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Dirceu diz não ter sido o responsável pela indicação de Duque na Petrobras.

Preso em Curitiba, ex-ministro depôs na última sexta à Justiça Federal.

Em 01/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu negou em depoimento na última sexta-feira (29) à Justiça Federal, em Curitiba, ter indicado Renato Duque para o cargo de diretor de Serviços na Petrobras. O ex-ministro cumpria prisão domiciliar em razão de condenação no processo do mensalão do PT, mas voltou ao regime fechado devido a acusação de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Renato Duque foi preso, pela segunda vez na Operação Lava Jato, em meio à 10ª fase, deflagrada em março de 2015. Ele é acusado de participar do esquema de pagamento de propina para servidores, agentes políticos e partidos. Duque já foi denunciado oito vezes pelo Ministério Público Federal (MPF) e condenado a mais de 20 anos de prisão.

Dirceu depôs na sexta, mas os vídeos da audiência foram disponibilizados nesta segunda. Interrogado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, o ex-ministro disse que só conheceu Renato Duque depois que ele já era diretor de Serviços da Petrobras e relacionou o nome de Duque ao PSDB, mas não disse taxativamente que a indicação para o cargo tenha sido feita por tucanos.

“A indicação do senhor Renato Duque decorreu porque setores do PSDB, não vou dizer que foi o senador e ex-governador Aécio Neves porque ele não conversou isso comigo, não pediu isso para mim. A informação que me chegou é que havia uma indicação do PSDB em Furnas que, aliás, é publica e notória em Minas Gerais e no país, [do] seu Dimas Toledo, que é oficial do PSDB. E a indicação do seu Renato Duque prevaleceu neste sentido”, afirmou Dirceu.

Segundo ele, a ocupação do cargo por Duque se deu porque não havia nenhum aspecto de caráter técnico e profissional e também na esfera pessoal que pesasse contra o ex-diretor.

José Dirceu afirmou que a informação sobre a suposta participação dele na indicação de Duque é relacionada ao fato de que, na época, ele era ministro da Casa Civil.

“Se for assim, doutor, eu indiquei todos os diretores, todos os presidentes de estatais, todos os ministros do governo”, afirmou Dirceu.

O ex-ministro disse que não teve nenhuma participação especial na indicação de Duque e que só conheceu o ex-diretor depois que ele já ocupava cargo.

“Não se pode dizer que eu não tive participação. (...) Eu assumo responsabilidade, mas eu não posso assumir uma responsabilidade que não é minha. Eu só assumo as minhas”, afirmou.

Dirceu exemplificou, dizendo que indicações para a composição do governo, para cargos de ministro e para diretorias de estatais, vêm da base partidária.

Conforme relatado pelo ex-ministro, o papel da Casa Civil é receber todas as indicações de todos os ministérios e de todas as autarquias e estatais e analisar antecedentes, competência técnica, folha corrida, histórico na empresa, história política e interesses políticos envolvidos.

“Ninguém me procurou, não assumi compromisso com ninguém sobre a indicação do Renato Duque”, afirmou Dirceu.

Dirceu assumiu que esteve com Duque depois da indicação dele para a diretoria da Petrobras, no casamento da filha do ex-diretor, e que participou de jantares na casa dos delatores da Lava Jato Milton Pascowith e Júlio Camargo. 

Dirceu disse ter participado desses jantares a convite dos delatores.  Esses encontros, disse o ex-ministro, ocorreram entre 2009 e 2010, depois que Duque havia deixado a diretoria da Petrobras.

“Durante a Casa Civil eu não tive nenhum contato com o Milton Pascowith, nenhum contato com Júlio Camargo”, afirmou Dirceu.

Ele ainda afirmou que nunca houve discussões sobre licitações e comissões. “As discussões eram políticas, sobre a empresa do ponto de vista da situação do petróleo, sobre a situação do país, da situação da economia. Nunca tratei sobre comissão”, acrescentou o ex-ministro.

Fonte: G1