ECONOMIA INTERNACIONAL

Economia britânica piora consideravelmente após Brexit.

O índice composto se estabeleceu em julho em 47,7 pontos.

Em 22/07/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A economia britânica está vivendo uma enorme deterioração, com a maior queda da atividade privada desde a crise financeira mundial, após a decisão do país de abandonar a União Europeia, revela nesta sexta-feira um estudo muito esperado.

A companhia de serviços financeiros Markit publicou nesta sexta-feira (22) seu índice composto de gestores de compras PMI correspondente ao mês de julho, que cai ao nível mais baixo desde abril de 2009.

O índice composto se estabeleceu em julho em 47,7 pontos, em retrocesso em relação aos 52,4 pontos do mês anterior. Um índice PMI superior a 50 pontos significa que a atividade evolui, enquanto que um número inferior representa um recuo.

Deterioração espetacular

"O mês de julho foi marcado por uma deterioração espetacular da economia, com a atividade das empresas, caindo ao ritmo mais rápido desde o pico da crise financeira mundial no início de 2009", comentou Chris Williamson, economista-chefe do Markit.

"A mudança de tendência, que se manifesta por anulações de pedidos, ausência de novos pedidos e pelo adiamento ou cancelamento de projetos, foi atribuído de uma forma ou de outra ao Brexit", explicou.

O índice PMI para o setor serviços, muito importante para a economia britânica, se estabeleceu concretamente em 47,4 pontos em julho, em comparação aos 52,3 pontos em junho, no seu nível mais baixo em mais de 7 anos.

Os dados, coletados entre 12 e 21 de julho, ainda são provisórios e a Markit publicará os índices definitivos no começo de agosto.

Indicadores de referência

Esses indicadores de referência eram muito esperados, já que aportam uma primeira imagem precisa do estado da economia britânica após o referendo de 23 de junho, que outorgou a vitória aos britânicos partidários de abandonar a UE.

Para ver os efeitos do Brexit nas estatísticas oficiais, ainda terá que esperar várias semanas ou até meses.

"A queda do PMI composto a seu nível mais baixo desde 2009 dá a primeira prova de que o Reino Unido está entrando em um período de forte desaceleração", comentou Samuel Tombs, economista da Pantheon Macroeconomics.

Os economistas se perguntam agora se o país poderá escapar da recessão, que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB).

Previsões revisadas

As previsões de crescimento foram revisadas drasticamente em baixa para o Reino Unido. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de reduzir o prognóstico do crescimento mundial em 0,9 ponto, a 1,3%, para o ano que vem.

"Os futuros efeitos do Brexit são excepcionalmente incertos", estimou na terça-feira o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld.

A nova primeira-ministra britânica Theresa May indicou que não notificaria a vontade de abandonar a UE em 2016, enquanto seu governo determina o tipo de relação que deseja estabelecer com seus 27 sócios europeus.

Enquanto isso, as famílias e as empresas britânicas continuam prudentes.

Único ponto positivo

O único ponto positivo se encontra na melhora das exportações de produtos industriais, graças à queda da libra em relação a outras moedas, o que barateia relativamente os produtos britânicos no exterior.

Também parece cada vez mais provável que o Banco da Inglaterra resgate a economia britânica com novas medidas de estímulo em agosto, depois de ter optado por manter o "statu quo" em junho.

Já o novo ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, disse, no início de uma viagem à China, que poderá adotar novas medidas no próximo outono boreal.

"A médio prazo teremos a ocasião, com nosso discurso de outono (...) de replanejar a política orçamentária se considerarmos necessário, com base nas estatísticas que aparecerão nos próximos meses", disse Hammond, citado pela BBC.

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