POLÍTICA INTERNACIONAL

Dúvidas de Theresa May alimentam crise política do Brexit

May, que ainda não decidiu se apresentará novamente seu projeto de acordo para o Brexit.

Em 24/03/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: AFP/Arquivos

As dúvidas da primeira-ministra Theresa May, que ainda não decidiu se apresentará novamente seu projeto de acordo para o Brexit aos deputados britânicos, alimenta um clima de crise política no país, em mais uma semana crucial para o futuro do divórcio do Reino Unido com a União Europeia (UE).

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O acordo com Bruxelas, um documento de quase 600 páginas alcançado após longas negociações, foi rejeitado pela Câmara dos Comuns em duas votações, em 15 de janeiro e 12 de março.

Em uma reunião de cúpula europeia celebrada esta semana, May conseguiu o apoio dos países do bloco para adiar a data do Brexit – fixada inicialmente para 29 de março – até 12 de abril.

Muitos esperavam que May convocaria uma nova votação no Parlamento, mas na sexta-feira ela deu a entender em uma carta aos deputados que isto pode não acontecer esta semana “se não existir apoio suficiente”, o que parece provável.

Agora, os britânicos aguardam que o governo explique na segunda-feira suas intenções, que poderiam incluir uma série de votações para conhecer a opinião do Parlamento.

Mas esta opção poderia provocar tensão dentro do governo, porque os eurocéticos temem que o Parlamento aproveite a oportunidade para assumir o controle do Brexit.

“Organizar votações deste tipo seria a ideia mais ridícula, infantil e irreal que já vi”, declarou o deputado conservador Marcus Fysh, favorável ao Brexit.

Se Theresa May decidir finalmente submeter seu acordo aos deputados, a primeira-ministra terá que superar vários obstáculos.

O primeiro deles é a própria possibilidade de organizar a votação porque, segundo o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, não é possível enviar o acordo à votação sem mudanças no documento.

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Alguns analistas consideram, no entanto, que as últimas decisões da UE podem ser consideradas alterações.

O segundo obstáculo para May é, caso finalmente a votação aconteça, convencer os deputados, depois de acusar os parlamentares de responsabilidade pelo bloqueio em um polêmico discurso na quarta-feira.

“Oportunidade perdida”

Em mais um sinal da crise política, o pequeno partido norte-irlandês DUP, que apoia May e permite que ela tenha uma frágil maioria no Parlamento, destacou que a chefe de Governo “perdeu uma oportunidade” de melhorar o acordo durante a reunião da UE.

Uma nova rejeição ao acordo poderia inclusive representar o fim da carreira política de Theresa May.

Criticada por todos os lados, a primeira-ministra poderia ser vítima de uma manobra para provocar sua queda, informa o jornal Sunday Times. De acordo com a publicação, ela poderia ser substituída pelo vice-premier David Lidington, um político pró-UE.

O jornal Mail on Sunday afirma que o posto poderia ser ocupado pelo ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, favorável ao Brexit.

“Se estamos com problemas pelo Brexit é por culpa de Theresa May, é hora de que vá embora”, afirmou o deputado europeu conservador Daniel Hannan ao Telegraph.

Já antecipando uma possível rejeição ao acordo, os 27 sócios europeus do Reino Unido apresentaram duas opções.

A primeira é que o Parlamento vote o acordo para que a saída da UE seja organizada, prolongando um pouco mais o prazo, até 22 de maio.

A segunda indica que se o acordo for rejeitado pela terceira vez, o Reino Unido teria até 12 de abril para decidir se organiza eleições ao Parlamento europeu. Se optar por organizar a votação, o país poderia solicitar um novo adiamento, com duração ainda indefinida.

Em caso contrário, aconteceria uma saída sem acordo, quase três anos depois do referendo de 23 de junho de 2016. AFP

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