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Doria quer privatizar Interlagos em ano de lucro inédito

Sem dar números, SPTuris prevê conta no azul.

Em 10/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), deve privatizar o Autódromo de Interlagos após um ano de lucro inédito com o complexo. De acordo com o presidente da SPTuris, David Barioni, em 2017, pela primeira vez, o autódromo vai encerrar um ano com superávit.

O prejuízo financeiro, até então costumeiro na administração do espaço, era apontado pelo tucano como uma das justificativas para negociá-lo com a iniciativa privada. A Prefeitura alega, agora, que o faturamento é muito tímido para o tamanho que tem Interlagos.

O projeto de Doria que prevê a venda do autódromo foi aprovado em primeira votação na Câmara dos Vereadores nesta quarta-feira (8). O tucano espera realizar o leilão do complexo no primeiro semestre de 2018 e conseguir ao menos R$ 2 bilhões com ele.

Ao lado de Doria, no fim do mês passado, Barioni anunciou uma projeção inédita para o balanço financeiro do complexo: “Com o apoio do prefeito João Doria, pela primeira vez nós encerraremos as contas do Autódromo esse ano superavitárias”.

Para ele, apesar de único até aqui, o lucro tem tudo para se repetir. "O autódromo vem durante muitos anos sendo deficitário e esse ano as contas serão ligeiramente favoráveis, já dando uma indicação pro futuro de uma receita importante”, afirmou. "Entregaremos o autódromo em uma situação muito confortável pra quem comprar", completou.

Falta de dados

O G1 solicitou à SPTuris dados que corroborem a projeção positiva, mas, em contradição com o discurso do próprio presidente, o departamento responsável disse não dispor de números do autódromo separadamente - nem deste ano e nem de outros: "O balanço é da empresa como um todo e não separado por equipamento ou serviço", disse, em nota.

Segundo a SPTuris, a previsão de melhora nas contas de Interlagos é baseada na "correção da tabela de preços", que teve aumento para se adaptar ao mercado, e na adoção de uma política de "contenção de gastos". "Também houve aumento de eventos. Em 2013, por exemplo, no total foram 240 e, para este ano, estão previstos quase 260", acrescentou.

'Setor privado pode fazer mais'

Apesar de também desconhecer quão representativo será o lucro do complexo no final do ano, o secretário municipal de Desestatização, Wilson Poit, tratou de minimizá-lo: "O setor privado pode fazer muito mais pelo autódromo. Gerar empregos, pagar impostos, e nós podemos direcionar esses recursos para uma série de outras coisas".

Poit estima que, no fim das contas, o superávit apurado será "muito pequeno em relação ao valor do imóvel". Ele ressaltou, ainda, que o balanço da SPTuris não leva em conta a questão da renúncia fiscal. "Uma área de um milhão de metros quadrados que não paga IPTU", lembrou.

O secretário garante, então, que o lucro inédito "não muda nada" os planos da Prefeitura: "Estou bem convencido da causa [privatização], independente dessa perspectiva de resultado (...) O valor do autódromo é um valor que pode ser investido em saúde, educação e assistência social".

(Foto: TV Globo/Reprodução)