma praia, a variação de preços é grande. Em Camburi e em Jacaraípe, a água de coco foi encontrada por R$ 3, R$ 4 e R$ 5. Já o peroá com fritas custa entre R$ 42 e R$ 65 na Praia da Costa, uma diferença de 54%. O aluguel de guarda-sol varia 100% na Ilha do Boi, valendo de R$ 7 a R$ 15, e, na Bacutia, em Guarapari, e em Jacaraípe, na Serra, entre R$ 10 e 20.

Preço baixo
Oferecendo o coco pelo menor preço da praia de Jacaraípe - 3 unidades por R$ 10 gelado (ou R$ 2,50 cada, em temperatura natural) -, os ambulantes Suzamara Ramos e Everson Rodrigues estão aproveitando o verão para faturar. O segredo para oferecer o produto a preço mais baixo, segundo ela, é a forma como compram o coco.

“Compramos direto do produtor, não tem intermediário. Nós fazemos nosso próprio transporte, o caminhão é nosso e fica parado aqui, enquanto o Everson vai na roça comprar mais barato”, disse Suzamara.

Acusados de concorrência desleal por outros vendedores, Suzamara se defendeu. “Acho uma acusação boa. Temos boa relação com os quiosques, muitos compram com a gente para revender”, brincou.

Renda nova
Ana Carla Pereira perdeu o emprego em 2016. Era diarista, mas teve um problema com a agência que a contratava e perdeu a vaga. Estava em busca de uma oportunidade até que, chegando o verão, um amigo, dono de uma fábrica de picolés, lhe ofereceu o carrinho para a venda dos produtos. Foi assim que, desde o fim de dezembro, ela virou vendedora ambulante.

“Tenho instinto de comerciante, vendo bem. No fim de semana, tem mais gente na praia e estou conseguindo tirar até R$ 50 por dia”, celebrou. O picolé custa R$ 2 e ela tem vendido na Curva da Jurema.

Como tem muita concorrência, quando as vendas ficam mais fracas, ela faz promoção. “Faço 3 por R$ 5 ou vendo o picolé por R$ 1,50”, contou. “É bom que posso fazer meu próprio horário e, dessa forma, consigo cuidar do meu filho”, disse.

Turistas
Em meio a um mar de gente na Praia das Castanheiras, uma das mais movimentadas do Centro de Guarapari, a professora Doralice Basílio, de 22 anos, levou a filha Ana Laura, de 2 anos, para tomar banho de mar, junto à sogra, a dentista Jacqueline Nicchio, de 53.

As três são de Colatina e consideram os preços de Guarapari bastante altos. “Água de coco e milho a R$ 5 não está fácil. É meio caro”, diz Doralice. “Percebi que o picolé não subiu, sempre compro para a Ana Laura. Mas a comida em Guarapari é sempre muito cara”, falou.

Na praia, o milho sai pelo valor mais alto encontrado pela reportagem na Grande Vitória: R$ 5, mesmo valor das vizinhas Peracanga, Bacutia e Meaípe.

Jacqueline conta que todos os anos procura fugir do calor do verão de Colatina nas praias de Guarapari, mas, para ela, o principal problema dos alimentos vendidos nas areias não são os preços, e sim, a falta de higiene.

“Sempre procuro almoçar em casa, pois acho que a higiene desses alimentos vendidos na praia deixa a desejar”, disse ela.

Por Luísa Torre, de A Gazeta