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Educação física pode fazer a diferença para frear bullying

A aula faz o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar.

Em 29/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O atentado cometido por um estudante de 14 anos a uma escola em Goiânia, causando a morte de dois jovens colegas, em outubro deste ano, de acordo com as investigações da polícia, teria sido motivado por bullying. A tragédia traz novamente a necessidade do debate sobre a responsabilidade e ação das instituições de ensino no combate a esse tipo de agressão entre estudantes.

Divulgado nos primeiros meses deste ano, o terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015 já revelava que aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas brasileiras. Trata-se de um índice preocupante e que merece uma visão mais aprofundada. Grande parte dos casos de bullying escolar acontecem com a vítima tendo algum componente estético destacado e, em muitas ocasiões, durante as aulas de educação física. Seja no momento em que a criança acima do peso, por exemplo, é colocada a correr durante a aula, com as mais magras levando clara vantagem ou quando mais tímidos têm que demonstrar habilidade para interagir com algo que nunca haviam feito.

Esses e muitos outros exemplos acontecem, infelizmente, na postura ausente do professor, principalmente daqueles que se preocupam com a obediência às regras do jogo em detrimento à criação de um ambiente de desenvolvimento social, emocional e de respeito às individualidades. Os profissionais da educação física podem e devem fazer a diferença para frear o grande número de casos de bullying escolar. Há uma forma de se conseguir isso.

Basta pensá-la de modo educacional, como acontece com as demais disciplinas. Ela deve fazer o estudante entender a importância e as diferentes formas de se movimentar, compreendendo como o corpo e o organismo funcionam e como pode ficar debilitado na falta da prática de uma atividade física. Os bons profissionais da educação física estudam e têm base para agir assim.

A questão é colocar o conhecimento em prática e, em suas aulas, planejar e usar o imenso universo de conceitos e ideias da área para explicar, dar base e informações para o aluno. Essa mudança de mentalidade do professor fará o aluno praticar a atividade física não de forma mecanizada e até contra a vontade, mas de um modo que entenda o exercício e o corpo, não apenas o seu como também o de seu próximo. Isso fará com que cada jovem entenda-se melhor e compreenda as limitações e diferenças de seu colega, o que é fundamental na construção do respeito e, entre outros saudáveis resultados, a redução de casos de bullying escolar.