ECONOMIA INTERNACIONAL

Dólar abre em queda após intervenção maior do BC

Ontem, moeda dos EUA fechou em queda de 1,4%, a R$ 3,68.

Em 22/05/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O dólar recua pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira (22) no patamar de R$ 3,65, em sintonia com o comportamento do cenário externo e ainda ecoando a atuação mais firme do Banco Central no mercado de câmbio desde a véspera.

Às 11h28, a moeda dos EUA caía 0,84%, a R$ 3,6570 na venda. Na mínima do dia, chegou a R$ 3,6466 Veja mais cotações.

"O dólar está enfraquecido... (com a) leitura de que a tensão entre Estados Unidos e China caminha para um desfecho sem a incidência de tarifas", comentou a corretora H.Commcor em relatório, citando o movimento da China pela redução de impostos em importação de automóveis.

Na véspera, o dólar fechou em queda de 1,4%, a R$ 3,6886, após o Banco Central aumentar a oferta da moeda americana no mercado.

No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas após atingir a máxima de cinco meses, depois de um rali generalizado provocado pela alta nos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos e pelo alívio nas tensões entre a China e os norte-americanos. A moeda norte-americana também recuava ante a maioria das divisas de países emergentes, como os pesos chileno e colombiano.

Nos seis pregões anteriores, o dólar havia subido e acumulado valorização de mais de 5%, chegando próximo do patamar de R$ 3,80.

Nas últimas semanas, a moeda dos EUA disparou em relação a outras, com os investidores apostando que a taxa de juros nos Estados Unidos terá que subir mais vezes este ano para conter a inflação. Com taxas mais altas, o país se tornaria mais atraente para investimentos aplicados atualmente em outros mercados, como o Brasil, motivando assim uma migração de recursos para os Estados Unidos. Esse movimento traz uma tendência de alta do dólar em relação às demais moedas.

Intervenção do BC

Internamente, a atuação mais firme do Banco Central desde a véspera também contribuía para a queda nesta sessão. Com a disparada do dólar, o BC decidiu triplicar a oferta de contratos de "swap cambial", que correspondem à venda de dólar no mercado futuro.

A partir de agora, o valor ofertado passará de US$ 250 milhões para US$ 750 milhões. A expectativa é que, com a mudança, o montante negociado até o fim de maio passe de cerca de US$ 3 bilhões para US$ 6,5 bilhões.

Nesta seção, o BC já vendeu a oferta integral de até 15 mil novos swaps, totalizando US$ 2,750 bilhões desde a semana passada, quando vendia por dia até 5 mil contratos.

A autoridade fará ainda leilão de até 4.225 swaps cambiais tradicionais para rolagem do vencimento de junho. Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.

Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, mas não entrega a moeda. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.

Esses instrumentos servem para dar "proteção" contra variações bruscas no câmbio aos agentes que têm dívida em moeda estrangeira. Isso evita que tenham que comprar moeda no mercado à vista para se protegerem.

Apesar da atuação mais firme do BC, a trajetória de alta da moeda norte-americana não foi alterada, avaliaram especialistas ouvidos pela Reuters. Isso não só por causa da perspectiva de mais juros nos Estados Unidos, como também diante dos desafios domésticos, com eleições bastante indefinidas à frente.

(Foto: Divulgação)