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Dilma diz que governo vai rever como a mineração acontece no país.

Ela quer proatividade da Samarco, mas não vai ficar de "braços cruzados".

Em 13/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Dilma Rousseff declarou, em visita a Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, nesta quinta-feira (12), que os responsáveis pela tragédia de Mariana serão responsabilizados, mas que o governo federal não pode ficar de "braços cruzados". Questionada se vai rever como a mineração acontece no Brasil, ela disse: "Vamos rever tanto ambientalmente, quanto a regulação dos rejeitos".

A presidente também pediu mais proatividade da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, no apoio às vitimas da tragédia de Mariana.

Durante esta quinta-feira, a presidente realizou visitas às áreas afetadas pelo rompimento de duas barragens da Samarco em Minas Gerais, desastre que destruiu o distrito mineiro de Bento Rodrigues. Dilma esteve em Mariana durante a manhã e seguiu para Governador Valadares, onde anunciou que o Ibama vai multar a Samarco Mineradora em R$ 250 milhões.

A presidente disse que governo federal vai rever como a mineração acontece no país, embora não tenham sido apresentadas mudanças a serem executadas.

"A empresa vai precisar pagar as multas, indenizações, reconstruções. Mas nós, ao mesmo tempo não precisamos ficar de 'braços cruzados'. Nem o governo federal, o governo do estado e nem a prefeitura. Nós também vamos agir no sentido de procurar a solução dos problemas, resolver em conjunto, obviamente, fiscalizar a resolução do problema. Não é pura e simplesmente deixar a cargo da empresa. Porque quem cuida do interesse público somos nós", declarou a presidente.

Segundo Dilma, a atuação da Samarco não está sendo insatisfatória, mas é necessário haver proatividade por parte da empresa. Ela falou, ainda, que a empresa vai ter que trabalhar na recuperação do Rio Doce. "A empresa precisa ser mais proativa", declarou Dilma.

Em relação às penalidades, Dilma disse que multar apenas não basta. A presidente disse que a recontrução do Rio Doce precisa ser cobrada.

Dilma informou que o governo vai se preocupar com a assistência às vítimas e os demais impactados pelo desastre. Além disso, a presidente afirmou que não acredita que tenha havido falta de fiscalização das barragens e que outras causas estão sendo apuradas no momento.

O Ministro da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi, fará uma visita ao Espírito Santo na próxima semana para tratar da construção de duas adutoras em Colatina para captar água das lagoas próximas, já que não se sabe quanto tempo o município vai ter a captação de água interrompida.

Rousseff também confirmou o recebimento do projeto do fotógrafo Sebastião Salgado por meio do governador Paulo Hartung.

Chegada ao estado
A presidente chegou ao município capixaba às 15h56. A presidente desceu do helicóptero junto com o governador Paulo Hartung. Durante a chegada, algumas pessoas gritavam pela atenção da presidente. Dilma acenou à imprensa, que a esperava no local.

Por volta das 16h15, a presidente iniciou uma reunião fechada com o governador Paulo Hartung e com os prefeitos de Baixo Guandu, Neto Barros, e de Colatina, Leonardo Deptulski, a respeito da enxurrada de lama que vai chegar ao estado por meio do Rio Doce. Também participaram da reunião ministros, deputados e  outras autoridades do Espírito Santo. A reunião terminou por volta das 16h50.

Em coletiva, a presidente Dilma Rousseff declarou que o desastre de Mariana é um dos mais graves sofridos no Brasil e que seu impacto vai afetar pequenas comunidades e grandes cidades, como Governador Valadares e Colatina, cuja captação de água para abastecimento é realizada exclusivamente no Rio Doce.

"Esse é um dos desastres mais graves que o país sofreu, principalmente quando se considera a questão do impacto sobre o meio ambiente, sobre a sociedade e sobre a economia local. Ele ganha grandes proporções e obviamente impacto humano. O que nós constatamos é uma grande onda de lama que vem descendo o Rio Doce. Além de todas as comunidades atingidas, pequenos municípios, pequenos distritos, fazendas, pequenas propriedades, além deles, já tem duas grandes cidades dessa região que serão impactadas. A preocupação decorre do fato de que a captação de água nessas cidades é feita unicamente pelo Rio Doce", proferiu a presidente.

Segundo a presidente, depois do rompimento das barragens a preocupação da presidência foi auxiliar o governo mineiro no trabalho de resgate dos corpos das vítimas. Embora o resgate não tenha terminado, Dilma informou que o governo federal está observando os danos causados ao longo do Rio Doce.

"Nesse trajeto, houve mortes, como vocês sabem. A grande preocupação nossa foi auxiliar o governo de Minas Gerais no resgate dos corpos da vítimas. Agora, num segundo momento, nós ainda não concluímos o trabalho, o Corpo de Bombeiros ainda está no local para tentar encontrar corpos, mas além disso nós já estamos olhando tudo o que aconteceu ao longo do rio", declarou a presidente.

A presidente Dilma deixou o Espírito Santo, de helicóptero, por volta das 17h50.

Multa de R$ 250 milhões
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira (12), durante visita a Governador Valadares, que o Ibama vai aplicar uma multa de R$ 250 milhões à Samarco Mineradora.

"A multa preliminar é de R$ 250 milhões por dano ambiental e comprometimento da bacia hidrográfica, dano ao patrimônio público e pela interrupção da energia elétrica", afirmou Dilma, durante a coletiva.

A presidente disse que os estados atingidos podem também pedir ressarcimento à mineradora. O Ibama confirmou que vai aplicar cinco multas de R$ 50 milhões cada uma.

Fonte: G1-ES