ECONOMIA NACIONAL

Economia brasileira cresce 0,4%, mas segue no patamar de 2011

Agropecuária cresceu 1,4%, enquanto indústria e serviços tiveram alta de 0,1%.

Em 30/05/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,4% no 1º trimestre, na 5ª alta seguida na comparação com os três meses anteriores, divulgou nesta quarta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB em 2017 foi de R$ 1,6 trilhão.

Entre os setores da economia, a agropecuária cresceu 1,4%, enquanto indústria e serviços mostraram variação positiva de 0,1%. A expectativa do mercado era de uma alta entre 0,1% e 0,5%.

Apesar da retomada ainda frágil, os resultados vieram até melhores do que o esperado por parte do mercado. A expectativa é que a indústria e os serviços poderiam vir negativos. O mercado esperava uma alta do PIB entre 0,1% e 0,5%.

Do lado da demanda, o consumo das famílias manteve a trajetória de recuperação com alta de 0,5%, acima do esperado pelas projeções, e os investimentos subiram 0,6%. Somente o consumo do governo mostrou retração no período, de 0,4%, em meio ao forte ajuste fiscal diante das contas públicas no vermelho.

O IBGE revisou o PIB do 4º trimestre de 2017 de alta de 0,1% para 0,2%, o do 3º trimestre de 0,2% para 0,3% e o do 1º trimestre de 1,3% para 1,1%.

De acordo com a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Claudia Dionisio, com resultado o 1º trimestre, o PIB permanece no mesmo patamar observado no final do ano passado. "Se eu tiver que remeter a um patamar anterior, a gente estaria no primeiro semestre de 2011", disse.

“Esse resultado de 0,4%, que não chega nem a ser crescimento, é bem próximo do resultado do trimestre anterior, por isso permanece o mesmo patamar”, afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Roque Palis.

Retomada lenta

Na base de comparação anual, o PIB cresceu 1,2%, mostrando uma desaceleração em relação aos trimestres anteriores. A variação trimestre frente ao mesmo trimestre no ano anterior foi de 0, 0,4%, 1,4% e 2,1%, do primeiro para o quarto trimestre, respectivamente.

Na taxa acumulada nos últimos 4 trimestres contra os 4 trimestres imediatamente anteriores, entretanto, o PIB mantém a trajetória de recuperação. Nesta base de comparação, o crescimento foi de 1,3% no 1º trimestre, o segundo após uma sequência de 11 resultados negativos.

Quatro economistas ouvidos pelo G1 destacaram que o avanço do consumo das famílias, ainda que tímido, puxaram o PIB do trimestre, assim como a expansão do agronegócio, que impulsionou a economia no ano passado. Para eles, no entanto, a recuperação é tímida.

O economista Roberto Luis Troster diz que, apesar do resultado ser positivo, não pode ser analisado como um crescimento forte. "0,4% é fraco, boa parte disso é agricultura. É muito pouco ainda", aponta.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destacou o avanço do consumo das famílias. "É um resultado bom, mas é uma recuperação fraca e é prudente que seja assim, porque está alinhada com as atividades de emprego. O consumo vai continuar crescendo de forma moderada porque primeiro é preciso recuperar o emprego", disse.

Análise por setores

 Variação trimestral do PIB em cada setor (Foto: Juliane Monteiro/G1)

A agropecuária foi mais uma vez o destaque, com alta de 1,4%. O avanço, entretanto, ficou bem abaixo do registrado no 1º trimestre do ano passado, quando o setor avançou 11,6%, impulsionado pela supersafra. “Apesar de ser a que menos pesa na composição do PIB, 5,3%, a agropecuária é que teve a maior contribuição neste resultado de 0,4%, pela ótica da oferta”, destacou Dionisio.

A indústria perdeu dinamismo no 1º trimestre, com uma alta de 0,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ante um avanço de 0,7% no 4º trimestre. Entre os segmentos, a construção civil teve queda de 0,6% e a indústria da transformação retração de 0,4%. Esse recuo foi compensado pela expansão de 2,1% na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana e pelo crescimento de 0,6% na Extrativa mineral (petróleo e mineração).

Nos serviços, o comércio também desacelerou, registrando alta de 0,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ante avanço de 0,3% no 4º trimestre. As atividades de transporte, armazenagem e correio cresceram 0,7% e as atividades imobiliárias tiveram alta de 0,5%. Já os serviços de informação e (-1,2%) e a intermediação financeira recuaram 1,2% e 0,1%, respectivamente.

Já o setor externo ficou mais uma vez uma contribuição negativa. Na comparação com o 4º trimestre do ano passado, a exportação cresceu 1,3% e a importação cresceu 2,5%. Já na comparação com o 1º trimestre do ano passado, a exportação cresceu 6% contra 7,7% de crescimento das importações. “Foi a primeira contribuição negativa na comparação interanual. Já na comparação contra o trimestre imediatamente anterior, esta é a terceira contribuição negativa do setor externo”, destacou a porta-voz do IBGE.

Consumo das famílias segue em alta

A alta de 0,5% do consumo das famílias veio acima do esperado por parte dos analistas, contribuindo para o resultado do PIB no 1º trimestre. Segundo o IBGE, o resultado pode ser explicada pelo comportamento dos indicadores de crédito para pessoa física, com inflação e taxas de juros menores:

"Além disso, o crédito deu uma acelerada para as pessoas físicas em relação ao que vinha acontecendo nos outros trimestres”, avaliou Rebeca. Ela lembra, porém, que o desemprego continua elevado e a renda do trabalhador continua pressionmada, o que freia o consumo das famílias.

No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram expansão de 1,3%, enquanto as importações cresceram 2,5% em relação ao quarto trimestre de 2017.

Investimento cresce, mas ainda é fraco

A taxa de investimento ficou em 16% do PIB no 1º trimestre, acima do observado no mesmo período de 2017 (15,5%). Já a taxa de poupança passou de 15,8% para 16,3% na comparação anual.

Entenda o PIB

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2017, o PIB teve uma alta de 1%, após dois anos consecutivos de retração.

As projeções para o PIB, que no início de 2018 apontavam para alta até acima de 3% passaram a ser revisadas seguidamente para baixo, e agora estão ao redor de 2%.

 Composição do PIB  (Foto: Juliane Monteiro/G1)

Na semana passada, o próprio governo reduziu de 2,97% para 2,5% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018. Já a média dos analistas do mercado financeiro baixaram a previsão de alta do PIB para o ano de 2,50% para 2,37%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

(Foto: WESLEY SANTOS/AE)

*Colaboraram Karina Trevizan, Luísa Melo e Marta Cavallini